A dura missão de voltar a ser grande

Fernando Meligeni
Fernando Meligeni

Novak Djokovic durante a derrota para Kyle Edmund em Madri
Novak Djokovic durante a derrota para Kyle Edmund em Madri Getty

Tenista profissional e provavelmente todos os trabalhadores do mundo são movidos a resultado, dedicação, amor e confiança.

Quando estamos ganhando nem percebemos o difícil que é uma tarefa. Simplesmente nos concentramos e realizamos nosso objetivo. Jogamos no automático.

Novak Djokovic fez isso por anos. Entrava em quadra, apertava o automático e passava por cima de todos os adversários. Sua confiança impressionava, sua velocidade de pernas mais ainda. Infelizmente isso mudou. Hoje ele não consegue mais passar por cima de ninguém. Está lento e duvida o tempo todo de suas jogadas.

Ontem em mais uma apresentação abaixo da média, Djokovic perdeu e nem de perto foi o temido sérvio que todos conhecemos. Falta de treino? Falta de motivação? Falta de ambição?

Não.

Simplesmente falta a confiança nos momentos importantes. Agora ele pensa muito. Não joga no automático. Pensando demais nessa hora. Comete erros.

A busca pela confiança é das mais complicadas. Por ela precisamos trabalhar mais, focar nos detalhes, ser muito forte mentalmente e nunca esquecer o que já fizemos no passado. Nossa história é nossa maior companheira nesses momentos difíceis.

Novak Djokovic vai voltar a jogar seu melhor tênis. Mas antes disso ele nos dá uma importante lição. Não importa o quanto você é espetacular. Cuide do seu momento. Ele pode acabar com um simples erro. Uma simples decisão equivocada

Fonte: Fernando Meligeni, blogueiro do ESPN.com.br

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A dura missão de voltar a ser grande

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Olá tenistas juvenis que sonham em jogar profissionalmente

Fernando Meligeni
Fernando Meligeni
Novo projeto de Fernando Meligeni
Novo projeto de Fernando Meligeni Divulgação

No intuito de ajudar e trazer informação, sem nenhum interesse financeiro ou pessoal, gostaria de devolver ao tênis uma pequena parcela do que ele me proporcionou, além de incentivar nossos meninos e meninas.    

A partir da primeira semana de setembro, vou jogar 2 horas por semana com diferentes tenistas juvenis ou que estão na transição para o profissional. 


Por tempo indeterminado e de acordo com minha agenda vou jogar com diferentes meninos e meninas de 14 a 20 anos, todas as semanas.

Quando moleque, via os grandes jogadores e sonhava em bater uma bola com eles, conversar e imaginava se eles poderiam de alguma maneira me inspirar. 

Ao colocar este projeto em funcionamento, volto no tempo tentando ajudar um pouco e aproximar a molecada do mundo do tênis.

Que fique claro que NÃO pretendo ser treinador, será uma contribuição ao nosso esporte, que vivo desde os 8 anos de idade. 

COMO IRÁ FUNCIONAR

Uma vez por semana (entre terça e quinta feira) vou bater bola com meninos e meninas que jogam torneios estaduais, nacionais e internacionais.

A ideia é ter dois jogadores por semana jogando uma hora comigo na MEM TENNIS, que fica em São Paulo. 

Sempre que possível será escolhido um menino e uma menina por semana. Minha intenção é apenas cooperar com o tênis e passar a minha experiência no bate bola. Gostaria da participação do treinador e dos pais. A ideia é ter a oportunidade de jogar com o Meligeni. É poder ter uma opinião diferente da que tem normalmente.

COMO SE INSCREVER

O jogador tem que se inscrever por e-mail para batebola@trainersports.com.br e mandar algumas informações:

NOME COMPLETO / DATA DE NASCIMENTO / CIDADE / TELEFONE DE CONTATO

NOME DO PAI / MÃE / RESPONSÁVEL / TELEFONE DO CONTATO

NOME DO TREINADOR / CLUBE

CONTAR UM POUCO SOBRE O TREINAMENTO

NÚMERO DE DIAS QUE TREINA E TEMPO DE QUADRA.

TORNEIOS QUE DISPUTOU EM 2017

RANKING ATUAL FEDERAÇÃO / CONFEDERAÇÃO / ITF JUNIORS / ATP ou WTA

Fonte: Fernando Meligeni, blogueiro do ESPN.com.br

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Profissão treinador

Fernando Meligeni
Fernando Meligeni
Meligeni conversa com o técnico da seleção brasileira, Mauro Menezis, em 2006
Meligeni conversa com o técnico da seleção brasileira, Mauro Menezis, em 2006 GazetaPress

Em uma longa conversa com minha sobrinha hoje caíram mais algumas fichas sobre a profissão treinador.

Ela que há um mês se mudou para a Argentina, onde treina na academia do Hernan Gumy e Ale Lombardo. Com eles está a ex-jogadora Maria José Gaidano. Muita coisa mudou. Por respeito e confiança no trabalho deles, tenho falado bem menos com ela. Mas hoje, em um longo papo muitas, coisas me vieram à cabeça.

O tempo de treino, que para muitos pode parecer pouco para um bom trabalho, uma semana ou um mês é tempo suficiente para mudar muita coisa. Mudar conceitos, arrumar vícios, entender diferentes táticas, ganhar confiança no seu jogo.

Na conversa li e escutei muitas vezes. Tenho e tive coragem de mudar coisas. Sinto confiança porque vejo que tem alguém muito ativo ao meu lado. Me mostraram muitas e muitas vezes como, quando e porque.

As palavras dela me levaram a 1985 quando fui treinar na mesma Argentina e de lá voltei como número 1 do mundo juvenil. De lá voltei obcecado pelo trabalho. De lá voltei um jogador de tênis. 

Assista aos lances da vitória de Roger Federer sobre Roberto Bautista Agut por 2 sets a 0!

Mudar coisas

Ter a humildade de perceber que precisamos mudar é o primeiro passo para o tenista evoluir. Confiar no que seu técnico fala e quer é a segunda. Saber que será difícil mas se treinar duro consegue é a terceira.

Ter o técnico ativo ao seu lado 

Falo disso há tempos e já entrei em dividida com muitos técnicos no Brasil por acreditar que a maneira grupal que se treina aqui é um dos cânceres do nosso esporte. Tenista se faz em repetição e proximidade. Tenista é bicho cabeça dura e precisa de puxão de orelha sempre. Para isso, o técnico precisa ver, estar perto, estar presente. Presente não quer dizer no clube, sabendo que o outro técnico fez. Presente é estar na quadra, na mudança, na suadeira. Isso não é um dia, uma semana. Isso é sempre. Só assim se muda, se evolui. 

Mostrar, desenhar 

Temos tenistas que entendem escutando, outros vendo, outros fazendo. Mas esses três precisam ver o desenho, ver na pratica. Não importa se com a prancheta do professor Joel Santana ou um simples desenho no chão. Não importa se uma vez ou muitas. A evolução é o objetivo dos dois (técnico e jogador). Sem esse diálogo não se obtém resultado. 

