O Palmeirense que não gosta do estilo do Abel. Tem, e eu conheço
Tenho um amigo palmeirense - daqueles históricos, não modinha - que não gosta do Abel Ferreira. Não tem jeito, o português pode ficar 20 anos no clube, pode ganhar dezenas de títulos, mas este querido corneteiro não se sente atraído pelos métodos lusos. “Medroso” é o adjetivo mais suave que usa para definir sua crítica.
Este fraternal colega apega-se, de forma irredutível, à escola palestrina das “Academias”. É fanático por aquelas dos anos 60 e 70, que giravam em torno do talento de Ademir da Guia. Os jogadores e a forma de jogar de então são para ele a essência do Palmeiras. Digo-lhe que também sou apegado às gerações de Djalma Santos, Dudu, Servilio, Luis Pereira, César Maluco, Leivinha, Vavá, etc.
“Mas são outros tempos, argumento.” Ele não aceita e diz. “Com os jogadores que o Palmeiras tem hoje pode jogar muito mais, e mais agressivo.” Vamos lá.
Mostro que o time, sob comando de Abel, tem sido não só eficiente, como equilibrado também. Não me ligo nessas estatísticas que rodam por aí, que no fundo são mais curiosidades para discussões do que dados científicos.
No entanto, há dados concretos. Na maioria dos títulos conquistados nos últimos três anos - e foram tantos -, o Palmeiras leva a taça com o maior número de vitórias, o menor número de derrotas; em geral, com o melhor ataque e a defesa que menos buscou bolas nas próprias redes. Fica um tempão sem perder e tem atletas lembrados na “formação ideal.” (Não, neste item nem tanto.)
O que escrevi entre parênteses pode parecer negativo; no entanto, é um dos segredos do sucesso. O Palmeiras da atualidade pode não ter superastros, como alguns de seus rivais ou como ele mesmo teve no passado. Porém, a harmonia entre os setores é gritante, raras vezes vista num elenco competitivo.
Eis algo para notar: sem dar na vista, sem parecer, o Palmeiras é um rolo-compressor. Não massacra adversários, no sentido de enchê-los de gol. Não faz 5 de uma vez e, em seguida, passa semanas na seca. Vai com regularidade nos seus 2, 3, muitas vezes 1 gol de diferença, com constância.
Quantas vezes parece pressionado, empurrado para o próprio campo, sem que o rival, na prática, consiga furar as muralhas? Como os alas, a zaga se fecham? Como Menino e Zé Rafael, os titulares do meio hoje, compactam o setor? Quantas defesas absurdas Weverton tem de fazer? (Faz várias, claro, porque é ótimo.)
Como Veiga, Dudu, Rony voltam também para recompor? Veja o trabalho de Breno Lopes, de Richard Ríos aos poucos inserido, se encaixa na estratégia taçada por Abel. E os mais jovens? Como o técnico os tem aproveitado, sem queimar etapas, sem jogar sujo, sem discriminar? E que acelera, que vai pra cima, que tem alternativas de bola parada, conta com zagueiros artilheiros.
Por isso, raras vezes se observa um Palmeiras destemperado em campo - isso fica para a Comissão Técnica zoeira à beira do gramado. E assim, sem dar na vista, o “Alviverde imponente” mantém, na maioria das vezes, o controle. Isso não é uma forma de ser rolo-compressor?
“Não”, diz meu amigo. E juro que não é personagem inventado. “Tem de jogar mais. O português pode sempre jogar no mínimo com três atacantes”.
Eu desisto.
O Palmeirense que não gosta do estilo do Abel. Tem, e eu conheço
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