É tão cruel quanto forçado atribuir aos treinadores a incrível virada do Palmeiras sobre o São Paulo
Que o trabalho de Abel Ferreira em seu pouco mais de um ano e meio de Palmeiras tem sido quase irrepreensível parece óbvio.
A evolução do futebol jogado, as estratégias tão surpreendentes quanto determinantes nos títulos conquistados, a impecável gestão do elenco, a potencialização dos jogadores e até mesmo o legado de suas entrevistas e livro já forçam até mesmo seus críticos mais fervorosos a reconhecer suas inúmeras e consistentes qualidades.
Rogério Ceni, por outro lado, ainda desperta desconfiança sobre seu futuro como treinador.
Ainda que demonstre conhecimento sobre o jogo e capacidade de analisar e explicar o que se passa em campo, muitos discutem, baseando-se em sua personalidade e trabalhos recentes, a condição do treinador são-paulino gerir elencos, além de seu equilíbrio para lidar com as insanas pressões e críticas sempre direcionadas aos técnicos de futebol no Brasil.
São bons pontos. Talvez a desconfiança sobre Ceni faça tanto sentido quanto certamente fazem os elogios a Abel Ferreira.
Só não faz sentido atribuir o placar e o inusitado roteiro deste recente São Paulo 1 x 2 Palmeiras exclusivamente às escolhas dos treinadores, especialmente quando se busca culpar Rogério Ceni pela virada sofrida.
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Ainda que você possa discordar das substituições de Ceni contra o Palmeiras, é preciso reconhecer que havia boas explicações nas saídas dos pendurados e já sobrecarregados Igor Vinícius e Gabriel Neves, na entrada de um Rigoni que visava dar alguma capacidade de contra-atacar a um time que só se defendia e, também, na inclusão de um experiente zagueiro para minimizar o então intenso perigo das bolas aéreas palmeirenses.
Não deu certo, é verdade, porque assim é o futebol. Miranda entrou mal, Rigoni pouco fez. Mas havia lógica nas mudanças do treinador, que inclusive não parecia satisfeito com a postura excessivamente retraída do seu time no 2º tempo – uma consequência natural dos momentos dos dois clubes e do parcial 1 a 0 no placar.
Do lado vitorioso, curiosamente, as escolhas na escalação parecem estar entre as mais discutíveis do excepcional ano palmeirense.
Gustavo Gómez na lateral-direita, a exemplo do que já ocorrera contra o Atlético-GO, fez com que o time perdesse qualidade e eficiência no miolo da defesa, tornou o lado direito da equipe bem mais vulnerável e, talvez ainda mais prejudicial, diminuiu consideravelmente o poder de fogo do Palmeiras por onde ele mais costuma levar perigo aos adversários.
Ainda assim, deu tudo certo para a equipe, com gols aos 45 e 51 minutos do 2º tempo, um deles marcado justamente por Gustavo Gomez (então já atuando como zagueiro).
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Durante os 90 minutos de um jogo de futebol, técnicos fazem escolhas para minimizar suas deficiências e a chance de perder, ao mesmo tempo que buscam potencializar suas qualidades e, claro, suas chances de vencer.
Certas vezes as escolhas fazem sentido e acabam dando errado. Em outras, ainda que pareçam equivocadas, podem dar certo. Atribuir todo e qualquer resultado aos treinadores de futebol é ignorar uma das principais magias do futebol, sua imprevisibilidade. Técnicos de futebol, afinal, não são jogadores de videogames com um controle remoto na mão.
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