Quem brilhou, quem mais gastou e quem foi mais ponderado: um balanço do mercado mais modesto dos últimos tempos
A janela de transferências nas cinco principais ligas da Europa está fechada, e agora é tempo de ver se as estratégias de cada clube irão surtir efeito ao longo dos próximos meses. Como esperado, a pandemia do coronavírus teve um impacto financeiro significativo nas movimentações dos clubes.
No mercado antes do meio de 2019, os clubes das cinco principais ligas europeias somaram para 5,54 bilhões de euros em reforços. O valor foi mais de 2 bilhões de euros inferior na janela que acaba de fechar: 3,29 bilhões de euros.
Isso, no entanto, não impediu que alguns clubes ingleses investissem de forma intensa, enquanto, por outro lado, a dupla de gigantes espanhóis foi cautelosa. Há ainda clubes, que gastando mais ou menos, fizeram um mercado bem interessante e de destaque.
Com isso, o blog fez uma análise de alguns pontos chamativos desta janela tão peculiar na história do futebol.
(Todos os valores utilizados neste texto são do site Transfermarkt)
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Os destaques do custo-benefício
Bayern de Munique: Perder Thiago Alcântara, definitivamente, não é bom, mas era algo um tanto inevitável tendo em vista o desejo do jogador. Além disso, o elenco já estava preparado para este cenário, com Joshua Kimmich e Leon Goretzka sendo titular como volantes.
Dito isso, o mercado dos bávaros foi pontual. Buona Sarr, Marc Roca, Alexander Nübel, Tanguy Nianzou, Eric Maxim Choupo-Moting e Douglas Costa chegaram para suprir carências no elenco ou para dar mais profundidade a este, tendo custado, juntos, 19 milhões de euros.
Além disso, o grande reforço é um alvo antigo. Leroy Sané, em último ano de contrato ao Manchester City chega por 45 milhões de euros (bem abaixo do que o montante falado um ano antes) para brigar por titularidade.
Vale destacar também o histórico de Douglas Costa no Bayern e e Choupo-Moting na Bundesliga como aspecto facilitadore na adaptação de ambos.
O Bayern se mexeu bem, tanto técnica, quanto financeiramente.
Manchester United: Alex Telles vale mais do que os 15 milhões de euros pagos nele (estava em último ano de contrato no Porto) e chega para ser titular – o bom investimento também fica evidente ao se analisar que o clube gastou exatamente a mesma quantia que levantou com a venda de Chris Smalling, que praticamente não teria espaço. Donny van de Beek oferece mais alternativas ao jogo do time e, aos 23 anos, parece uma ótima aposta para se colocar 39 milhões de euros.
Da mesma forma que Van de Beek, Edinson Cavani não chega para uma posição que o United precisava urgentemente de alguém, mas é o Cavani – e vem de graça e em ótimas condições para ambos os lados. O contrato é só de dois anos, e qualquer uma das partes pode rompê-lo após uma temporada. Contratação de baixo risco por um nome que tem muito a oferecer ainda no futebol de mais alto nível.
O United ainda desembolsou um total de menos de 30 milhões de euros por dois promissores atacantes de 18 anos: Facundo Pellistri (8,5 milhões) e Amad Diallo (21 milhões).
Paradoxalmente, o elogio vai justamente a um clube que não conseguiu o seu maior objetivo. O sonhado Jadon Sancho não chegou, assim como nenhum nome com as características dele, mas os Red Devils conseguiram um mercado que teve três negócios interessantes no custo-benefício e duas apostas em jovens, sendo que uma foi por um valor nem tão alto.
Reforço do Manchester United, Alex Telles brilhou na conquista do Campeonato Português 19/20
Liverpool: Diogo Jota não foi barato (44,7 milhões de euros), mas chega para uma função muito necessária no elenco de Jurgen Klopp. O trio de ataque precisava de um reserva qualificado, não só pela questão técnica, mas para ter alguém com condições de almejar a titularidade e seguir regando a sementinha da ambição em um time que ganhou tudo.
O lateral-esquerdo Konstantinos Tsimikas dá mais opções no elenco, e Thiago Alcântara talvez seja o melhor custo-benefício desta janela.
É necessário destacar que os Reds tiveram um débito de ‘apenas’ 38 milhões de euros no mercado, graças às vendas de Rhian Brewster (tenho minhas dúvidas se valia a pena negociá-lo em definitivo), Dejan Lovren (este sim, valia muito a pena a negociação) e Ovie Ejaria.
Arsenal: Willian de graça e renovação de Pierre-Emerick Aubameyang foram duas mostras enormes de força do clube, assim como para deixar o torcedor empolgado com seu ataque.
A defesa precisava de reforços, então o clube buscou Gabriel Magalhães (um dos zagueiros mais desejados da Europa) por 26 milhões de euros. Outra carência era a de um meio-campista com as características de Thomas Partey e, apesar do alto investimento, me parece uma estratégia muito interessante pagar 50 milhões de euros nele.
O jogo dos Gunners já vinha em evolução em 2020, e este cenário deve ser potencializado com o bom mercado.
Além disso, Emi Martínez vinha muito bem na ausência do titular Bernd Leno, e o clube se aproveitou disso para conseguir uma venda de 17,4 milhões de euros ao Aston Villa.
Everton: Primeiramente, a ressalva: o excelente início de temporada – o melhor do clube em 126 anos – gera inevitavelmente uma empolgação instantânea com tudo que está ocorrendo em Goodison Park, o que torna qualquer elogio algo bastante conveniente.