Por último (poderia escrever 10 tópicos) confiança do jogador no treinador

Como um jogador vai ter confiança sem o puxão de orelha? Sem a atitude de FAZ O QUE EU TE DIGO. Confia no que estou te pedindo. Se essa confiança não existe, o resultado infelizmente não vem. É melhor deixar o jogador voar para outro lugar. 

Ser treinador no Brasil é muito difícil. Somos um povo paternalista, que achamos que entendemos de tudo, que queremos opinar de tática, técnica e estratégia sem ter segurado uma raquete. Mas também temos o defeito de não buscar a excelência no que fazemos. Temos a mania de achar que tenista pode ser solto e livre. 

Estou feliz demais e aprendendo muito com as coisas que escuto, converso, debato e vejo nos treinos. Estou seguro que o resultado de um jogador ou jogadora pode vir ou não com muito trabalho, mas não vem com um quase trabalho, um meio empenho, um talvez eu faça. 

A união do treinador e jogador tem que ser como a de uma dupla de dança. Se um cair, caem os dois. Se um errar, o outro perde junto. Se um não se esforçar, os dois ficam no quase e não vencem.

Fonte: Fernando Meligeni, blogueiro do ESPN.com.br

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10 de agosto

Fernando Meligeni
Fernando Meligeni
Fernando Meligeni após a conquista do ouro pan-americano em 2003
Fernando Meligeni após a conquista do ouro pan-americano em 2003 Getty

Dia 10 de agosto de 2003 começou ensolarado, quente e prometendo ser um dia longo. Ao caminhar com o técnico Mauro Menezes e o amigo tenista Marcio Carlsson em direção ao ônibus que me levava ao complexo de tênis para minha final, sentia um nervosismo diferente. Era um dia que podia mudar minha vida.

Todo tenista quando acorda sente que o jogo do dia pode ser diferente. Ao caminhar encontrava outros atletas e todos me mandavam boas vibrações. A galera que na noite anterior estava comigo, no jantar, sabia que seria meu último jogo como profissional. Ganhando ou perdendo do Marcelo Ríos, sendo ouro ou prata, minha carreira acabaria ali em Santo Domingo

A história do jogo, dos bastidores, todos conhecem. Hoje completa 14 anos que tudo aconteceu. Tudo passou muito rápido. Tudo foi muito maravilhoso.

Mas o que será que esse dia fez com minha vida. O que mudou?

Simplesmente tudo.

Coincidências? Meligeni analisa lesões dos grandes e chances de Nadal assumir topo do ranking

Hoje, graças a esse dia, sei que não existe nada que não possamos tentar fazer. Não existe o VOCÊ NÃO VAI CONSEGUIR. A palavra "lutar" entrou definitivamente em tudo que eu acredito. O respeito e gratidão por pessoas que me ajudaram aumentou. 

Graças ao dia 10 de agosto de 2003 virei uma pessoa melhor. Sou grato ao tênis, aos amigos, treinadores, família e todos que me levaram a essa emoção. 

Graças ao dia 10 fiquei mais intolerante com quem desrespeita o tênis, quem faz maldade com ele e virei um cara que combate e quer ajudar sem fazer política barata, partidária ou pessoal.

Federer torce para Nadal voltar ao topo do ranking, e espanhol confirma que seria especial

Dia 10 de agosto é um dia inesquecível pra mim. O dia que virei campeão pan-americano pelo Brasil em um jogo épico vencendo Marcelo Ríos no Dia dos Pais. Um presente incrível ao meu querido pai que pude dar enquanto ele ainda era vivo. 

Jamais esquecerei a emoção de cada segundo desse dia, da medalha, do acerto em virar brasileiro e representar este país incrível.

Fonte: Fernando Meligeni, blogueiro do ESPN.com.br

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10 de agosto

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Um ano se passou. Obrigado Cabral, Paes, Picciani, Nuzman e Lula

Fernando Meligeni
Fernando Meligeni

Um ano se passou. Para muitos a euforia, para os atletas o sonho, para o povo a dúvida, para muitos políticos a chance de se promover, para os dirigentes um tiro único, para os críticos a certeza que escreveríamos um texto triste um ano depois. 

O tempo passou e as promessas viraram promessas, o legado virou piada, as obras viraram elefantes brancos, as medalhas viraram símbolo de conquista pessoal, os responsáveis sumiram. Um ano passou e continuamos sonhando. Agora acordados e com raiva. Raiva de acreditar mais uma vez que seria diferente que seria incrível. 

Mais uma vez nos mostraram que o esporte serve apenas para ascensão política para alguns. Um ano se passou e o esporte segue igual. A ultima pasta, a cara mais feia do nosso Brasil. Obrigado Cabral. Obrigado Paes. Obrigado Picciani. Obrigado Nuzman. Obrigado Lula. Por nos fazer acreditar em algo que não foi, não era, não vingou. 

Apenas aconteceu.

Fonte: Fernando Meligeni, blogueiro do ESPN.com.br

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Um ano se passou. Obrigado Cabral, Paes, Picciani, Nuzman e Lula

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Uma nova cara na CBT

Fernando Meligeni
Fernando Meligeni

Sempre fui e sempre serei um cara que questiona, que encara de frente, que exige o máximo das pessoas e principalmente das entidades que trabalham com nosso esporte. Ter uma credencial de ¨todo poderoso¨, gestor, presidente ou o nome que forem dar, recebe um ônus pesado de ter que ser quase perfeito. Ou pelo menos tentar ser.

Em tempo que só notícia ruim vem pela frente, começar a escutar que a nova gestão da CBT está fazendo um bom trabalho me deixa muito feliz. Recebi recado de ex-jogador que estava na Copa das Federações e no brasileiro, recebi e-mail de pais de jogadores juvenis e técnicos, ligação de pessoas do meio, dizendo que mudou. Que uma nova cara aparece. Que temos bastante a evoluir ainda, mas que caminhamos finalmente para frente.

Alguns pontos ficam claro para que exista essa mudança. Diálogo, explicação da estratégia, verdade da situação da entidade e principalmente estratégia que será desenvolvida.

Tudo isso para mim tem um nome: Eduardo Frick. Antes de falar dele, é importante parabenizar o presidente da entidade pela escolha. Corajosa, fora dos padrões (infelizmente do esporte) e pelo que escutei e vejo, liberdade para ousar, trabalhar e colocar suas ideias em curso. Nos dias de hoje. que presidente quer mandar e ser dono do esporte, dar poder as pessoas é digno de aplauso.

Voltando ao Frick... Se não é surpresa, mas é com muita alegria que vejo o comprometimento, a abertura, a paixão e as boas ideias até o momento. Incansável ele estava em Wimbledon uma semana, no Brasileiro na outra e tentando melhorar nossa estrutura. Vem pensando em alternativas em um momento de vacas magras. Vem tentando ajudar os juvenis (mesmo que com pouco ou nenhum dinheiro).

Com isso a credibilidade aumenta e o tênis pode sair do obvio e do passado triste que nos abateu.

Pontos que já percebi nestes meses:

- Presença nos eventos

- Dialogo com todos os jogadores, pais e técnicos

- Cuidado com os centros de treinamentos

- Pedido de objetivos

- Resgate dos ex-jogadores e preocupação em escutar as reclamações, ideias e tentar trazer alguns de volta

- Humildade de tentar trazer o tênis estrangeiro para o Brasil. Informação, metodologia, ideias, gestão

Fica claro que existe um movimento para frente. Existe um acerto muito grande e um cara que como nós quer o bem do esporte. Sempre sonhei em poder escrever bem da nossa entidade. Quero de coração continuar escrevendo e aplaudindo.

