Ex-Inter quase apanhou de colega por cuspir no chão na Rússia

Francisco de Laurentiis e Vladimir Bianchini, do ESPN.com.br
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Ricardo Jesus (à esquerda) foi campeão russo pelo CSKA Moscou
Ricardo Jesus (à esquerda) foi campeão russo pelo CSKA Moscou

Os jogadores brasileiros estão espalhados pelo mundo e precisam lidar com culturas completamente diferentes. Gestos que no Brasil são simples ou inofensivas, em alguns países podem ser considerados ofensas gravísssimas ou até mesmo um crime. Um ex-atacante do Internacional descobriu isso da pior forma possível, quando atuou pelo Spartak Nalchik, da Rússia, e quase provocou uma confusão logo na primeira semana.



"Estava alongando ao lado de um companheiro de equipe. Eu estava com sede, molhei a boca com agua e cuspi no chão, perto dele. E jogador cospe muito para manter a boca sempre molhada com água. Quase deu briga, rapaz (risos). Eu não sabia que você não pode cuspir na direção das pessoas. É um desrespeito maior até do que xingar a mãe ou a ofender", disse Ricardo Jesus, em entrevista ao ESPN.com.br.

"Ele começou a falar grosso comigo e não estava entendo porque não falava russo, fui saber depois o que era (risos). Fica a lição, antes de chegar a qualquer país: tente descobrir o que é certo e errado (risos)", alertou o atleta de 30 anos. 

Mesmo com esse "batismo de fogo" no começo pela Europa, ele guarda ótimas recordações. Após se destacar no Spartak, foi contratado pelo poderoso CSKA Moscou, onde atuou ao lado de Dudu Cearense, Vágner Love e Jô, e venceu duas Copas da Rússia. "O frio era coisa de louco. Mesmo com a dificuldade do começo, gostei muito de morar por lá. É um país muito bonito", comentou. 

Buda pune quem rouba

Atualmente jogando no Thai Honda, que disputa a segunda divisão da Tailândia, Ricardo colocou seu quinto país no currículo. Como é um "desbravador" de culturas diferentes, se espantou com a falta de violência no local.

"Não imaginava na minha vida que conheceria aqui. É uma experiência muito diferente, estou há pouco mais de um mês. Se um cara assalta alguém na rua e o povo percebe, eles não o deixam escapar. Todo mundo cerca e agarra o cara até a polícia chegar", afirmou.

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Ricardo Jesus atuou ao lado de Ronaldinho no Querétaro
Ricardo atuou ao lado de Ronaldinho no Querétaro

"O tradutor me contou também que o país é budista, uns 80% da população. O Buda não aceita roubo ou matar. Então eles têm muito medo de roubar e serem amaldiçoados", relatou.

Na Tailândia, Ricardo Jesus não esquenta a cabeça com cozinhar, pois tem muitas barracas de comida pela rua e o preço é muito barato. Além, disso ele utiliza o transporte púbico sem qualquer problema.

"Ando de metrô aqui porque estou sem carro ainda. No começo eu achei que ia pegar tudo lotado que nem no Brasil, achei que poderia ser assaltado. Mas você quase não vê polícia na rua, fazendo ronda, porque é um país muito seguro", relatou.

Me dá um abraço?

Outro grande susto que Ricardo passou na carreira com um costume diferente foi quando atuou pelo Larissa, da Grécia, em 2010. É bastante comum a torcida grega invadir o gramado depois dos jogos. Em algumas ocasiões, como no clássico Olympiakos x Panhatinakos, ocorrem brigas até mesmo dentro de campo. 

"No primeiro jogo que atuei em casa, a gente ganhou por 2 a 0 e fiz um dos gols. Assim que acabou eles invadiram, mas, como não tinham camisa de nenhuma equipe, eu fiquei com medo, achei que iam me pegar. Estava assustado demais (risos). Eu tinha visto que uma vez um goleiro tinha apanhado por causa do fanatismo", afirmou.

"Na verdade não era nada aquilo. Eles são tão fanáticos que só queriam nos abraçar (risos). Pedem a sua camiseta, lembrança ou até aperto de mão. Eles amam futebol", prossegiu.

'Lisca Doido' o trasnformou em atacante

Ricardo Jesus é natural de Cosmópolis, interior de São Paulo e seu pais era dono de uma escolinha de futebol. Depois de fazer peneiras foi para Inter de Limeira. Um empresário o levou para fazer um mês de teste no Internacional e deu certo.

"Quando eu cheguei era meia, mas o Lisca , que era treinador da base na época, mudou minha posição. Tinham muitos meias, que estavam há muito tempo lá e ia ser complicado entrar no lugar deles. Ele viu que eu tinha altura, técnica e finalizava bem, que eu seria um bom centroavante", contou.

Gazeta Press
Ricardo Jesus foi revelado na base do Internacional
Ricardo foi revelado na base do Internacional

"Eu abracei a idea. Para você ter uma noção da estrutura do clube, eles contrataram o Ortiz, ex-jogador de futsal, que fez o mesmo trabalho depois com o Leandro Damião, para me treinar. Deu muito certo, todos os lugares que fui eu sempre atuei como atacante, sempre serei grato aos dois por terem me convencido", recordou.

Depois de sair de Porto Alegre, Jesus rodou por Rússia, Grécia e em clubes brasileiros como Ponte Preta, Portuguesa, Avaí e Atlético-GO. Em 2014, ele desembarcou no México para atuar pelo Querétaro, onde conheceu um astro do futebol.

"Foi muito bacana atuar ao lado do Ronaldinho no Querétero, nem acreditamos quando ele estava indo para lá. O clube é muito modesto, bem mediano lá e brigava para não cair, nem imaginava que teria bala na agulha pra contratar. A ficha só caiu quando ele ligou para o Danilinho, que tinha atuado com ele no Atlético-MG, para ter mais informações", recordou.

"Quando ele treinava até os adversários paravam o que estavam fazendo para olhar. Eles pareciam que não acreditavam no que estava acontecendo. Ele nunca saía com a camisa dele porque ou alguém trocava com ele ou algum torcedor invadia para pedir (risos). O México ficou encantado com ele", disse. 

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