A Copa do Mundo e a força de cada continente
Talvez não haja um segmento da sociedade onde conclusões costumam nascer (e morrer) tão rapidamente quanto no futebol. Basta um campeonato, às vezes uma fase, em certos casos poucos jogos, para que se chegue a ideias definitivas sobre forças ou fragilidades de equipes, jogadores e técnicos.
No futebol brasileiro, especialmente, estamos acostumados a isso: times e profissionais “fracassam” antes mesmo de chegar à metade de um torneio, enquanto os sucessos, também meteóricos, costumam ter prazo de validade igualmente acelerado.
É normal, portanto, que esse tipo de conclusão seja agora transposto à Copa do Mundo, que hoje atrai todas as atenções de quem acompanha (e até de quem não acompanha) futebol diariamente.
A conclusão da vez pelo que tem ocorrido no Mundial é a seguinte: as seleções europeias, há poucos meses apontadas como as principais forças do planeta por causa das últimas quatro Copas do Mundo vencidas, estão enfraquecidas; não havia por que apontá-las como tão temidas, ao lado de Brasil e Argentina.
É verdade que o surgimento da Nations League, um campeonato de seleções que praticamente impede o enfrentamento dos europeus contra selecionados de outros continentes durante um ciclo de Copa, aguçou a curiosidade de todos nós: será que isso prejudicará os sul-americanos, que agora enfrentam equipes mais fracas em sua preparação? Ou será que isso vai desgastar mais os europeus, quase sempre submetidos a jogos oficiais e valendo título, sem tempo para amistosos? A falta de intercâmbio ajuda quem? Prejudica quem?
É um fato, e não uma impressão: temos nas oitavas de final desta Copa do Mundo representantes de todos os continentes do planeta, algo inédito (e muito legal). Alemanha e Itália, os dois maiores gigantes europeus, estão fora delas, e potências de segundo nível como Bélgica e Dinamarca caíram mais cedo do que se imaginava. Holanda e Polônia avançaram, mas com futebol medíocre.
São todos fatos, incontestáveis. Mas parece contestável a tese de que “o futebol europeu de seleções ficou mais fraco”, de que não havia por que temer essas equipes.
Num Mundial de tantas zebras, com classificações determinadas em seis jogos por grupo, jogos que frequentemente nem refletiram o que houve em campo, qualquer conclusão nesse sentido é precipitada. Pode até ser que isso um dia venha a se confirmar, mas, hoje, não dá pra dizer que é assim.
Se tivermos, por exemplo, as próximas semifinais de Champions League sem equipes inglesas, será que ousaremos discutir a superioridade dos times da Inglaterra de forma geral, considerando não só a qualidade como a quantidade dessas equipes, e não olhando só para um ou dois times especificos (“o Real Madrid é o melhor”)?
Provavelmente, não. No futebol de seleções, deveria valer o mesmo.
Se Espanha ou França ficarem com o título da Copa do Mundo, voltaremos a salientar o fato de que “a Europa ganhou cinco Copas seguidas” e passaremos a clamar por alguma solução para o futebol sul-americano? Também não faria sentido.
Uma fase de grupos de Copa do Mundo, ainda incompleta, diz pouco sobre as potências de cada continente, as tendências ou os motivos de evoluções e retrocessos. Para chegar a conclusões do gênero, precisamos de recortes maiores, com muito mais jogos e campeonatos, em períodos de vários anos.
Assim como (ainda) ocorre nesta Copa, a Europa provavelmente continuará tendo um número maior de sérios candidatos ao título. Mas, por sorte, dificilmente deixará de ter ao seu lado pelo menos duas seleções sul-americanas, entre elas a principal favorita para este ano – a seleção brasileira.
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