Os boleiros e seu engajamento
George Weah, único jogador africano a ser eleito o melhor do mundo da Fifa, em 1995, é hoje presidente da Libéria. Ele tenta, creio, fazer o melhor para o seu povo, que sofre as agruras de viver em um país com um dos piores IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do planeta.
No Brasil, há muito estamos acostumados a ver boleiros enveredando pela política. João Leite, Biro-Biro, Danrlei... Romário, senador, é quem tenta chegar mais longe na carreira pública.
Pela importância que tem o futebol no país, é natural que jogadores ganhem projeção e é legítimo que a usem quando o desejo é concorrer a um cargo político. Assim como é um direito deles, como de todo cidadão, de manifestar suas preferências políticas.
Nesta corrida presidencial, tivemos cinco casos mais notórios de manifestação pública de jogadores e ex-jogadores famosos a favor de um candidato. O mesmo, no caso: Jair Bolsonaro, do PSL. O volante Felipe Melo, do Palmeiras, ofereceu um gol ao candidato. Jadson, do Corinthians, declarou seu voto em entrevista. Lucas Moura, do Tottenham, deu seu apoio via Twitter. Rivaldo também tornou público seu voto. O mais recente foi Ronaldinho Gaúcho, que postou uma foto sua com a camisa da Seleção Brasileira e o número 17 às costas. Juninho Pernambucano talvez tenho sido a voz mais forte contra o político. Casagrande também se manifestou. Mas os apoios fizeram muito mais barulho que as críticas.
Houve uma atuação imediata de alguns clubes aos quais os atletas estão ligados. O Palmeiras logo tratou de dizer que era uma opinião pessoal que nada tinha a ver com posicionamento do clube. O Corinthians seguiu o mesmo caminho. Quem pode ir além, segundo a imprensa espanhola, é o Barcelona. O jornal catalão Sport noticiou que o clube estuda medidas de afastamento em relação a seus dois ídolos porque a plataforma de Bolsonaro iria contra os princípios do clube.
Novamente, creio ser um direito dos jogadores de futebol manifestarem seu apoio a candidatos em um processo democrático. Assim como os clubes têm também seu direito de se dissociarem das opiniões pessoais desses mesmos atletas. Entretanto, dada a projeção que têm, jogadores e ex-jogadores deveriam se aprofundar um pouco mais nesses apoios. Explicar quais as ideias dos candidatos que julgam ser importantes, quais pontos dos planos de governam acham essenciais, enfim, esmiuçar as razões desse apoio. Grandes poderes trazem grandes responsabilidades, já dizia o tio do Homem-Aranha.
O engajamento dos atletas em questões para além do campo é algo desejável e necessário, mas é importante que seja algo sustentado em argumentos. Manifestar voto é pouco pela projeção que têm, é preciso explicar, qualificar o debate. E que bom será, também, passada a eleição, se esse engajamento se der nas questões relativas à administração do futebol como um todo. Nisso, os atletas brasileiros estão devendo bastante.
Fonte: Maurício Barros
Os boleiros e seu engajamento
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