Espanha tem posse de bola. Mas gol que é bom…
A Espanha mostrou nesta segunda-feira (14) quanto a posse de bola pode tornar um jogo enfadonho, sem graça e sonolento - se não vier acompanhada de ousadia e criatividade. A seleção três vezes campeã europeia chegou a ter 84% contra 16 da Suécia, nesse quesito endeusado em estatísticas, no jogo disputado em Sevilha, pela Euro-22. E sabe no que resultou? Em empate de 0 a 0.
Isso mesmo, nada de gol, que até onde eu aprendi é o que atrai no futebol. Eu não me encanto com toca pra cá, toca pra lá sem objetividade, numa lenga-lenga pra touro dormir. A Espanha gaba-se de ser mestra na arte do tiki taka, pois dessa forma ganhou dois títulos continentais e o Mundial de 2010.
Mas com uma diferença decisiva: no período de 2008 a 2012, o auge das taças e do recurso estratégico, tinha uma geração melhor do que a de hoje, de qualidade mais requintada e preparada para aquilo. Uma década atrás, os espanhóis trocavam passes para estontear o adversário e darem a estocada na hora agá. Foram felizes assim.
Na partida de agora há pouco em Sevilha o efeito foi o contrário: o que deveria ser evidência de superioridade foi só demonstração de limitação prática. A Espanha girou a bola para todo lado, como se estivesse num treino. Teve aquele jeito despreocupado de nem sujar o uniforme, na certeza de que o gol viria quando quisesse.
Os suecos, que não são bobos, se contentaram com seus 16%, 18% de posse, porque logo perceberam que daquele mato espanhol não sairia coelho algum. Ao se fingirem de sonsos, quase surpreenderam, num lance lá pelos 30 minutos do segundo tempo, em que Isak encarou a defesa rival e deixou Berg na cara do gol; o moço chutou pra fora.
Seria castigo e tanto para essa praga de tiki taka, que era vistosa no Barcelona de Guardiola. Lá, sim, a turma trocava passes e um monte de vezes aparecia na área para concluir. Não por acaso foi o maior Barça da História.
Agora, não. A Espanha bateu recorde de trocas de passes no campo inimigo para criar, com boa vontade, quatro chances: duas no primeiro tempo, com Morata e Olmo. E duas nos minutos finais, no sufoco, com Moreno e Sarabia. O goleiro Olsen foi bem em todos os lances.
Posse de bola numa diferença tão descomunal não torna o futebol bonito. Tem efeito reverso: deixa-se o sem ritmo, sem emoção. Nem robô joga assim.
Espanha tem posse de bola. Mas gol que é bom…
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