Que seja o primeiro post de muitos.

Fonte: Fernando Meligeni, blogueiro do ESPN.com.br

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Uma nova cara na CBT

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Parada de Djokovic não deveria ser tão traumática

Fernando Meligeni
Fernando Meligeni
Djokovic abandonou quartas de final de Wimbledon por problema no cotovelo direito
Djokovic abandonou quartas de final de Wimbledon por problema no cotovelo direito Julian Finney/Getty Images Sport

A dependência tenística do chamado Big Four faz com que a desistência de Novak Djokovic do US Open e o anúncio de que ele só volta no ano que vem vire mais traumática do que deveria.

Se machucar, parar de jogar por um tempo, é muito normal em um esporte onde o tenista exige demais do seu corpo e a repetição de movimento é o grande vilão.

Em entrevista à ESPN Brasil, Boris Becker fala sobre Djokovic, Federer e de suas memórias de Wimbledon

Ao decidir parar até o ano que vem, muitas teorias aparecem. A mais real é a de que ele está machucado e vai aproveitar essa parada para resolver todos os pontos que o fizeram cair de ranking e, principalmente, mostrou ao mundo que está pouco motivado. 

Ao assistir Djokovic nos últimos meses, fica claro que perdeu o brilho nos olhos. Ao escutar suas declarações, percebemos que o tênis virou segundo plano. Ao conversar com pessoas no mundo do tênis, fica mais evidente ainda que ele precisa repensar sua carreira. Conquistou muito e chegou a um ponto que precisa decidir se acelera ou se conforma com o que já conquistou.

Meligeni lamenta abandono de Djokovic contra Berdych: 'É uma pena'

Novak Djokovic tem muito mais tênis e pode conquistar muito mais do que já tem. O difícil parece ser a falta de um objetivo maior.

Torço para que ele descanse e volte com toda sua genialidade, força física e mental.

A pergunta que fica é: ele fará o mesmo que Roger Federer no ano passado? Conseguirá voltar da mesma forma?

Em entrevista exclusiva, Federer se surpreende com idolatria mundial e coloca 8º título em Wimbledon entre maiores feitos: 'É realmente surreal'

Deixo para vocês as respostas.

Fonte: Fernando Meligeni, blogueiro do ESPN.com.br

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Parada de Djokovic não deveria ser tão traumática

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Ideia de ver filho jogando grande torneio de tênis nos cega

Fernando Meligeni
Fernando Meligeni

Pelas Quadras analisam decisão polêmica de Nadal e vitória em Wimbledon

Na última terça-feira, tive o prazer de receber no "Pelas Quadras" o ex-tenista e hoje executivo da ITF Cesar Kist. Sempre tive muito carinho e respeito por ele. Cara batalhador e focado. Encontrou na entidade a oportunidade de desenvolver o esporte e faz isso com muita competência.

Ao chegar na ESPN, conversamos sobre a transição e ele me mostrou muitos números, dados e estudos que a entidade está fazendo. Admito que fiquei muito impressionado.

Quando entramos no mundo do tênis, vemos muito mais glamour que outra coisa. A ideia de jogar ou ver nossos filhos jogando os grandes torneios às vezes nos cega e perdemos um pouco da realidade dos fatos.

Fiquei com alguns números na cabeça. Os tenistas demoram em média cinco anos depois que saíram do juvenil para entrar entre os 100 do mundo.

Em média um tenista ou pai dele gasta US$ 38 mil (R$ 126 mil) por ano em viagens, comida, encordoamento... E neste número não está incluso o gasto com treinador ou preparador físico!

7% dos meninos e 19% das meninas que foram top 100 na ranking juvenil conseguem ser top 100 no profissional. Apenas 1% dos meninos que não foram top 100 do juvenil conseguem ser top 100 do profissional.

Para começar a se pagar no circuito o tenista tem que ser cerca de 330 do mundo no masculino e 250 no feminino. Antes disso gasta. Nesse ranking empata.

Outro número alarmante é a quantidade de tenistas tentando o profissionalismo. Cerca de 9 mil no masculino e 5 mil no feminino jogam os torneios Futures, Challengers, etc, etc. mas muitos desses nunca tiveram pontos de ATP ou WTA.

Preocupados com isso esto querendo mudar muitas coisas. Uma delas é diminuir a quantidade de jogadores jogando acima do seu nível e com isso gastando o que tem é o que não tem. O sonho da ITF é ter 750 jogadores bem remunerados em cada circuito e para isso vem uma ação de tênis transição muito forte. O circuito de transição. 

Meligeni destaca vitória de Andy Murray e avalia possível lesão do escocês

Convido a entrarem no site da ITF e conhecerem essas ideias e estudos. Eu com certeza sou a favor de algumas mudanças, posso não ter certeza de outras, mas claramente para os países da América do Sul uma mudança é fundamental. Poucos e cada vez menos tem o dinheiro para pagar o dia a dia do circuito e a dificuldade de entrar na zona mais alta de premiação é maior.

Países como Brasil e Argentina sofrem e precisam repensar a maneira de fazer jogadores. Se deixarem apenas nas mãos dos pais teremos cada vez menos jogadores no circuito. Aos meninos e meninas uma certeza. O tênis virou coisa séria. Tênis é uma profissão dura e para poucos. Maravilhosa, mas difícil demais.

Estou na torcida para que as mudanças ajudem. Obrigado, César, pela aula que você nos deu ontem.

Viva o tênis!

Fonte: Fernando Meligeni

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Ideia de ver filho jogando grande torneio de tênis nos cega

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Onde e com quem treinar são passos fundamentais na carreira do tenista

Fernando Meligeni
Fernando Meligeni

A decisão de onde e com quem o jovem ou o tenista em transição vai treinar é das mais importantes e certeiras na carreira do atleta e de seus pais.

Hernan e Carol
Hernan e Carol Divulgação
Tenho aqui sido bem duro com técnicos e jogadores. Sou um cara que acredito no trabalho, na seriedade e no engajamento. Não adianta ter o melhor técnico, se não tivermos tenistas com vontade e atitude. Não adianta ter atitude e querer ser jogador, se o técnico pouco se importa ou não entende do circuito. Por isso, sempre que posso, aconselho ou mostro alternativas.

Sou um apaixonado pela filosofia de trabalho dos argentinos. Lá se treina com muita seriedade e amor. Por ter feito minha transição lá e conhecer muitos dos atuais treinadores, me sinto confortável ao elogiar ou recomendar.

A partir desta semana, minha sobrinha Carol foi treinar com um dos caras que eu mais gosto e admiro no circuito. Hernan Gumy foi um batalhador dentro da quadra. Um daqueles jogadores duros de vencer, impossível de cansar, e uma vitória sobre ele era a certeza de que você tinha vencido uma guerra. Sua sabedoria tática e atitude o fizeram ser top 40 do mundo e o ajudaram a conhecer os caminhos para entrar na cabeça dos jogadores que treinou.

