Precisamos falar sobre o Monte Everest

Juliana Manzato
Juliana Manzato
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No final do mês passado, precisamente no dia 23 de maio, uma quinta-feira, o nepalês Nirmal Purja publicou uma foto em sua conta no instagram que ganhou o mundo e levantou questionamentos. Se você acha o trânsito de São Paulo ruim, garanto que o do Everest, rumo ao cume, é pior. Aliás, bem pior por conta da altitude e do previsível mal de montanha. 

A foto em questão é essa aqui:

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Assustadora e bela, a foto trouxe a tona questionamentos sobre o montanhismo, governo nepalês e o quanto o Everest, agora, é pop. Antes mesmo de iniciar minha história com montanhas - que fique claro, sou uma iniciante! - convivi por um período com grandes montanhistas brasileiros. Aprendi muito sobre o esporte que envolve muito mais do que o famoso "sair da zona de conforto" ou a tal "motivação". A montanha, para quem a tem como esporte, é paixão, respeito e humildade. Você pode até pagar US$ 11.000 doláres para conseguir a autorização do governo Nepalês para fazer cume, mas, isso não te tornará um montanhista ou alpinista. 

E aí que a foto em questão fez outra mensagem rodar a rede social e chegar até mim pelo menos umas 100 vezes, essa aqui: 

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Tem uma outra imagem que inclui a história de sair da zona de conforto e tal, mas não achei para ilustrar esse digníssimo texto. Então, o que eu queria dizer para vocês é o seguinte: você não precisa fazer o cume da maior montanha do mundo para saber a hora de ouvir o seu corpo e parar. O Everest envolve riscos altos? Sim. É preciso ter coragem? Sim. Mas uma montanha como o Everest exige muito mais do que análise de risco, coragem ou motivação. Estamos falando de inteligência emocional, que bem, se você não souber trabalhar isso a seu favor, pode ser no Everest ou pode ser na sua mesa de trabalho, você não vai saber lidar com adversidades e vulnerabilidades apresentadas pela vida. 

Outra grande oportunidade que tive na vida foi de conviver com atletas profissionais de esportes radicais. Todos me disseram que a sensação de quase morte era a sensação mais viva que tinham sentido. Quem decide ir para uma montanha como o Everest tem motivos que vão além da sensação de conquistar o topo do mundo. É a busca incansável do ser humano em se conhecer, testar corpo, mente e espírito. É também a busca por importância. Talvez, o topo do mundo revele o que é realmente importante. Talvez uma ultramaratona de 150 km também revele o que realmente importa. Talvez uma corrida, dando à volta no Ibirapuera revele o que realmente importa. 

Sabe o que acontece? As resposta que tanto buscamos não estão necessariamente no desafio que aceitamos. As respostas estão num passo antes, no por quê de escolher determinado desafio. 

Então, sugestão antes de compartilhar mensagens sobre o Everest, limite, zona de conforto, motivação e etc, dá uma olhadinha nos desafios que você anda aceitando para sua vida - ou não. 

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