Rival sueco do 1º título de Guga em Roland Garros: 'Ele estava pronto para jogar em grandes palcos'

Antônio Strini, do ESPN.com.br
Getty
Guga e o troféu do seu primeiro título em Roland Garros
Guga e o troféu do seu primeiro título em Roland Garros: há exatos 20 anos

1997 foi uma temporada especial para Jonas Bjorkman.

O tenista sueco, então com 25 anos, conseguia seus resultados mais expressivos em simples e chegou a ocupar a quarta colocação no ranking mundial em novembro, a melhor de sua carreira, após cinco finais, três títulos e uma semifinal no US Open.

Mesmo não sendo fã do saibro, Bjorkman tinha boas expectativas para Roland Garros 1997. Depois de vencer na estreia o norte-americano Richey Reneberg, ele enfrentaria um jovem brasileiro ainda desconhecido de todos: Gustavo Kuerten.

Em entrevista ao ESPN.com.br, o sueco reconheceu que se considerava favorito diante daquele adversário que dias depois se consagraria para sempre.

Getty
Jonas Bjorkman durante o US Open 1997: melhor ano de sua carreira em simples
Jonas Bjorkman durante o US Open 1997

Guga produziu naquela segunda rodada a primeira das zebras que contabilizou em Paris, derrotando o favorito Bjorkman por 3 sets a 1, parciais de 6-2, 6-2, 4-6 e 7-5.

"Quando eu o vi pela primeira vez, não o conhecia muito, mas nos dois primeiros sets ele mostrou sua qualidade, o potencial era gigante. Teve uma grande carreira, ganhando mais Grand Slams e grandes torneios, e jogando bem em todas as superfícies, um jogador muito completo", disse o hoje consagrado ex-duplista - campeão dos quatro Grand Slams - e atual técnico do croata Marin Cilic.

Responsável por entregar o troféu de Roland Garros em 2015, Guga fala em 'momento de emoção'

Leia abaixo a entrevista com Jonas Bjorkman por ocasião dos 20 anos da primeira conquista de Gustavo Kuerten em Roland Garros

ESPN.com.br - Aquele jogo em 1997 foi o primeiro entre Guga e você. Quais as suas memórias?
Jonas Bjorkman - Obviamente eu pensava que tinha grande chance de avançar daquela partida. Provavelmente eu era o favorito, mesmo sendo no saibro, que era minha superfície mais fraca. Mas ele veio muito forte no começo, me complicou, mas eu consegui ainda ganhar o terceiro set e me lembro de ter tido muitas chances no quarto, mas não converti. Ele teve muitos match-points, perdeu todos, e eu achei que conseguiria ganhar aquele set para tentar uma virada no quinto, onde eu normalmente era forte. Mas ele jogou alguns pontos ótimos e acabou ganhando. Decepção gigante, eu fiquei bem triste comigo mesmo por ter perdido aquele jogo. Essa foi minha sensação.

Getty
Gustavo Kuerten recebe de Bjorn Borg o troféu pelo título de Roland Garros 1997
Gustavo Kuerten recebe de Bjorn Borg o troféu pelo título de Roland Garros 1997

Qual foi a sua reação ao ver aquele garoto alto e magro com cabelos encaracolados pela primeira vez?
Não focava muito em como meu adversário parecia, pra ser sincero (risos). Eu não sabia muito sobre ele ao chegar àquela partida, mas então, quando começou, vi suas grandes armas do fundo de quadra, ele batia na bola forte, sacava bem. Fiquei focado em minha reação para tentar voltar ao jogo.

Você pensava que Guga poderia ser o campeão em Roland Garros 1997?
Absolutamente não, para ser sincero. E acho que muitos também não. Eu fiquei bem triste com aquela derrota, mas ele mostrou que podia ir ainda melhor do que contra mim e continuou vencendo. Bater (Sergui) Bruguera na final o colocou no mapa. Ele mostrou que estava pronto para jogar em grandes palcos, tinha o caráter de gostar de jogar em grandes jogos. Ele era uma novidade, mas foi impressionante como não ficou nervoso durante o torneio. Foi uma grande conquista.

Guga brinca com Meligeni e afirma não pensar em ser treinador

Como era o comportamento de Gustavo Kuerten depois da primeira conquista?
Ele era um ótimo cara, estar ao lado dele era muito bom, eu já o reencontrei em Paris, não neste ano, mas em outras edições, está sempre por aí. Nós brigamos duro quando nos encontrávamos em quadra, tivemos uma grande batalha na Suíça pela Copa Davis. Grande respeito e ótima amizade fora da quadra. Guga é um cara que trouxe muita energia positiva, um homem feliz no vestiário, sempre com um grande sorriso, não apenas quando jogava. Tinha um ótimo caráter que o fez muito popular, por causa de seu carisma e tudo, e acima de tudo jogou um tênis soberbo.

Getty
Marin Cilic e Jonas Bjorkman, treinador do croata desde 2016, em Paris
Marin Cilic e Jonas Bjorkman, treinador do croata desde 2016, em Paris

Quando eu o vi pela primeira vez, não o conhecia muito, mas nos dois primeiros sets ele mostrou sua qualidade, o potencial era gigante. Teve uma grande carreira, ganhando mais Grand Slams e grandes torneios, e jogando bem em todas as superfícies, um jogador muito completo. É excelente, já faz 20 anos, o tempo voa, mas eu espero poder encontrá-lo logo em Paris ou em algum outro lugar pelo circuito.

Comentários

Rival sueco do 1º título de Guga em Roland Garros: 'Ele estava pronto para jogar em grandes palcos'

COMENTÁRIOS

Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.