Quando parou de jogar, trabalhou com grandes nomes do tênis. Cañas, Guga, Gulbis, Kuznetsova, entre tantos outros. Sempre focado, direto, verdadeiro e trabalhador. Hoje, tem na Argentina uma belíssima academia ao lado de outro grande técnico - Alejandro Lombardo - chamada El Abierto Club e treina nomes como Zeballos, Arguello, Coria e vários tenistas mais jovens.

Conversar com ele é ter a certeza que você está entregando o jogador em um lugar sério, liderado por alguém que sabe sua função e onde não se pode perder tempo. Em uma das conversas comigo disse a simples frase: “Vou trabalhar duro com a Carol. Você sabe que não existe mágica, existe trabalho duro e esse é o único caminho”.

El Abierto Club é um lugar a se ter em conta por quem pensa em trabalhar sério na profissão.  Os brasileiros que eu mandei relatam que são apaixonados pelo trabalho e com a real ideia da dificuldade que é ser um jogador profissional de tênis.

Boa sorte, Carol. Parabéns, Hernan.
www.elabiertoclub.com

Fonte: Fernando Meligeni, blogueiro do ESPN.com.br

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Profissão tenista: o que os jovens precisam ter em mente?

Fernando Meligeni
Fernando Meligeni

Mesmo que muitos não consideram, mesmo que os pais ainda torçam o nariz quando o filho diz que quer ser tenista, mesmo que o governo não trate o esportista tenista como um profissional e dê seus devidos direitos, eu afirmo que ser tenista é uma profissão. No papel e na vida real não existe nenhuma diferença entre ser jogador de futebol (que tem seus direitos), ser dentista, ser engenheiro e ser tenista.

Dito isso, precisamos colocar na cabeça dos nossos jovens atletas que tênis é um esporte maravilhoso, desafiante, mas muito difícil. Ser tenista é coisa pra gente grande.

Antes de falar o que penso a respeito de ser tenista, quero dividir bem. Você, garotão ou pai de tenista, peço que inicialmente se classifique em uma dessas duas categorias.

Categoria 1: Sou tenista social. Gosto de jogar tênis, mas não tenho pretensão de ser profissional e viver do esporte. Quero curtir, treinar e, quando fizer 16,17 anos, pretendo fazer uma faculdade e virar médico, ser engenheiro e ter uma profissão diferente. Que legal. Jogue, curta, aproveite. Este esporte é incrível e te dará uma base incrível de justiça, resiliência, hierarquia. Você aprenderá a vencer e perder e que a bola na linha é boa.

Categoria 2: Você quer viver de tênis. Quer ser profissional? Ou pelo menos ter a chance de ser?

A primeira pergunta que te faço é: você está trabalhando para isso? Você vai dormir à noite cansado, com a certeza que está vivendo para o esporte? Você conhece a palavra ABDICAR? Você deixa uma festa, um namoro, uma viagem, férias, aniversários para treinar, para jogar ou simplesmente para descansar e continuar focado no seu objetivo?
Se você duvidar ou rapidamente disser que não, sinto te informar que você está no caminho errado. Que terá pouca chance de chegar.
A primeira coisa que precisamos urgentemente colocar na cabeça dos nossos meninos e meninas é que, para jogar tênis profissional, são necessários dedicação e foco. Muitas vezes nossos jovens ACHAM que treinam direito, ACHAM que estão focados, ACHAM que são profissionais.

Ser tenista profissional é muito difícil. Quem escreve aqui é um cara que lutou muito, abdicou muito e mesmo assim quase não chegou. Esteve por um triz e quase batendo na porta do estúdio fotográfico do pai, deixando seu sonho para trás.

Vejo nos treinos e nas mídias que são poucos os jovens que realmente estão abdicando e deixando as coisas de lado. Muitos vão me achar extremista, mas vocês realmente acreditam que jogar contra Djokovic, Nadal, Rogerinho, Mayer, Robredo ou quem seja é fácil? Os caras treinam forte, dormem cedo, quase não saem, comem com o maior cuidado, treinam de segunda a sábado e só tem o domingo livre. Ao escutar e ver tenistas jovens, me deprimo quando dizem que não treinam em dia de chuva ou no final de semana.

Com essa atitude vocês acham que vão conseguir concorrer com os melhores do mundo?

Outro ponto a ser abordado aqui é que muitos acham que Nadal, Federer, Djokovic não são do mesmo circuito. Ao decidir virar profissional, o garoto está ganhando um passaporte que vai ao encontro desses caras. Vocês não acham meio pretensioso ou vergonhoso não treinar forte e se denominar tenista profissional do mesmo meio que esses caras? Ah, mas eles são jovens, já diria um pai, ou um treinador. E o Thiem, Zverer, Khachanov, Coric? Eles fazem as coisas certas, treinam duro e têm 17 ou 18 anos. Por quê? Porque eles querem ser tenistas profissionais.

Finalizo aqui perguntando mais uma vez aos nossos jovens: vocês realmente querem ser tenistas profissionais?

Boa sorte, bons treinos e vivam para o esporte.

Fonte: Fernando Meligeni

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Profissão tenista: o que os jovens precisam ter em mente?

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Hoje, no Dia Olímpico, tenho um pedido: cartolas e políticos, peçam desculpas pelo Rio 2016

Fernando Meligeni
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O esporte visto de cima - Com o Maracanã ao fundo, Cristo Redentos abençoa os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro
Cristo Redentor abriu os braços para os Jogos do Rio. Hoje, deve estar triste

Hoje, 23 de junho, é o Dia Olímpico.

Tenho muito orgulho de ter sido um atleta olímpico. Quando pequenos, sonhamos em representar nosso país em uma Olimpíada. Tive esse privilégio em 1996, em Atlanta, e posso dizer que não tem coisa mais mágica do que estar em uma Vila, conviver com atletas, conversar com técnicos e aprender com médicos, preparadores físicos e pessoas que fazem os Jogos o maior de todos os eventos esportivos.

Na minha experiência, tive a oportunidade de conviver com Zé Roberto Guimarães, Fernando "Xuxa" Scherer, Robert Scheidt, Torben Grael e tantos outros gigantes do esporte. Dentro dessas feras, o que mais me chamou a atenção foi o comprometimento e a alegria de representar o país. Ao mesmo tempo, me assustou as diferenças de preparação e de possibilidade de cada atleta. Enquanto alguns tinham um esquema perfeito de trabalho, outros iam na pindaiba e da maneira que dava.

Handebol sacou R$ 1,5 milhão dos cofres públicos e distribuiu entre 'coronéis' estrangeiros

Ser um atleta olímpico no Brasil tem sabor doce e azedo. Se por um lado você conquista um sonho, por outro percebe a diferença de tratamento e seriedade com nosso esporte. Histórias não faltam. Atletas sem grana, atletas que tiveram que lutar para estar lá contra todos e tudo, atletas que vivem esse momento como o dia de suas vidas, porque sabem que ao voltar ao Brasil não terão dinheiro nem para comer.

Como disse, ser atleta olímpico no Brasil é muito mais um prazer pessoal do que a certeza de um passo à frente. Ser atleta olímpico no Brasil é simplesmente chegar ao seu sonho mais impossível.

