Ideia de ver filho jogando grande torneio de tênis nos cega
Na última terça-feira, tive o prazer de receber no "Pelas Quadras" o ex-tenista e hoje executivo da ITF Cesar Kist. Sempre tive muito carinho e respeito por ele. Cara batalhador e focado. Encontrou na entidade a oportunidade de desenvolver o esporte e faz isso com muita competência.
Ao chegar na ESPN, conversamos sobre a transição e ele me mostrou muitos números, dados e estudos que a entidade está fazendo. Admito que fiquei muito impressionado.
Quando entramos no mundo do tênis, vemos muito mais glamour que outra coisa. A ideia de jogar ou ver nossos filhos jogando os grandes torneios às vezes nos cega e perdemos um pouco da realidade dos fatos.
Fiquei com alguns números na cabeça. Os tenistas demoram em média cinco anos depois que saíram do juvenil para entrar entre os 100 do mundo.
Em média um tenista ou pai dele gasta US$ 38 mil (R$ 126 mil) por ano em viagens, comida, encordoamento... E neste número não está incluso o gasto com treinador ou preparador físico!
7% dos meninos e 19% das meninas que foram top 100 na ranking juvenil conseguem ser top 100 no profissional. Apenas 1% dos meninos que não foram top 100 do juvenil conseguem ser top 100 do profissional.
Para começar a se pagar no circuito o tenista tem que ser cerca de 330 do mundo no masculino e 250 no feminino. Antes disso gasta. Nesse ranking empata.
Outro número alarmante é a quantidade de tenistas tentando o profissionalismo. Cerca de 9 mil no masculino e 5 mil no feminino jogam os torneios Futures, Challengers, etc, etc. mas muitos desses nunca tiveram pontos de ATP ou WTA.
Preocupados com isso esto querendo mudar muitas coisas. Uma delas é diminuir a quantidade de jogadores jogando acima do seu nível e com isso gastando o que tem é o que não tem. O sonho da ITF é ter 750 jogadores bem remunerados em cada circuito e para isso vem uma ação de tênis transição muito forte. O circuito de transição.
Convido a entrarem no site da ITF e conhecerem essas ideias e estudos. Eu com certeza sou a favor de algumas mudanças, posso não ter certeza de outras, mas claramente para os países da América do Sul uma mudança é fundamental. Poucos e cada vez menos tem o dinheiro para pagar o dia a dia do circuito e a dificuldade de entrar na zona mais alta de premiação é maior.
Países como Brasil e Argentina sofrem e precisam repensar a maneira de fazer jogadores. Se deixarem apenas nas mãos dos pais teremos cada vez menos jogadores no circuito. Aos meninos e meninas uma certeza. O tênis virou coisa séria. Tênis é uma profissão dura e para poucos. Maravilhosa, mas difícil demais.
Estou na torcida para que as mudanças ajudem. Obrigado, César, pela aula que você nos deu ontem.
Viva o tênis!
Fonte: Fernando Meligeni
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