Campeonato Brasileiro de Priorizações
A palavra priorizar passou a fazer parte do vocabulário do futebol brasileiro tanto quanto bola, jogador, trave ou gramado. Afinal, no contexto maluco em que vivem os clubes de futebol no país, priorizar é preciso. Fazer escolhas é uma necessidade, não uma opção. Não existe outra alternativa a não ser menosprezar jogos ou competições.
É normal que cada um faça suas escolhas de acordo com o momento que vive, com as (diferentes) necessidades e pressões que tem, com as possibilidades maiores ou menores que enxerga para ganhar um ou outro campeonato.
Acontece que dentro da cultura de cobranças exageradas que vive qualquer profissional de futebol no Brasil, a partir do momento em que fazer escolhas significa abrir mão ou diminuir consideravelmente as chances de sucesso em alguma frente, a porrada virá junto com os maus resultados nessa mesma frente.
São Paulo e Palmeiras decidiram o Paulistão pela última vez em 1992, com hat-trick de Raí na ida; assista
Até mesmo quando a escolha é óbvia, como era no caso do Palmeiras (campeão sul-americano e da Copa do Brasil) escalando uma mescla de times B e C no Paulista, há sempre uma turma à espreita, pronta para criticar com contundência o primeiro revés.
No caso do São Paulo, que vive um momento bem diferente pelo jejum de títulos que atravessa, as escolhas eram e são mais complexas. Mas é bom lembrar: mesmo quando Crespo fez uma opção óbvia, a de colocar reservas num clássico que pouco valia, houve quem reclamasse com argumentos não muito mais inteligentes do que o “aqui é São Paulo”.
Especificamente na escolha dos jogadores para enfrentar Rentistas, Ferroviária, Mirassol e Racing, a impressão – e esta é apenas uma impressão, minha, anterior aos quatro jogos – era a de que times mistos nas quatro partidas poderiam ter avançado à final do Campeonato Paulista da mesma forma, e ao mesmo tempo somado mais pontos na Libertadores.
Jamais saberemos, porém, se seria mesmo assim. Agindo da forma que a mim parecia mais lógica, o São Paulo poderia também ter caído no Paulista e suas consequências talvez fossem mais pesadas do que estão sendo com a agora muito provável perda do primeiro lugar do seu grupo na Libertadores.
Não dá para tratar dúvidas como certezas e, baseados no que aconteceu, afirmar o que teria acontecido. Mesmo quem discorda da escolha – meu caso –, precisa reconhecer que ela não era tão fácil quanto pode parecer após a derrota para o Racing.
Agora, na final do Paulista, existem só duas opções: título para o São Paulo ou para o Palmeiras. Se der São Paulo, os tropeços na Libertadores serão amenizados e talvez esquecidos. Se der Palmeiras, é provável que as críticas às escolhas da direção e comissão técnica são-paulinas se amplifiquem, mas sem razão.
Afinal, uma eventual derrota na decisão, onde o São Paulo estará com sua força máxima, nada terá a ver com o fato de o time ter poupado na Libertadores – esta sim com resultados prejudicados pelas escolhas feitas.
Se o resultadismo costuma fazer parte do nosso futebol com muita frequência, tentemos deixá-lo de lado pelo menos nas avaliações do Campeonato Brasileiro de Priorizações, essa realidade tão nossa, tão particular. Observar os contextos e as lógicas utilizadas é o mais importante para tentar avaliar as escolhas, que nem sempre são fáceis ou óbvias.
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