Denúncia de TV alemã coloca sistema anti-doping do Brasil sob suspeita

Tivemos a chance das nossas vidas ao sediar o Rio 2016. Foi uma festa. Foi lindo. Lindo como aquela foto retocada no Photoshop milhares de vezes. Mostramos ao mundo que temos atletas e vontade de ser campeão ou campeã mundial, mas somos aprendizes, sem direito a voltar a fazer uma Olimpíada no Brasil. Mostramos ao mundo que não nos preparamos, que não deixamos nenhum legado, as obras foram caríssimas, continuamos pagando e pior que tudo isso: acabou, e as instalações estão deixadas de lado.

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Sinto dizer com todas as letras: hoje é Dia Olímpico para cada atleta que lutou por medalha ou para estar nos Jogos. Hoje não é dia olímpico para o Brasil, para o COB, para o Rio 2016, para o Ministério do Esporte e todos os órgãos que trouxeram os Jogos para o Brasil. Eles precisam refletir e pedir desculpas ao povo e aos atletas pelos seus atos e por deixar de fazer tanta coisa que prometeram.

Fonte: Fernando Meligeni, blogueiro do ESPN.com.br

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Hoje, no Dia Olímpico, tenho um pedido: cartolas e políticos, peçam desculpas pelo Rio 2016

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Você realmente acha que está treinando bem?

Fernando Meligeni
Fernando Meligeni

Convido você que é um tenista juvenil, um treinador ou pai de tenista a ler este post e, se possível, opinar.

Tenho visto o treino e tenho conversado com tenistas brasileiros juvenis. Por causa disso, decidi conversar com alguns técnicos espanhóis e de outros países para ter um pouco de fundamento no que eu acredito.

A pergunta que fiz vai de encontro, é dura e direcionada aos técnicos que assumem a responsabilidade de treinar juvenis ou atletas em transição. Vocês dormem tranquilos com essa responsabilidade? Estão se informando e vendo o que se pensa e treina lá fora? Ou ainda acham que porque tivemos um Guga o método de trabalho daqui é o correto?

Meligeni avalia anúncio de Federer em não jogar o Aberto da França: 'Fez a decisão certa'

Poucos são os centros de treinamentos aqui no Brasil que não treinam em quatro na quadra. Poucos ou quase nenhum têm bons treinadores que ficam no Brasil e responsáveis do centro com experiência ou até competência para dar o treino. Quando os técnicos dão seu nome ao centro de treinamento, saem em viagens com os melhores.

Poucos lugares estão falando de tática, estratégia e martelam os nossos jogadores da maneira que eles têm que jogar. Vocês sabiam que alguns jogadores entendem olhando, outros escutando, outros fazendo e outros de todas as maneiras? Então, a tese de todos treinarem igual é a clara certeza que esse treino vai dar errado e o jogador vai evoluir muito menos que o esperado.

Sei bem a necessidade de colocar 30, 40 ou até 50 jogadores nos treinos, mas desculpem. Quem tem 50 não pode se chamar de centro de treinamento. Para mim, treinar um jogador é como educar um filho. Você pode até contratar a melhor babá do mundo, mas nunca será educada como os pais educam. Nunca será tratado com o amor da mãe. Pode e será bem tratada, mas no mundo do tênis o ESTÁ TREINANDO LEGAL não é o suficiente. Tem que estar treinando bem para caramba.

Meligeni destaca maturidade de Ostapenko em Roland Garros e diz: 'Já é uma nova estrela'

Outro ponto importante: se você coloca seu filho em um centro de treinamento, negocie o que eles vão te dar. Quem vai treiná-lo, quem vai viajar. Existe o merecimento do menino, mas existe o que se fechou. Treinador é fundamental e eu tenho maior carinho e respeito pelos que me treinaram.

Lembre-se: se teu filho ou você, menino, não conseguir, você não terá outra chance de ser tenista. O técnico tem todo dia.

Treine duro, seja chato, peça espaço. Da tua parte, trabalhe e escute.

  • Recado aos técnicos

Se você, técnico, está pensando agora: "Mas eu falo e ele não faz". Convido você a dizer a ele que vá procurar outro lugar. Ou o lugar é um centro de treinamento ou um centro de lazer. Você decide.

A intenção deste post é alertar, melhorar, ser duro com quem está fazendo um péssimo trabalho. Educar o pai e mostrar ao garoto que se ele quer jogar, só se trabalhar muito duro e com atenção para ter uma chance.

Fernando Meligeni: 'O Rafael Nadal é o maior jogador de saibro de todos os tempos'

O esporte é muito duro. Hoje, o profissionalismo é absurdo. Se o jogador está preocupado com o que come, quantas horas dorme... Imaginem a importância que é o treino!

Ser tenista é muito mais que ir ao clube e bater na bola. Ser tenista é querer ser diferente, chegar ao limite, não ter medo do impossível. Acreditar que o mundo é tua casa e a tua casa é um lugar para passar as férias.

Bons treinos!

Fonte: Fernando Meligeni

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Você realmente acha que está treinando bem?

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Um dia especial, um personagem incrível: 20 anos do título de Guga em Roland Garros

Fernando Meligeni
Fernando Meligeni

Hoje é um dia especial. Um dia que emociona qualquer pessoa que gosta de tênis e do Brasil.

Dia 8 de junho de 1997, o até então pouco conhecido Guga Kuerten entrava em quadra para a final de Roland Garros e vencia seu primeiro título de Grand Slam. A data é histórica e inesquecível, mas muito mais que isso, o personagem é incrível.

Guga foi ganhando seus jogos e, com sua habitual humildade, dizia que estava surpreso, que era uma zebra, que os caras eram melhores... Mas, no fundo, sabia exatamente que podia fazer história. Para mim, sua vitória contra Thomas Muster foi o divisor de águas para realmente acreditar que podia vencer qualquer um. Tão jovem, tão inexperiente em torneios grandes, mas com uma maturidade que não se treina, não se ensina. Uma genialidade nata.

Cada passo em 1997 mudou sua vida para sempre. Mudou o que ele virou para os outros, mas Guga continuou sendo o mesmo figura boa praça, o mesmo "molecão".

Guga é desses gênios que fazem bem ao esporte. Carismático, amado, diferente, inteligente e vencedor.

Tive o privilégio de conviver com ele quase a carreira inteira. Acredito ser um dos caras que mais vi, conversei e dividi momentos bons e ruins. Nem por isso não deixei de ficar perplexo e feliz demais com cada esquerda na paralela, saque aberto na vantagem e até senti na pele, do outro lado da quadra, sua maestria.

Guga conseguiu o que ninguém imaginava possível. Abriu as portas aos tenistas do Brasil e mostrou que era possível, sim, ser brasileiro, com pouca estrutura, e ser um campeão

Obrigado Guga. Você merece todas as homenagens. Você merece aplausos de pé de todos nós.

Fonte: Fernando Meligeni

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Um dia especial, um personagem incrível: 20 anos do título de Guga em Roland Garros

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O que vi da rotina dos jogadores em Roland Garros. Uma nova era do tênis

Fernando Meligeni
Fernando Meligeni
Disney, cabeleireiro e 'vale-refeição': Sá conta a Meligeni as 'regalias' dos tenistas em Roland Gar

Os quatro dias que estive presente em Roland Garros me deram uma clara noção de como está o circuito hoje em dia.

