Profissão treinador
Em uma longa conversa com minha sobrinha hoje caíram mais algumas fichas sobre a profissão treinador.
Ela que há um mês se mudou para a Argentina, onde treina na academia do Hernan Gumy e Ale Lombardo. Com eles está a ex-jogadora Maria José Gaidano. Muita coisa mudou. Por respeito e confiança no trabalho deles, tenho falado bem menos com ela. Mas hoje, em um longo papo muitas, coisas me vieram à cabeça.
O tempo de treino, que para muitos pode parecer pouco para um bom trabalho, uma semana ou um mês é tempo suficiente para mudar muita coisa. Mudar conceitos, arrumar vícios, entender diferentes táticas, ganhar confiança no seu jogo.
Na conversa li e escutei muitas vezes. Tenho e tive coragem de mudar coisas. Sinto confiança porque vejo que tem alguém muito ativo ao meu lado. Me mostraram muitas e muitas vezes como, quando e porque.
As palavras dela me levaram a 1985 quando fui treinar na mesma Argentina e de lá voltei como número 1 do mundo juvenil. De lá voltei obcecado pelo trabalho. De lá voltei um jogador de tênis.
Mudar coisas
Ter a humildade de perceber que precisamos mudar é o primeiro passo para o tenista evoluir. Confiar no que seu técnico fala e quer é a segunda. Saber que será difícil mas se treinar duro consegue é a terceira.
Ter o técnico ativo ao seu lado
Falo disso há tempos e já entrei em dividida com muitos técnicos no Brasil por acreditar que a maneira grupal que se treina aqui é um dos cânceres do nosso esporte. Tenista se faz em repetição e proximidade. Tenista é bicho cabeça dura e precisa de puxão de orelha sempre. Para isso, o técnico precisa ver, estar perto, estar presente. Presente não quer dizer no clube, sabendo que o outro técnico fez. Presente é estar na quadra, na mudança, na suadeira. Isso não é um dia, uma semana. Isso é sempre. Só assim se muda, se evolui.
Mostrar, desenhar
Temos tenistas que entendem escutando, outros vendo, outros fazendo. Mas esses três precisam ver o desenho, ver na pratica. Não importa se com a prancheta do professor Joel Santana ou um simples desenho no chão. Não importa se uma vez ou muitas. A evolução é o objetivo dos dois (técnico e jogador). Sem esse diálogo não se obtém resultado.
Por último (poderia escrever 10 tópicos) confiança do jogador no treinador
Como um jogador vai ter confiança sem o puxão de orelha? Sem a atitude de FAZ O QUE EU TE DIGO. Confia no que estou te pedindo. Se essa confiança não existe, o resultado infelizmente não vem. É melhor deixar o jogador voar para outro lugar.
Ser treinador no Brasil é muito difícil. Somos um povo paternalista, que achamos que entendemos de tudo, que queremos opinar de tática, técnica e estratégia sem ter segurado uma raquete. Mas também temos o defeito de não buscar a excelência no que fazemos. Temos a mania de achar que tenista pode ser solto e livre.
Estou feliz demais e aprendendo muito com as coisas que escuto, converso, debato e vejo nos treinos. Estou seguro que o resultado de um jogador ou jogadora pode vir ou não com muito trabalho, mas não vem com um quase trabalho, um meio empenho, um talvez eu faça.
A união do treinador e jogador tem que ser como a de uma dupla de dança. Se um cair, caem os dois. Se um errar, o outro perde junto. Se um não se esforçar, os dois ficam no quase e não vencem.
Fonte: Fernando Meligeni, blogueiro do ESPN.com.br
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