Clubes jogam dinheiro no lixo
Não sei vocês, mas continuo inconformado com o dinheiro que o São Paulo terá de pagar para Daniel Alves. As cifras do que o clube deve ao jogador variam - vão de R$ 15 milhões a 30 milhões, sem que haja informação oficial e exata de qualquer parte. Seja como for, é soma alta pra xuxu, muito, absurdo, escandaloso.
Antes de mais nada, deixo bem claro que o jogador está no direito dele de cobrar. O que foi combinado, assinado e registrado em contrato tem de ser respeitado. Não importa que sejam mil reais ou R$ 1,5 milhão por mês, como era o caso em questão. Aquilo que o empregador se compromete a pagar é sagrado.
Daniel Alves, também, não tem culpa por aquilo que recebe - ou deveria receber no São Paulo. Cada um pede o que considera ideal para o valor de seu trabalho. A outra parte ouve, analisa, faz contraproposta e, se todos toparem, há acordo.
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Sorte de quem pode negociar cifras vantajosas no dia a dia de seu trabalho. Coisa rara, num país de salários miseráveis e com desemprego deixando na amargura 15 milhões de patrícios nossos. Quem não gostaria de estar com a moral de Daniel Alves? Eu gostaria. E você? Como dizia minha Mamma. “Que Jesus ajude a todos e não se esqueça de nós…”
A bronca é com o São Paulo. O vilão da história é sobretudo quem concordou em fazer tal investimento. Não que Daniel Alves não tenha mérito; a carreira dele é vitoriosa. A questão está nos valores, que soam irreais mesmo para um atleta de tal nível e para o clube tão tradicional que o trouxe para o Brasil.
E tome ilusão ao torcedor
O São Paulo há muito se queixa de problemas financeiros - e não falo do período de pandemia, que atingiu até gigantes como Barcelona e Real Madrid. Falo de dificuldades que diversas diretorias, nos últimos anos, alegaram como justificativa para formação de elencos medianos, que não tiraram o time da fila (a partir de 2009, só houve conquistas da Sul-Americana de 2012 e do Paulista agora em 2021).
Cansei de ouvir cartola tricolor anunciar a necessidade de venda de atletas para fazer caixa e equilibrar as finanças. Desfazer-se de jovens com potencial técnico expressivo era a saída para evitar o “vermelho” nas contas. E dá-lhe o torcedor a iludir-se com um rapaz que despontava bem na equipe para vê-lo ir embora em seguida. Estão aí Lucas Moura, Casemiro, Militão, David Neres, Antony, Brenner, só para citar alguns exemplos.
Em contrapartida, parte - ou grande parte - do dinheiro foi investido em profissionais rodados, que custaram muito, deram retorno baixo e… fizeram com que o dinheiro escoasse para o ralo, fosse para a lata do lixo. Amigo tricolor, faça de cabeça uma lista de “contratações bombásticas” no Morumbi que viraram meia-boca. Ficará abismado com o desperdício de recursos. E dará para entender por que um dos maiores vencedores do nosso futebol vive seca tão prolongada.
Gastam-se fortunas em jogadores mais ou menos, sem que se cobre dos responsáveis. A todo momento, lemos que Fulano de Tal recebe 500 mil, Cicrano ganha 600 mil, Beltrano leva 1 milhão por mês. Jogam-se esses números como se fossem troco de cafezinho tomado no bar da esquina. Passa-se um tempo e aqueles “craques” saem do clube sem deixar saudade. Só rombos no orçamento.
Foquei no São Paulo, nesta crônica, por causa da inconsequência que foi apostar em Daniel Alves, como se tivesse chegado um Messi, um Neymar ou um Cristiano Ronaldo. Mas é só mudar as cores da camisa para qualquer torcedor identificar episódios idênticos em seu respectivo clube. Mudam nomes e valores, mas se repete a todo momento esse fenômeno de dinheiro jogado no lixo.
Clubes jogam dinheiro no lixo
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