Fiquei dentro da sala de jogadores, muito atento com tudo que eles fazem, pensam e, principalmente, fiquei de olho nas rotinas.

Alguns pontos me chamaram muito a atenção:

1) Você vê pouco os jogadores fora do vestiário ou menos ainda circulando. Vems um bom jogador na hora de comer, passando pra pegar alguma coisa rápido ou pouco tempo no final do dia depois dos jogos. Pouco tempo mesmo;

2) Alimentação. Sem dúvida é o que mais chamou a atenção. Nenhum refrigerante nas mesas, comidas leves, nada de doce nas bandejas. Jogadores cuidando o dia todo da alimentação;

3) Cara de poucos amigos. Acostumado com minha época que existia interação, diversão, resenha. Hoje é cada um por si. Você passa, eles te dão bom dia e só. Focados no torneio;

Meligeni mostra a vista e quanto custa para sentar na quadra central de Roland Garros

4) Celular, o melhor amigo dos jogadores. Sem dúvida o ponto mais distante da minha época e negativo. Ninguém conversa com ninguém. O tempo todo estão no Zap Zap ou mídias. Almoço ou jantar entre vários jogadores? Nem pensar.

5) Times gigantes. Hoje os jogadores viajam com um time maior. Quanto melhor o jogador, mais gente no time. Treinador, preparador físico, físio, agente, família e por aí vai.

Nadal na resenha, Wawrinka ouvindo música e meninas se divertindo; veja bastidores de Roland Garros

Não sei te dizer se melhorou. Ficou mais chato. Mais profissional, é verdade, mas sem alma, sem o sorriso no rosto. Poucos são os jogadores que ainda vivem focados, mas olhando pra fora. Uma nova era. Uma nova maneira de viver o tênis.

Dentro da quadra o resultado, com certeza, é positivo. Vi grandes jogos, e certamente hoje em dia não se pode fazer nada mais ou menos. Sem esse empenho e foco, quem não acredita nisso fica bem pra trás.

Serve de alerta aos nossos jovens jogadores que pensam em um dia ter a chance de estar em um Roland Garros.

Como costumamos dizer, menos Chacrinha e mais suor. Menos calça jeans e mais saibro nas meias. Menos beijinho e mais direita na cruzada e paralela. Menos descanso e mais dor no corpo.

Fonte: Fernando Meligeni, blogueiro do ESPN.com.br

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O que vi da rotina dos jogadores em Roland Garros. Uma nova era do tênis

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O que esperar de Roland Garros 2017

Fernando Meligeni
Fernando Meligeni
Murray desmotivado, Nadal favorito, Zverev surpresa?; Meligeni analisa Roland Garros

Este ano Roland Garros promete ser diferente. A gira de saibro deixou mais dúvidas do que certezas.

A única certeza é que Rafael Nadal é o grande favorito. Jogou muito bem os Master 1000 e perdeu apenas um jogo na gira. Mostrou que está bem fisicamente e com muita confiança. Sua chave não é das mais complicadas e ganhando jogos vai ficando mais e mais favorito

Os outros grandes nomes do tenis estão em baixa e precisando mostrar muito mais.

Todos os dias, a partir de segunda, acompanhe o 'Pelas Quadras', às 19h, na ESPN e no WatchESPN

Murray é o mais desmotivado e perdido do momento. Joga demais, mas não vem firme nem focado. Vai ter que tirar muita coisa de dentro para surpreender e mostrar porque é o número 1 do mundo

Djokovic vem abaixo mas com uma motivação que pode mudar tudo. Andre Agassi pode ser um condutor perfeito para este momento. Se ele precisa motivação, nada melhor que contratar o americano. Se precisa de respostas táticas o homem é incrível. Ele com certeza é o cara que pode mudar qualquer prognóstico.

Vai começar Roland Garros! Nadal puxa fila dos favoritos nas apostas; veja

Stan. Será que mais uma vez ele vai jogar bem o grande evento? Precisa melhorar muito para ter chances. Joga muito os Slams e esperamos que venha focado.

Zverev e Thiem. Dois da nova geração que podem ir longe. Zverev pegou uma bela pedreira de cara: Verdasco. Acredito no moleque mas é o torneio da vida dele. Thiem tem tudo para ir longe. Já o fez no ano passado.

Dos brasileiros, gostei da chave dos três. Na verdade, gostei muito. Me preocupa o pé do Rogerinho. Espero que se recupere.

Quem puxa fila nas apostas para Roland Garros é Simona Halep; Meligeni analisa disputa 'aberta'

Bia Haddad. Cuidado com ela! Ela pode ir longe. É só acreditar.

É um prazer poder assistir tudo isso de pertinho. Estarei na primeira semana em Paris assistindo aos jogos. Que felicidade!

Fonte: Fernando Meligeni

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O que esperar de Roland Garros 2017

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Não façam do tênis um esporte midiático e televisivo sem alma e história

Fernando Meligeni
Fernando Meligeni

De tempos em tempos volta a discussão sobre mudanças nas regras do tenis.

Li ontem e hoje dei uma boa estudada a respeito do que a ATP vai fazer com as experiências no Master da nova geração. A ideia de ter um evento que quase não vale nada e tem o intuito de promover a nova geração dá a liberdade de ousar, experimentar ou simplesmente debater.

Na pauta, algumas velhas novas mudanças voltaram, outras mais radicais apareceram. A maioria já nasceu morta.

Clive Brunskill/Getty Images
Jovens tenistas participam do lançamento do Next Gen ATP Finals
Jovens tenistas participam do lançamento do Next Gen ATP Finals
  • Best of 7 games

Sets com melhor de sete games, sem vantagem nos games. O jogo seria em melhor de 5 sets. Sem duvida, a intenção é fazer com que os jogadores e o público sintam que todos os games valem. 

Minha opinião:

Eu já joguei nesse formato. Achei péssimo. Foi em um torneio parecido (master da Copa Ericsson) que era mais pelo dinheiro e não valia pontos na ATP. A sensação como jogador foi ruim. Não vi o público diferente e desfigurou o esporte. Acho muita mudança junto e o tempo de jogo vai mudar pouco. Se fizerem isso, podem mudar o nome do esporte também. Isso pra mim não é tenis

  • 25 segundos entre pontos

Seriam 25 segundos entre pontos e 5 minutos de bate bola respeitados. Sempre existiu a discussão sobre os 25 segundos. Hoje, fica na mão do árbitro dar ou não a punição. Quem não se lembra da discussão do Nadal com o Bernardes? Outra mudança é que, a partir do segundo que os jogadores entram em quadra, eles tem 5 minutos. Sem enrolação

Minha opinião:

Acho positivo pelo lado de não ter mais a mão de alguém ao dar ou não a punição. Vejo que muitas vezes o jogador cansado usa e abusa do tempo e paradas estratégicas. Já fiz muito isso. Deixa de ser subjetivo e obriga o jogador a jogar dentro da regra. Acho legal. A parte dos 5 minutos do aquecimento acho perfeita!

