São Paulo e Daniel Alves: o que era frágil acabou
A separação entre São Paulo e Daniel Alves pegou muita gente de surpresa nesta sexta-feira (10). Confesso que não me espantei com o comunicado emitido pelo clube, em que dá conta do rompimento com o jogador. Há tempos surgiram sinais de que a parceria fazia água; bastava olhar para o caso sem emoção.
Daniel não é novato no mundo do futebol. Já rodou um bocado, tem um monte de taças (considera-se o maior jogador da história), viveu as mais variadas situações. Não dá ponto sem nó, não faz declarações mais polêmicas só por fazer.
E foram vários os índícios de que o desgaste era crescente. Fora o notório atraso em pagamentos combinados em contrato, só não viu quem não quis que a distância seria incontornável, quando veio a liberação para a disputa dos Jogos Olímpicos, num momento importante para o São Paulo. (Se bem que enfrentou o Palmeiras, assim que desembarcou da aventura japonesa.)
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Em seguida, teve o desabafo do lateral, após o ouro em Tóquio, dando a entender que sempre colocaria a seleção como prioridade. O que foi confirmado com a participação nos recentes compromissos da seleção pelas eliminatórias para o Mundial do Catar. Um fez questão de ir, o clube não tentou demovê-lo da ideia.
O lance final, ao menos por enquanto, se concretizou com a ausência nos treinos desta sexta-feira. Sem rodeios, a justificativa foi o atraso porque tem grana para receber. Só o mais fanático tricolor poderia imaginar que havia apenas ruídos, pequenas rusgas nesse relacionamento, que começou como um dos mais promissores - na visão de quem o trouxe para o Morumbi - e terminou com gosto de decepção e ressentimento de ambos os lados.
Antes que alguém diga que Daniel Alves é mercenário, eu respondo que isso é injusto. O que está colocado no papel, assinado pelas partes e reconhecido em cartório, deve ser cumprido. Se o São Paulo prometeu ao jogador mais do que poderia honrar, é problema dele. Não importa se o acertado seja R$ 1 ou 1 milhão; compromisso é para ser levado.
Dias atrás, no SportsCenter da tarde, na ESPN Brasil, participei de entrevista com o diretor de futebol, Carlos Belmonte. Ele foi bem transparente ao reconhecer que a falha, pelo não pagamento, é do clube, com uma leve cutucada na direção anterior, responsável pelo acordo. Incrível como se joga dinheiro pela janela...
Belmonte deixou no ar forte evidência de que tudo se encaminhava para o encerramento do vínculo, ao dizer que seria feita uma proposta e que, se o jogador não a aceitasse, “então se verá o que fazer”.
O tal do “que fazer” foi o adeus, sem choro nem vela, nem cartinha de despedida.
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Daniel, vencedor e excelente atleta, talvez tenha se imaginado acima do São Paulo. Não há nenhum jogador, do presente ou do passado, maior do que o clube. Por mais taças que tenha colecionado na carreira.
Agora a conversa será entre advogados. Triste fim de uma parceria frustrada - e cara. Fez lembrar a cantiga de roda: "O anel que tu me deste era vidro e se quebrou. O amor que tu me tinhas era pouco e se acabou."
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