Dinamarca na Copa e a força média dos europeus
A seleção dinamarquesa não é uma das favoritas ao título da Copa do Mundo. A equipe do técnico Kasper Hjulmand, formada por jogadores como Kasper Schmeichel, Simon Kjaer, Pierre-Emile Hojbjerg e Yussuf Poulsen, não é uma das melhores atualmente no futebol de seleções. No entanto, é um time que demonstra de maneira clara a força média dos europeus.
Atualmente há um bloco grande de seleções com condições de vencer o próximo Mundial. Não há um time que esteja "sobrando". No papel, os franceses possuem a melhor equipe e poderiam ficar com o status de número um, mas a última Euro foi um baque enorme - minimizado com o título recente na Nations League. Os italianos, campeões da Euro, voltaram à condição de protagonistas. Espanhóis e alemães evoluem, belgas e ingleses possuem talento de sobra, portugueses e argentinos têm Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, além de ótimos elencos, enquanto o Brasil segue competitivo, apesar de tantas críticas.
Ao vencer a Áustria por 1 a 0 na terça-feira, com um gol do ótimo Joakim Maehle, a Dinamarca assegurou classificação para a Copa de 2022, juntando-se ao Catar e à Alemanha como os três países já garantidos na competição. A campanha no Grupo F é irrepreensível, com oito vitórias em oito jogos, 27 gols marcados e nenhum sofrido. Fez tudo isso contra Escócia, Israel, Ilhas Faroe e Moldávia, além dos austríacos já citados. Não esqueçamos que essa mesma seleção dinamarquesa caiu apenas nas semifinais da última Eurocopa para a Inglaterra, superando um grupo com Bélgica, Finlândia e Rússia e deixando pelo caminho no mata-mata País de Gales e República Tcheca. Tudo isso depois de superar a quase tragédia com Christian Eriksen na derrota para os finlandeses.
Nas últimas cinco partidas pelas eliminatórias, todas disputadas após a Euro, a equipe variou bastante taticamente. O 4-3-3 foi o esquema tático mais utlizadao, em 30% do tempo total de jogo; a variação ocorreu para esquemas com linha de cinco defensores: 5-4-1 em 23%, 3-4-1-2 em 20% e 3-4-3 em 10% (dados do Wyscout). A média de posse de bola ficou em 61,9%, marca característica dessa equipe; em passes por ação defensiva, ou seja, o número de passes que o adversário troca antes da sua recuperação de posse, ficou em 9,2. Sobre recuperar a posse através de pressão, a Dinamarca nesses cinco jogos conseguiu índice de 19,6% no último terço do campo e 48,4% no segundo - Poulsen, o atacante central da equipe, teve o maior número de recuperações no último terço com 13. Índices que ajudam a entender o conceito de controle de jogo a partir da posse de bola, estabelecido pelo técnico Kasper Hjulmand.
Aos 49 anos e com sucesso no futebol dinamarquês, Hjulmand comandou o Nordsjaellan em duas oportunidades, entre 2011 e 2014 e 2016-19, com uma passagem pelo Mainz (ALE) entre elas, onde substituiu Thomas Tuchel. O primeiro e único título dinamrquês na história do clube, fundado em 2003, foi com ele no comando na temporada 2011-12. No ano passado, deixou o Nordsjaelland em acordo com a diretoria e em julho assumiu a seleção, após longas trajetórias de seus antecessores. O norueguês Age Hereide ficou no cargo entre dezembro de 2015 e junho de 2020, enquanto Morten Olsen foi treinador da Dinamarca nos 15 anos anteriores. O anúncio de Hjulmand aconteceu um ano antes de ele efetivamente assumir o time no lugar de Hereide após a disputa da Euro, tudo feito com enorme planejamento e transparência. Porém, com o adiamento da competição para 2021, a federação dinamarquesa optou por manter a troca para a data programada.
Contra a Áustria entraram em campo no 3-4-3 Kasper Schmeichel, Andreas Christensen, Simon Kjaer e Jannik Vestergaard; Daniel Wass, Pierre-Emile Hojbjerg, Thomas Delaney e Joakim Maehle; Andreas Olsen, Yussuf Poulsen e Mikkel Damsgaard. Saíram do banco nos 90 minutos Kasper Dolberg, Jens Stryger Larsen, Mathias Jensen e Christian Noregaard. O gol marcado por Maehle, lateral da Atalanta, saiu aos oito minutos do segundo tempo, após linda jogada de Delaney, do Borussia Dortmund. A partida foi totalmente dominada pelos dinamarqueses, que se impuseram desde o início contra David Alaba, Marcel Sabitzer e companhia austríaca.
A seleção dinamarquesa é um dos melhores exemplos da força média do futebol europeu. Na prática, times considerados do segundo escalão, que não entram na lista de favoritos ao título, mas possuem qualidade e organização tática para enfrentarem qualquer adversário, mesmo sem grandes estrelas do futebol mundial. Dos 23 dinamarqueses convocados para a última Data Fifa, por exemplo, 18 atuam nos cinco principais campeonatos nacionais da Europa (Premier League, LaLiga, Bundesliga, Serie A e Ligue 1). Especificamente o caso dinamarquês precisa ser ainda mais valorizado, porque a equipe perdeu seu principal jogador e grande referência, Christian Eriksen, que ainda se recupera do procedimento cirúrgico em seu coração.
A Croácia, atual vice-campeã mundial, é outro bom exemplo dessa força média que torna o futebol europeu de seleções mais forte e mais competitivo do que em outras regiões do globo. Claro que equipes como Liechtenstein, San Marino e Armênia, recentemente usada por Tite em uma coletiva de imprensa, jogam o nível para baixo, mas para essas seleções há outras como Suécia, Rússia, Sérvia, Noruega, Suíça... E a Dinamarca talvez seja o mais forte exemplo de todos.
Dinamarca na Copa e a força média dos europeus
COMENTÁRIOS
Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.