Meligeni avalia anúncio de Federer em não jogar o Aberto da França: 'Fez a decisão certa'
  • Sem let

Muito se fala a respeito. A ideia é tirar o let.

Minha opinião:

Acho PÉSSIMO. Fazer que o esporte fique mais de sorte, mais imprevisível, nivelando por baixo. Perder ou quebrar um saque porque ele bateu na rede me parece pequeno e sem necessidade. Outra pergunta: quantas vezes em um jogo a bola bate na rede e volta o serviço? Não são tantas para mudar a regra. Eu não mudaria. Acho que é um grande erro e existe a possibilidade de parecer uma gincana - e não um esporte.

Meligeni elogia postura de Bia Haddad: 'Pode chegar ao Top 30 sem problemas'
  • Falar com o técnico

A ideia é liberar a comunicação entre o jogador e o técnico.

Minha opinião:

Eu acho que esta regra demorou demais a mudar. Me parece ridículo ter um treinador e ele não poder falar na hora mais importante do jogo. Ele te treina e, na hora da execução, ele não pode te ajudar. Acho que tem que ser bem feito, para não banalizar ou ficar uma falação feia. Mas tem que liberar. O jogo melhoraria e teríamos alternâncias táticas importantes nos jogos. Eu aprovo.

Meligeni sobre conquista de Nadal em Madri: 'Está ganhando tudo, com tranquilidade'
  • Opinião geral

Sinceramente, não acho que as regras sejam o problema do esporte. Quem reclamou de um Federer contra Nadal na final do Australian Open? Foi longo? É só mudar para melhor de três sets. Eu não mudaria e acho que seria um grande erro.

Claramente, o que falta ao tênis são jogadores mais carismáticos, com mais engajamento com o público, mais acessíveis e com menos travas. Menos jogador robô, menos regras duras que um tenista não pode jogar a raquete no chão, não pode olhar pro lado, não pode nada.

Menos caretice dos dirigentes, menos politicamente correto, achando que um tenista ao jogar a raquete no chão está deseducando seu filho. O mundo mudou e nem por isso o esporte precisa ser exatamente igual. Existe sim uma necessidade de melhorias, mas não mudanças desse porte.

Não façam do tênis um esporte midiático e televisivo sem alma e história.

Fonte: Fernando Meligeni, blogueiro do ESPN.com.br

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Não façam do tênis um esporte midiático e televisivo sem alma e história

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Chegou a hora de parar

Fernando Meligeni
Fernando Meligeni

A frase "Atleta morre duas vezes" é uma das grandes verdades que eu já escutei, li e vivi.

Hoje acordei com a notícia que o Juan Mónaco, ex top 10, e com uma linda história no tênis decidiu se retirar do esporte.

O parar de jogar e exercer uma rotina das mais duras e incríveis que você pode ter é uma mistura de dor, medo, insegurança, alívio e sensação de estar totalmente perdido.

Um atleta vive a vida para o esporte. Um dia isso acaba. De um dia para o outro você não faz mais o que fazia e passa a ser um "ex". O respeito pela sua carreira continua, mas a diferença entre ser um altera um um ex-atleta é gigante. É basicamente como querer pedir emprego desempregado ou te consultarem para você mudar enquanto você está empregado e feliz.

Sou um dos atletas que não posso reclamar. Parei na hora certa, venho tendo uma carreira pós muito legal, continuo no esporte que amo e tendo alguma relevância. Mas será que lá no íntimo isso basta? Podem ter certeza que não. O buraco, a escuridão e as lembranças são grande e devastadoras, só os fortes e os que conseguiram achar caminhos que te tragam alguma adrenalina suportam e voltam a sorrir.

Não acredito em uma fórmula, mas com certeza o parar na hora certa, o ter dado o seu 110% e o ter vivido intensamente o esporte podem ser maneiras mais brandas de conviver com a saudade.

Eu parei há 14 anos e ainda sonho com quadras lotadas, adversários impossíveis, jogadas incríveis, títulos que poderia ter vencido e jogadores que nunca imaginei vencer.

Ser tenista é das melhores coisas que vivi na vida. Ser ex-tenista é das mais tristes que um verdadeiro atleta vai ter que carregar. Por isso, se jogue, aproveite cada jogo, cada treino, cada cidade e cada sensação.

Tenista: o verdadeiro significado de ir atrás dos seus sonhos, lutar pelas suas vontades, passar dos seus limites. Amar a vida e desafiá-la todo dia.

 

Fonte: Fernando Meligeni, blogueiro do ESPN.com.br

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Amizade no circuito

Fernando Meligeni
Fernando Meligeni

Existe muita história sobre amizade no circuito. Será que os jogadores são amigos? Se toleram? São politicamente corretos?



Vi e vivi muitas histórias. Fiz amizades verdadeiras, sou amigo de 'oi e aí' de muitos, fui amigo e me distanciei, nem tentei ser amigo...

Realmente a palavra amigo é complexa, mais ainda quando você luta pelos mesmos ideais e espaço. São poucos que tem estômago e inteligência para entender que jogo se ganha na quadra, e espaço se conquista pelo seu caráter e verdade.

No circuito fiz amigos. Poucos de verdade, poucos que se preocupam com você durante e após a carreira. Conto nos dedos, mas fiz. A amizade pode acabar por uma discussão em quadra ou uma atitude fora dela.

O mais normal é que, se a discussão ou problema foi normal, dentro da ética do jogo, a briga fica só no jogo. Caso o problema for 'de sacanagem', atitude antidesportiva, então o 'bicho pega' e a discussão vai para o vestiário. Neste caso, provavelmente, a amizade acaba.

Como no escritório ou na vida, nós também temos códigos e respeito ao outro. Quem passar fica marcado. Poderia marcar muitos nomes de amigos, desafetos, brigas, caras éticos que conheci.

1 - Amigo André Sá. Por ter jogado na mesma época e ter disputado vaga em time, jogos contra, poderíamos ter nos confundido. Mas tenho a maior admiração pelo querido amigo.

2 - Grande parceiro Guga. Vivemos muitas coisas. Aprendi demais com ele e tenho certeza que algo ensinei também. Nos separamos, mas somos amigos. Respeito demais o que ele fez e faz pelo tênis. Somos diferentes, mas verdadeiros parceiros.

3 - Amigo de circuito que virou amigo de verdade. Podemos fazer uma lista. Amigos que nos apoiaram, nos ajudaram em treinos e momentos duros. Amigos que nos surpreenderam. Aqui vou colocar o Fábio Silberberg. Quase morri quando entrava na quadra para jogar a semi de Roland Garros e vejo o Fábio lá sorridente. Não poderia perder este momoneto, então, de um amigo tão querido. Que sensibilidade. Que atitude maravilhosa.

4 - Técnicos. Edu Faria. Aqui posso colocar muitos. Ou melhor, todos que trabalharam comigo e deram o sangue. Mas o Edu é especial. Meu preparador físico que me fez mudar de estágio, mudar de patamar. Me colocou no ponto. Não era o que mais ganhava, não era o que mais viajava, mas era um gênio. Deu o sangue, deu a vida pelo meu objetivo. Nunca poderei retribuir. Nunca poderei dizer o quanto ele foi e é incrível.

