Palmeiras, campeão há 30 anos. Vitória no campo e no Jornalismo
Amigo palestrino, permita que relembre com você um episódio marcante na minha carreira. Aconteceu há 30 anos, num dia de 12 junho para lá de especial. Era final do Campeonato Paulista, Palmeiras e Corinthians decidiam a hegemonia local.
Tensão intensa, o Palestra vivia seca de títulos desde 1976, ano em que, no fim carreira do Divino Ademir da Guia, fazia sua última festa. O jejum incomodava, já criara sentimento de inferioridade numa das torcidas mais vitoriosas do país. E, para complicar, tinha pela frente o maior rival. Para piorar, na partida de ida tinha perdido por 1 a 0, no famoso "gol porquinho" comemorado por Viola.
Na época, eu era chefe de Esportes do Estadão, uma responsabilidade e tanto. O jornal vendia muito anúncio classificado. Por isso, no sábado pela manhã já tinha pronta uma edição do domingo, que ia para bancas da capital e muitas cidades do interior. Os leitores queriam ver ofertas do dia seguinte.
Para a redação, era um problema, pois tínhamos de preparar duas tiragens: uma "fria", com reportagens preparadas na sexta-feira. E outra "quente", com as informações do sábado. Jornada dupla - e nem sempre compreendida pelo leitor. Afinal, ele ficava indignado porque não recebia, fora de São Paulo, o jornal "completo". Parecia que era preguiça dos redatores.
Tanto insisti, tanto enchi a paciência da direção, que consegui suspender a edição sem graça, de começo de sábado. Com o compromisso de que, assim que houvesse o apito final, estaria tudo pronto. Bateu aquela adrenalina, mas topei o desafio. Chamei uma tropa de choque para me ajudar e deixamos tudo no jeito.
A bola rolou, Zinho fez o primeiro gol, vieram os gols de Evair e Edilson. Junto com eles, veio a prorrogação. A gente ali, batucando nos computadores, e o pessoal da cúpula só de olho, com cronômetro na mão. Confusão no campo, expulsões, e o risco de atraso. Até o gol final, do Evair, de pênalti. Palmeiras campeão.
Palmeiras, enfim, campeão, como foi a manchete que dei. Com um requinte: o Estadão foi o único jornal a dar pôster gigante, em página dupla, com foto do dia, quentíssima. Todos os leitores do jornalão naquele sábado à noite e no domingo receberam edição com respeito a eles, com respeito ao campeão, com respeito a profissionais que olhavam para o Jornalismo e não apenas para o comercial.
Tenho saudade de fazer aquele tipo de jornal, em que todos iam para casa satisfeitos com o dever cumprido. E, no fundo, no fundo, havia também a alegria pessoal, de quem curte futebol e vê a alegria de uma torcida campeã.
Palmeiras, campeão há 30 anos. Vitória no campo e no Jornalismo
COMENTÁRIOS
Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.