De qualquer forma, deixando de lado a pequena amostra do que se viu na prática, o mercado do clube teoricamente também foi bem chamativo, além de arrojado e de muito CUSTO-benefício - os Toffees tiveram um débito de mais de 70 milhões de euros entre chegadas e saídas, o que representa o sétimo maior gasto na janela.
O meio de campo foi melhorado – e muito – com Abdoulaye Doucouré e Allan, sem contar a possibilidade de recuperação de James Rodríguez sob novamente o comando de Carlo Ancelotti. O fim da janela ainda teve o alto investimento em mais uma opção para a zaga com Ben Godfrey, do Norwich City, além da chegada por empréstimo de Robin Olsen para ser uma opção interessante para a reserva de Jordan Pickford.
Na teoria, o mercado pareceu muito bom; no pouco da prática até aqui, parece ainda melhor.
Ingleses abrem a carteira
Avaliar o mercado de cada clube é uma missão com muitos elementos de subjetividade, ainda mais em um período em que o futebol e o mundo vivem um cenário com muitas limitações financeiras. Por isso, apontei os destaques acima considerando bastante a ideia de custo-benefício e oportunidades de mercado. Agora, deixando de lado um pouco o dinheiro e pensando mais nas chegadas em si, um trio inglês viu o elenco melhorar muito nas últimas semanas.
Chelsea: Os Blues compensaram em uma janela só a proibição de contratações na última temporada. Com 171,2 milhões de déficit entre chegadas e saídas, o clube foi só um dos dois a passar dos 100 milhões no quesito – o outro é o Leeds United (105,2 milhões de euros) e mudou metade do seu time titular com as chegadas de Edouard Mendy, Thiago Silva, Ben Chilwell, Kai Havertz, Hakim Ziyech e Timo Werner.
Leeds United: O segundo colocado nos gastos mostrou que voltou à Premier League após 16 anos para ficar. Tendo como única grande perda o fim do empréstimo do zagueiro Ben White, o clube investiu pesado para repor a perda com dois nomes interessantes (Robin Koch e Diego Llorente), manteve o goleiro Illan Meslier e o meia-atacante Hélder Costa em definitivo e ainda melhorou consideravelmente o setor ofensivo com as chegadas de Raphinha e Rodrigo Moreno.
Aston Villa: Depois de investir pesado e quase cair no ano de seu retorno à elite do futebol inglês, o clube voltou a fazer contratações de impacto e parece que terá um ano mais promissor. Sem lucrar nada com saídas de atletas, o clube gastou 82,35 milhões de euros em quatro nomes para serem titulares: o goleiro Emiliano Martínez, o lateral-direito Matty Cash e os atacantes Betrand Traoré e Ollie Watkins. O último custou 30,8 milhões de euros e chega para suprirar uma das maiores carências do elenco: a de um goleador. Artilheiro da última Championship pelo Brentford, ele já fez um hat-trick contra o Liverpool.
Além disso, Ross Barkley chega por empréstimo e é outro que vem para ter um papel importante no time que tem como estrela Jack Grealish, que renovou seu contrato e permaneceu no clube, apesar de especulações na janela.
Cautela dos gigantes espanhóis
Outro ponto de despertar atenção foi a postura de Real Madrid e Barcelona em meio ao impacto financeiro do momento atual – no caso dos madrilenhos, vale ressaltar, há também os custos da reforma no estádio Santiago Bernabéu.
O Real não contratou um jogador sequer e tem como reforços os retornos de empréstimo de atletas como Martin Odegaard, Álvaro Odriozola e Andriy Lunin. Por outro lado, foi o clube que mais ganhou dinheiro no mundo na janela, ao conseguir 98,5 milhões de euros com saídas de atletas, com destaque para os 40 milhões de Achraf Hakimi e 30 milhões de Sergio Reguilón.
Já o Barcelona, em meio a uma crise esportiva e institucional, até mexeu bastante no elenco, mas precisando mostrar resiliência e levantar dinheiro com as saídas de atletas, o que levou a ter um débito de apenas 2,5 milhões de euros.
Se saíram Arthur, Nélson Semedo, Arturo Vidal, Luis Suárez, Ivan Rakitic, entre outros, chegaram Miralem Pjanic, Trincão, Sergiño Dest, Matheus Fernandes e Pedri, além do retorno de Philippe Coutinho.
A mudança na lateral-direita merece um destaque particular, com o Barça fazendo uma movimentação promissora. O clube lucrou, a princípio, 9 milhões de euros para ter Dest, um lateral de grande potencial e sete anos mais novo do que Semedo, que acabou vendido ao Wolverhampton.
A grande aposta
Jude Bellingham (Borussia Dortmund), Fábio Silva (Wolverhampton), Wesley Fofana (Leicester City), Jérémy Doku (Rennes)... O mercado mostrou diversos altos investimentos em jovens, mas a grande aposta é a de Victor Osimhen, que custou 70 milhões de euros ao Napoli e foi o segundo negócio mais caro de toda janela – desconsiderando os 72 milhões de euros em Arthur, por ter sido uma troca por Miralem Pjanic.
O atacante de 21 anos chega depois de apenas uma temporada no Lille, que havia o contratado por 22,4 milhões de euros junto ao Charleroi, da Bélgica, há um ano. Em 2019-20, o atacante somou 18 gols e cinco assistências em 38 jogos.
Quem brilhou, quem mais gastou e quem foi mais ponderado: um balanço do mercado mais modesto dos últimos tempos
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