5 - Por último, imprensa. Aqui coloco André Kfouri. Tão complicada a relação. Tão difícil para o jornalista ficar próximo do atleta e ser ético, ser correto. André Kfouri é o que eu simplesmente admiro de um jornalista. Teve todas as notícias na mão. Teve furos incríveis, fotos comprometedoras, viu coisas que um jornalista qualquer poderia esquecer em uma amizade. André é ético, é verdadeiro, é correto, é humano e é incrível. Sou fã desse incrível jornalista que virou amigo, que virou da minha família e hoje é um verdadeiro irmão.

Espero ter mostrado a relação de amizade do circuito. Com ela, faço uma singela homenagem a pessoas que eu admiro. Pessoas que eu até hoje me relaciono.

Fonte: Fernando Meligeni, blogueiro do ESPN.com.br

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Amizade no circuito

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A semana gigantesca de Bia Haddad, e o que isso revela sobre o tênis brasileiro

Fernando Meligeni
Fernando Meligeni
Getty
Bia Haddad conseguiu a maior vitória da carreira sobre Samantha Stosur
Bia Haddad conseguiu a maior vitória da carreira sobre Samantha Stosur

A gigantesca semana de Bia Hadad até o momento, com vitórias sobre Christina McHale (top 50) e Samantha Stosur (top 20), me faz debater um assunto mais do que importante.

Nos últimos dez anos o tênis brasileiro foi patrocinado pela nossa entidade maior com ajudas de viagens e, pela proximidade dos Jogos Olímpicos, a maioria dos jogadores foi ajudada por muitas empresas.

Se por um lado isso foi fundamental para que nossos melhores tenistas jogassem com mais tranquilidade - e que fique claro que é mais que merecido -, o lado negativo é que acomodou muita gente.

Vou tentar explicar melhor.

No caso da Bia, por exemplo, ela sempre foi ajudada e teve patrocinador. A entidade pagou seus treinos e foi uma promessa bem ou mal ajudada. Quando teve uma grande dificuldade, perdeu patrocínios, percebeu que não tem muito dinheiro em caixa, e o que aconteceu? Consegue seus melhores resultados. Será que isso está de alguma maneira fazendo sentido?

Meligeni diz que Sharapova voltou ao tênis mais magra e analisa queda em Stuttgart

Outros jogadores - sem dar nomes - são ajudados, ajudados e ajudados. Passagens, dinheiro para viajar, treinadores pagos e, lá no fundo, vejo uma falta de compromisso ou comprometimento. Aquela história que já escutamos. Se não der certo, meu papai ajuda. Tenho um plano B. É o pior. Acha que seus problemas apenas acontecem porque não tem grana pra viajar.

Outros é bem verdade, não tem dinheiro e perdemos grandes valores porque a família não tem condições e ao não viajar, treinar bem, ficam pelo caminho.

Mas então qual é a fórmula?

Sem dúvida nenhuma, é um meio termo. Não fazer política, não passar a mão na cabeça e estar próximo da verdade e do dia-a-dia do jogador. Saber se ele está fazendo por merecer. Só ajudar quem vem trabalhando, viajando e vivendo o tênis.

Meligeni se derrete pelo 'impressionante' Rafael Nadal e destaca o bom momento físico

Nos outros países, os jogadores chegam sem ajuda, viajando e ficando na Europa sem grana e com muito amor ao esporte. Aqui não me parece bem isso. Vejo uma dificuldade gigante de ABDICAR. Das coisas boas da vida. Da namorada. Da sua cidade. Dos amigos...

Convido os amigos tenistas, fãs do esporte, entidades e técnicos a discutirem comigo.

Viva os jogadores que lutam, amam e dão a vida pelo tênis.

Viva Bia, que teve todas as chances de desistir, desmotivar, mas consegue a cada dia se firmar e mostrar que o trabalho, o compromisso, o comprometimento e o amor ao tênis têm seu resultado - rápido ou demorado.

Fonte: Fernando Meligeni, blogueiro do ESPN.com.br

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O que a última semana mostrou de Nadal e Sharapova

Fernando Meligeni
Fernando Meligeni
Getty
Rafael Nadal e Maria Sharapova, os destaques da última semana no tênis
Rafael Nadal e Maria Sharapova, os destaques da última semana no tênis

Dois dos maiores nomes do circuito começaram a última semana em momentos bem diferentes. Rafael Nadal lutava pela sua décima conquista em Barcelona; Maria Sharapova entrava em Stuttgart para tentar deixar pra trás o pior momento da sua carreira e começar uma nova fase.

O espanhol mais uma vez mostrou ao mundo como se joga no saibro. Sólido, profundo, sem erros e com muito apetite, voltou a ganhar sem problemas. É bem verdade que pouco ou nada foi colocado à prova: chegou à final sem maiores problemas e na decisão passou por cima de Dominic Thiem.

Veja lances da vitória de Rafael Nadal sobre Dominic Thiem por 2 sets a 0

Rafa deixa claro que, quando está sem problemas físicos, não tem adversários no saibro. Pode até não ganhar Roland Garros, mas nem público, nem imprensa e nem jogadores acreditam que exista outro favorito em Paris.

A russa jogou acima do esperado e teve uma mistura de sensações. Perguntas ásperas nas coletivas, adversárias com pouca ou nenhuma tolerância, público dividido.

Veja lances de Kristina Mladenovic 2 x 1 Maria Sharapova

Se na quadra ela mostrou que rapidamente vai voltar entre as 10 do mundo, fora da quadra me parece que vai demorar um pouco mais para conquistar a maioria. A semi e os convites para as próximas semanas vão trazer a russa para mais jogos, mais problemas e chances de tentar esquecer o passado.

Fonte: Fernando Meligeni, blogueiro do ESPN.com.br

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Um outro ponto no debate sobre Maria Sharapova

Fernando Meligeni
Fernando Meligeni

A russa Maria Sharapova volta ao circuito nesta semana, depois de pagar sua punição de um ano por doping.

Para um tenista, sem dúvida nenhuma, é a marca na carreira que ninguém quer ter.
Ser declarado doping positivo pode acabar com a sua credibilidade e, infelizmente, isso sempre será jogado na tua cara.

Do lado do esporte, a punição de uma das maiores expoentes do tênis feminino trouxe um pouco de credibilidade a um sistema destruído depois das declarações de Andre Agassi em seu livro.

Falado isso, queria colocar outro ponto em debate...

Acredito que a ATP, ITF e a WTA deveriam se juntar e formatar uma regra que atleta que for pego no doping não pode receber convite para torneios. Sua volta ao circuito teria que ser feita como todos os tenistas fazem: jogando futures e chalengers...

Dois pontos positivos:

1 - A punição fica mais severa e faz com que o tenista sinta seu erro ainda mais. Jogar campeonatos futures depois de ser número 1, 10 ou 50 do mundo é muito ruim para eles

2 - Para os torneios, é uma chance de ver grandes nomes em disputas menores. Mesmo sendo muito bom, o jogador vai ter que jogar, no mínimo, uns dez campeonatos pequenos antes de conseguir sair desse nível

Podem me achar duro, mas precisamos ver punições mais severas, que façam os infratores terem mais medo. 

Fonte: Fernando Meligeni

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