Entre o Ironman 70.3 e o Full, ambos em Florianópolis, em meio a correria de uma rotina nada fácil, Galvão (como prefere ser chamado), respondeu prontamente às nossas perguntas. E nos parabenizou pelo projeto Elas no Triathlon. Pela iniciativa de atrair e ajudar cada vez mais mulheres a aderir ao esporte. Leia abaixo, o resumo da entrevista feita no dia 29 de Maio de 2019.
ELAS: Conversemos com sua equipe - dos montadores, produtores, ao “recepcionista” de atletas pós-pórtico. Como consegue manter uma equipe motivada, especializada e fiel, durante tantos anos?
CG: A equipe é altamente envolvida com o esporte e há uma grande sinergia entre todos. Existe um bom ambiente de trabalho. O que favorece a baixa rotatividade da equipe e sua fidelidade.
ELAS: A indústria de cosméticos teve um crescimento exponencial em relação aos anos anteriores, o que a equipara com as indústrias: farmacêutica e de acessórios esportivos. Ao que se deve esse crescimento em relação aos esportes (no geral)?
CG: Está cada vez mais claro para a população que é importante implementar uma rotina saudável no cotidiano, e o acesso à informação cada vez mais abrangente garante que haja um desenvolvimento neste setor.
ELAS: Você enxerga algum tipo de preconceito em relação as mulheres, no esporte - especificamente o Triday Series e no Ironman?
CG: Por parte da Unlimited Sports, nenhum.
ELAS: Existe alguma diferença entre a participação das mulheres brasileiras, se comparadas às edições internacionais? O que difere?
CG: Conceitualmente, nenhuma diferença. Apenas no exterior, o percentual de mulheres praticantes é um pouco maior.
ELAS: "E se eu não conseguir terminar a tempo? O que acontece?" O medo pode ser paralisante. Como podemos esclarecer essa questão? O que realmente acontece? A pessoa é retirada (à força) da prova? O pórtico permanece até a chegada do último atleta? Ou é desmontado? Toda a equipe de produção, fica no aguardo? Existe algum protocolo internacional a respeito do que deve ser feito?
CG: O atleta é comunicado sobre o tempo de corte pela nossa equipe e é oferecida a opção de transporte até a chegada. Nunca tivemos problema em relação a essa questão, uma vez que os atletas estão de fato cientes sobre esta regra. Todos os atletas têm assistência garantida até o final da prova – chegada ou corte.
ELAS: No Brasil, qual foi o maior tempo que uma pessoa demorou para concluir a prova? (extrapolou o limite das 17 horas). Quem estabelece o tempo de corte?
CG: Algumas pessoas já extrapolaram este limite, mas por poucos minutos além. Mas esses poucos atletas que não conseguem terminar no tempo oficial, recebem a medalha de finisher da mesma maneira. O tempo é estabelecido pela WTC.
ELAS: Em relação aos anos anteriores, as mulheres, pouco se atreviam no esporte. Atualmente, é possível mensurar o quando esse aumento, de participação, representa em números (faturamento)? Se comparado ao movimento masculino.
CG: A média de participação feminina é de 18% nas provas IRONMAN e IRONMAN 70.3 e 22% em TRIDAY. Houve sim um crescimento, mas ainda aquém do potencial.
ELAS: Qual é a estimativa de crescimento do mercado para os próximos anos?
CG: O crescimento do mercado está ligado a fatores que ainda não conseguimos prever ou garantir como, por exemplo, a economia do país. Mas esperamos que o esporte cresça como um todo.
ELAS: A participação das mulheres cresceu numa época em que os meios de comunicação eram escassos. Como enxerga a participação da nova geração de triatletas no Ironman, com a overdose de informação, promovida pelos inúmeros meios de comunicação atuais?
CG: Sem dúvida, o acesso facilitado a informações, impulsiona a divulgação do esporte e, consequentemente, mais adeptos. Esperamos aumentar gradativamente a participação das mulheres no Triathlon.
