Fã de MMA, goleiro do Atlético-MG é mestre de jiu-jitsu e cartola de clube

Vladimir Bianchini, do ESPN.com.br
Gazeta Press
Giovanni é goleiro reserva do Atlético-MG
Giovanni é goleiro reserva do Atlético-MG 

O goleiro Giovanni, do Atlético-MG, divide sua paixão pelo futebol com outro esporte em que os brasileiros fazem muito sucesso pelo mundo: as lutas. Desde que atuava pelas categorias de base do Marília, no interior de São Paulo, ele divide seu tempo entre os gramados e os tatames. Tudo começou quase por acaso.

"Tinha uma academia de lutas ao lado do lugar onde o Marília treinava. Estava com um parceiro meu de clube e o mestre Garcia nos chamou para entrar e topei. Fomos fazer uma aula experimental de muay thai, daí ele mandou eu dar o meu melhor soco e o chute mais forte. Eu enchi o pé e não deu nada. Então, ele foi demonstrar em mim. Deu um chute de canela, fraquinho, mas nunca um chute doeu tanto (risos). A técnica é um negócio impressionante. Depois dessa aula eu não parei mais, fui fazer aikido e jiu-jitsu também", disse o arqueiro, em etrevista ao ESPN.com.br.

No começo, ele treinava escondido do clube porque tinha medo de levar bronca. Tudo mudou quando Giovanni precisou mostrar todas suas habilidades dois anos depois em um clássico entre Noroeste e Marília pelo Sub-20, em Bauru.

"Lá é muita rivalidade e o tempo fechou, teve uma briga generalizada. Então eu fui para o meio da confusão e ajudei o pessoal a não apanhar. Bati em uns caras que invadiram o campo para pegar meus companheiros. Meu treinador ficou espantado (risos). Depois disso, ele ficou sabendo, mas nunca me repreendeu, ao contrário", argumentou o camisa 87 do Atlético-MG.

Além de treinar artes marciais, o goleiro também gosta de UFC e Pride, duas organizações de MMA onde os brasileiros conseguiram bastante sucesso.

"Eu tenho um grau de faixa marrom no jiu-jitsu. Sou muito fã de MMA desde o Pride, assisto todas as lutas. Meu lutador preferido é o Minotauro por tudo o que ele fez no Japão, era impressionante. Mas gosto também do Belfort e de outros caras também. Vejo o UFC sempre que posso pela televisão", lamentou.

Giovanni nunca participou de competições oficiais de lutas para não atrapalhar sua carreira como goleiro. Porém, ele tem planos de melhorar como lutador. "No futuro quero treinar mais aikido também. Até hoje eu treino algumas técnicas de luta, mas evito qualquer tipo de confronto ou algo que possa me prejudicar ou me machucar porque antes de qualquer coisa sou goleiro", relatou.

Goleiro, lutador e cartola?

Além de goleiro e praticante de artes marciais, Giovanni ainda encontra tempo para ajudar a família em um outro empreendimento: um clube de futebol na cidade de Bauru, interior de São Paulo.

Arquivo Pessoal
Giovanni jogou na Talentos 10 na infância
Giovanni jogou na Talentos 10 na infância

"Meu pai trabalhava com escolinha há bastante tempo e como meu irmão parou cedo com o futebol nós tocamos a Talentos 10, que também tem um projeto social. Nós decidimos tudo juntos, eu os auxilio com tudo o que posso. O trabalho é muito sério e temos muitos jogadores", disse, orgulhoso.

"Nós viramos uma referência na região quando o assunto é revelação. Temos jogadores na base de Santos, São Paulo e Corinthians. Além disso, já cedemos todo nosso elenco para o sub-17 do Noroeste. Fizemos uma parceria com a FIB de Bauru, que nos fornece estrutura de estádio, departamento de fisioterapia e outras coisas. Fomos campeões paulista sub-17 de futsal", prosseguiu.

Em breve, o time pode conseguir vôos maiores dentro do cenário estadual. "A ideia é agora se conseguirmos um patrocinador é profissionalizarmos o clube para disputarmos a nova liga que começará esse ano com o XV de Jaú e outros times", projetou.

'Não aliviavam para mim no gol'

Ajudar os familiares no Talentos 10 é uma forma de retribuição de Giovanni por todo apoio que recebeu desde os primeiros passos no mundo da bola. "Eu tenho um irmão três anos mais velho chamado Giorge que era o melhor jogador do nosso bairro. Toda a vez em que ele ia jogar bola, sempre com os garotos mais velhos que ele, me levava junto. Como era o menorzinho, ele me colocava no gol e mandava os moleques não chutarem forte", alertou.

"Só que os caras não tinham dó nenhuma, soltavam a 'bomba', mas eu fui aprendendo com isso e peguei o gosto de ser goleiro (risos). Meu irmão infelizmente se machucou de forma séria no final da base no São Paulo e parou cedo como profissional. Foi uma pena porque jogava muita bola", lamentou.

Arquivo Pessoal
Giovanni era comandado por seu pai na Talentos 10
Giovanni era comandado por seu pai na Talentos 10

Se Giorge não deu certo na carreira, Giovanni seguiu outro caminho. Foi para uma escolinha em que pai era professor. Ele foi ao Marília onde ficou até o profissional, quando fez sua estreia em 2007, no Campeonato Paulista, com apenas 20 anos e chamou atenção até mesmo de clubes europeus. "Consegui ser titular muito cedo por lá. Nesse tempo eu tive até uma proposta do Benfica-POR, mas o treinador de lá foi mandado embora e não aconteceu", recordou.

O jogador ainda passou por Ponte Preta e Grêmio Prudente, em 2010, quando fez uma grande temporada. As boas atuações pelo time do interior paulista chamaram a atenção do seu atual clube. "Naquele ano eu enfrentei quatro vezes o Atlético-MG e me destaquei, daí em 2011 eles me contrataram", disse.

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Giovanni é goleiro do Atlético-MG e venceu a Copa Libertadores
Giovanni é goleiro do Atlético-MG 

Na equipe mineira, ele foi titular por um tempo antes da chegada de Victor, heroi da conquista Copa Libertadores da América. Em sua última partida antes da chegada do ex-gremista, em 2012, Giovanni passou por uma das situações mais marcantes da carreira.

"Ele tinha sido contratado naquela semana e algumas pessoas acreditavam que eu pudesse me acomodar e não levar a partida à sério, ou ser desleixado. Recebi algumas ameaças pelas redes sociais, até meu pai pediu para não jogar, mas mesmo assim eu fui. Eu fiz um jogo muito bom e vencemos o Grêmio em Porto Alegre. Depois disso, tenho certeza que todo mundo sabe que eu estou aqui para colaborar mesmo não jogando", relatou.

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