O Rei sabia catimbar... O segredo que Pelé me contou para 'convencer' árbitros
Dia 29 de dezembro de 2022 (quinta-feira) vai ficar marcado como um dia triste na história do futebol. Morreu o cidadão Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, cujo talento excepcional com a bola nos pés o consagrou como o Rei do Futebol.
Mineiro de Três Corações, Pelé foi o grande embaixador do Brasil em todos os quadrantes do planeta, colocou a nação em destaque no mapa do mundo. Nos vários países por onde andei no decorrer da carreira de árbitro de futebol, ao saber qual meu país de origem o interlocutor exclamava com um sorriso de identificação: "o país de Pelé!"
A habilidade e o carisma do Rei tiveram o condão de produzir feitos inusitados, como parar uma guerra, como ocorreu nos anos 60 em Biafra, Nigéria, onde foi acordado um cessar-fogo na guerra civil que devastava a região para que a população pudesse assistir uma apresentação da equipe do Santos liderada pelo Rei. Na Colômbia, em 1968, a idolatria fez com que a regra do jogo fosse subvertida num amistoso entre o Santos e a seleção olímpica colombiana, no estádio El Campin, em Bogotá, quando o árbitro Guillermo Velasquez expulsou Pelé por reclamação. Revoltada, a torcida vaiou o árbitro e exigiu a volta de Pelé ao jogo. No fim, quem acabou "expulso" foi o árbitro, instruído a deixar a partida e ceder o apito para um dos bandeirinhas.
Estive com Pelé em dois momentos: em 1996, quando apitava o campeonato paulista, ele foi o palestrante e contou inúmeras histórias. A segunda vez foi em 2012 no Palácio Piratini, sede do governo gaúcho, onde ele foi recepcionado pelo então governador Tarso Genro, e eu era o diretor executivo do Estado na Copa/2014.
Batemos um longo papo sobre jogadores e árbitros e ele confessou, divertido: algumas vezes quando o jogo estava difícil eu me abraçava na área com o zagueiro e gritava “Pênalti!” – o árbitro imediatamente apontava para a marca da cal, quando via os dois caídos dentro da grande área. O Rei sabia catimbar.
Contou-me também que vibrou quando eu marquei o pênalti na final do Brasileirão de 2002 entre Santos 3 x 2 Corinthians, referindo-se ao lance das oito pedaladas do Robinho, quando foi tocado pelo lateral Rogério - eu estava próximo da jogada e marquei pênalti.
O Rei era humilde, simpático e cordial. Foi autor de gols antológicos, passes magistrais e dribles sensacionais. Celebrado no mundo inteiro e responsável por alguns dos momentos mais sublimes do futebol, Pelé merece os agradecimentos de todos os fãs do futebol. Ele fez do esporte sinônimo de alegria, encanto e magia.
Obrigado por tudo, Rei. Descanse em paz.
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