De volta ao Brasil, Kerlon 'Foquinha' revela: Balotelli fazia xixi na chuteira de Materazzi

Francisco De Laurentiis e Vladimir Bianchini, do ESPN.com.br
Relembre o lance que tornou Kerlon famoso 

Kerlon Moura Souza sempre foi destemido. Afinal, só mesmo sendo corajoso para, com seu 1,66m de altura, encarar a fúria dos zagueiros adversários ao serem feitos de bobo pelo "drible da foquinha", jogada que o atacante notabilizou durante os anos em que atuou pelo Cruzeiro, entre 2005 e 2008, sendo campeão mineiro, e pelas seleções brasileiras de base, conquistando o Sul-Americano sub-17 de 2005 e virando hit mundial com os vídeos de sua jogada maluca, criada por ele mesmo.

Após muitas andanças pelo futebol internacional, o jogador está de volta ao Brasil, e acertou com o Villa Nova para disputar o próximo Campeonato Mineiro. De suas experiências no exterior, guardou muitas aventuras e amizades com atletas que hoje são estrelas do futebol mundial.

Nos anos em que atuou na Inter de Milão, por exemplo, morreu de rir com as traquinagens de Mario Balotelli, que aprontava poucas e boas no vestiário.

"O Balotelli é um cara muito bacana e uma pessoa extraordinária, mas faz umas coisas inacreditáveis fora de campo (risos). Ele tinha o hábito de chegar antes de todo mundo aos treinos e mijava em todas as chuteiras dos jogadores (risos). Por causa disso, ele e o Materazzi sempre saíam de pau, era muito engraçado (risos)", conta Kerlon, em entrevista ao ESPN.com.br.

"Nunca vi o um moleque de 18 anos fazer aquilo, não tinha dó de nenhuma até dos ‘cobras' tipo Julio Cesar, Maicon. E ninguém estava nem aí, porque ele era muito moleque, até passavam um pouco a mão na cabeça dele tipo: ‘Ah, o Balotelli é assim mesmo (risos)'. Era bem engraçado ver as brigas dele com o Materazzi, tudo na brincadeira, é logico. Era um enchendo o saco do outro, acho que ele tinha o Balotelli como um irmão mais novo", lembra.

Kerlon jogou na Internazionale entre 2009 e 2011. No clube italiano, admite ter sido a única vez em que ficou intimidado a praticar seu famoso drible com a cabeça, já que os zagueiros da equipe, como Materazzi, Lúcio, Ivan Córdoba e Walter Samuel, eram muito fortes.

"Eu fiz uma pré-temporada com o José Mourinho na Inter, mas nunca dei meu drible, porque os caras eram todos muito altos e fortes, é complicado (risos). Se o Materazzi me desse uma pancada, eu ia voar longe", brinca.

Para ter mais chances de jogar, o Special One recomendou que o "Foquinha" aceitasse ser emprestado, e o atleta se aventurou também no Ajax, da Holanda, entre 2009 e 2010, quando fez outros amigos famosos.

LLUIS GENE/AFP/GETTY IMAGES
Balotelli Materezzi Treino Inter de Milão Internazionale 23/11/2009
Balotelli costumava aprontar com Materazzi

"O Mourinho queria me ver jogando, e recomendou que eu fosse para o Ajax para ter uma volta valorizada, porque o time da Inter era muito fechado, já estava todo arrumadinho. Ele foi extremamente profissional comigo, tratou da forma como um treinador deve tratar um jogador", elogia.

"No Ajax, joguei com caras como o Blind, que hoje está no Manchester United, o Van der Wiel, do PSG, e Luis Suárez, que já era brigador e meio maluco dentro de campo desde aqueles tempos (risos). Fora, porém, ele era um cara bem tranquilo e mais reservado, um cara muito família, estava sempre com a esposa e os filhos nos jogos e treinos", relata.

Enquanto foi jogador da Inter, Kerlon ainda foi emprestado para Paraná e Nacional-MG, mas, atrapalhado por lesões, pouco conseguiu jogar.

Carlos Roberto/Hoje em Dia/Gazeta Press
Kerlon Foquinha Lançamento Brinquedo Cruzeiro 11/10/2007
Kerlon durante lançamento da Foquinha de brinquedo do Cruzeiro, em 2007

Refrigerante no Japão e mão inglesa em Malta

Entre 2012 e 2014, o "Foquinha" jogou pelo Zuadoujieda MYFC, da 3ª divisão japonesa. Lá, de cara teve um choque com a rígida cultura do país oriental, principalmente em relação aos horários.

Reprodução
Kerlon Refrigerante Japão Foquinha
Atacante virou 'marca' de refrigerante no Japão

"Eles iam me buscar 7h45 em casa todos os dias, mas eu, como bom brasileiro, perdi o horário e atrasei uma meia hora umas três vezes. O cara ficava muito bravo, não queria mais conversar comigo e depois disso não queria mais me buscar, me deu a maior bronca e disse que para eles horário é uma coisa sagrada (risos). No quarto dia ele não foi me buscar, eu perdi o treino e tomei multa, mas depois disso, aprendi a lição e fui me adaptando par não atrasar mais", recorda.

Isso não impediu, porém, que o brasileiro se tornasse ídolo e sensação local. Sua imagem até decorava um refrigerante personalizado que era vendido no estádio da equipe durante os jogos.

"Tinha o desenho de uma foquinha, eles adoravam. Também estava escrito ‘boa sorte, Kerlon' em japonês. Era bacana, vendia muito nos estádios e era lucro para o time. Eu até tomei umas vezes, era tipo uma H2O, uma água com gás bem gostosa", conta.

Depois do Japão, Kerlon atuou pelo Miami Dade, dos Estados Unidos, e pelo Sliema Wanderers, de Malta. Na paradisíaca ilha europeia, que fica ao sul da Itália, também aprontou das suas.

Divulgação
Kerlon Foquinha Apresentação Ajax Holanda
Kerlon durante apresentação no Ajax

"É uma ilha linda e turística, muito quente na maior parte do ano. Eu estranhava demais o trânsito, porque lá é mão inglesa, ou seja, eles dirigem ao contrário da gente. Como eu perdi o referencial, virei um puta ‘braço duro' no volante, quase bati o carro várias vezes e entrava sempre na contramão, era impressionante (risos). Subia no meio fio direto, demorou um tempão para eu me acostumar (risos)", gargalha.

Tanto nos EUA quando em Malta, o "Foquinha" conseguiu atuar praticamente sem as lesões que o perseguiram durante boa parte da carreira. Agora, que recomeçar e explodir no Villa Nova durante o Mineiro, voltando a ser a sensação dos tempos de Cruzeiro e das seleções de base.

"Faz dois anos que tenho uma boa sequencia sem lesões, fiz uma cirurgia corretiva que me ajudou muito. Estou muito feliz por estar jogando depois de tantos problemas e com uma cabeça tão boa. É Deus quem dá força e abre os caminhos, quero voltar muito bem. Eu tenho minha família aqui do lado e é muito bom, tenho projeto de fazer um bom Mineiro, com uma sequência legal no Brasil que ainda não tive. Espero ajudar o Villa a conseguir seus objetivos no ano", finaliza.

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