Federação retém taxas da CBF, e árbitros do Rio levam calote também em competições nacionais
Na última sexta-feira, o blog noticiou que os árbitros de cinco campeonatos organizados pela Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj) estavam sem receber pagamento por suas atuações. Mas o problema vai além. A federação também está em dívida com a arbitragem do estado em campeonatos organizados pela CBF desde abril. Falta pagamento para quem trabalha nas séries C e D e em competições nacionais femininas.
Só que nestes casos, a CBF vem recolhendo e repassando as taxas à Ferj, que somente efetua o devido pagamento aos profissionais que não são do Rio. Funciona assim: se o quadro de arbitragem tem árbitros, assistentes, delegados ou outros oficiais de vários estados, apenas os que são cariocas ou fluminenses ficam sem pagamento. Todos os demais, saem com os soldos em dia.
Nos borderôs, disponíveis no site da CBF, é possível verificar o quanto é destinado ao pagamento dos honorários do quadro de árbitros e assistentes no Rio. Os valores da rubrica "taxa de arbitragem" variam entre cerca de R$ 4 mil até R$ 8 mil por partida.
Enquanto essa nota era apurada, a Ferj informou que fez um levantamento em todos os pagamentos e afirmou que o problema já está sendo resolvido. O débito seria fruto do não repasse por parte da CBF do valor total das taxas. Nesta segunda-feira, a federação disse que ordenou o pagamento aos árbitros que faltavam (competições nacionais). Até o fim do dia, no entanto, profissionais procurados pelo blog ainda não haviam acusado o recebimento em suas contas.
"Foi verificado, em alguns casos, um descompasso entre o valor destinado e o a ser pago de taxa de arbitragem dessas competições. A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro está apurando os valores residuais para solucionar a questão. A FERJ reitera que, assim como todos os compromissos firmados, este também será honrado", informou a federação.
A CBF também foi procurada para se manifestar quanto ao problema e informou que está fazendo a checagem de todos os repasses.
Temerosos, árbitros não levam o problema para as súmulas
De acordo com o regulamento de conduta dos profissionais da arbitragem, qualquer problema quanto ao pagamento de suas atuações nas partidas, deve ser informado na súmula. Entretanto, assistentes e árbitros ficam receosos em registrar este tipo de questão nos documentos enviados à CBF por entenderem que serão prejudicados nas próximas escalas.
No Rio, a situação é ainda pior, uma vez que a mesma pessoa que comanda a arbitragem, é também presidente do sindicato da categoria, Jorge Rabello.
Apropriação e descumprimento do Estatuto do Torcedor
As irregularidades no pagamento dos profissionais da arbitragem podem trazer sérios prejuízos não somente para quem fica sem receber, mas para a continuidade do campeonato. Além de a entidade que recebe e não repassa as taxas poder sofrer ações criminais por apropriação indébita dos valores, há ainda risco para a competição com possíveis suspensões por descumprimento do Estatuto do Torcedor.
Há também o risco de falta de árbitros para as partidas. A reportagem apurou que há profissionais com dificuldades de se locomoverem para os jogos.
Veja o que determina o Estatuto do Torcedor quanto à remuneração dos profissionais da arbitragem:
Art. 30. É direito do torcedor que a arbitragem das competições desportivas seja independente, imparcial, previamente remunerada e isenta de pressões. Parágrafo único. A remuneração do árbitro e de seus auxiliares será de responsabilidade da entidade de administração do desporto ou da liga organizadora do evento esportivo.
Quanto recebe um árbitro nestas competições:
- Feminino: base e 2ª divisão - árbitros Fifa e Master - R$ 400,00 / outras categorias - R$ 360,00 / outros oficiais - R$ 125,00 / assistentes: 60% da sua categoria
- Série C: vai de R$ 200,00 (analista de desempenho por vídeo) até R$ 2.440,00 (primeira fase) ou R$ 2.750,00 (a partir das oitavas)
- Série D: vai de 250,00 (analista de desempenho) até 2.020,00 (classificatórias) ou 2.790,00 (a partir das oitavas)
Fonte: Gabriela Moreira, repórter do ESPN.com.br
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