ELAS: Como vê a importância da realização de projetos como o Elas no Triathlon? Cujo o objetivo é transmitir conhecimento, incentivar a prática do esporte e a participação nas provas do Ironman.
CG: Projetos como este são muito bem-vindos, pois promovem um estilo de vida que temos grande satisfação em promover no Brasil.
ELAS: O contrato da Unlimited, com a marca do Ironman, segue até 2020. Você pode compartilhar se teremos novidades? Mudanças? Prospecções?
CG: A priori, seguiremos 2020 nos moldes do cenário atual - 2019
ELAS: Existe algum protocolo internacional, específico, em relação a participação das mulheres? No que difere os homens?
CG: Não existe um protocolo diferenciado.
ELAS: A USP sediara pela primeira vez, talvez, o maior evento do País. Recentemente recebemos a notícia que o principal espaço de treinamento dos triatletas, será restrito. Com regras nada inclusivas e um tanto radicais. O que acha dessa polemica? Como isso pode influenciar o evento?
CG: Entendemos que a USP possui prioridades relacionadas à educação e gestão do espaço, com foco nos estudantes e profissionais da Universidade. Havendo necessidade de se estabelecer regras para utilização, é necessário que os atletas se adequem a tais ou proponham soluções que garantam o interesse de ambos.
ELAS: De todos os estados e cidades do país, como é a sua percepção da participação feminina?
CG: A participação feminina segue dentro da mesma média em todas as praças.
ELAS: O número de espectadores, cresceu na mesma proporção que a participação feminina? Qual é a edição/local que você percebe mais agitação?
CG: O número de espectadores tem também crescido, mas acredito que a participação feminina deva seguir numa crescente maior que a quantidade de espectadores. A maior agitação é, sem dúvida, no IRONMAN Brasil.
ELAS: O Brasil tem estrutura de produzir mais versões? Qual lugar você gostaria de fazer acontecer?
CG: Por enquanto, acreditamos que a quantidade de provas está adequada ao número de praticantes.
ELAS: O número de mulheres. Assim como sua participação em diversas áreas da sociedade, veem aumentando. Sua participação em provas, também é muito expressiva. A que se deve? Você acha que é apenas uma questão social - de crescimento do papel da mulher como um todo, ou deve-se a outro fator?
CG: A participação feminina é um crescente em todos os âmbitos. No esporte não seria diferente.
ELAS: Quanto a participação internacional. Como estamos? O Brasil faz parte do calendário internacional. Podemos dizer que nosso país está em qual posição no ranking de maior procura?
CG: O Brasil tem um apelo turístico que favorece a vinda de atletas estrangeiros, também reforçada pelo bom histórico de nossas provas. Com certeza, é uma opção sempre levada em consideração no cenário internacional.
ELAS: De onde vem a sua inspiração? Quem são os seus exemplos?
CG: Minha inspiração vem da busca incessante que tenho para atingir a excelência no que fazemos. Meus exemplos vêm de dentro da minha casa, da minha base e da minha formação.
ELAS: Você se vê fazendo outra coisa senão a administração geral do Ironman Brasil? Ambição maior?
CG: Teria grande satisfação em continuar contribuindo para o desenvolvimento do esporte ao consolidar mais provas no país, projeto este iniciado com o IRONMAN e reforçado com o lançamento do TRIDAY Series.
ELAS: Cada ano um novo desafio, assim como uma nova lição. Estamos no meio do ano de 2019. O que aprendeu até agora?
CG: Este ano estamos implementando algumas alterações em relação às Transições das provas IRONMAN 70.3, seguindo um alinhamento mundial junto à WTC. Esse processo de adaptação da equipe em busca de melhorias tem sido um processo bastante interessante.
ELAS: Qual foi o episódio mais incrível, ao longo de todas as produções no Brasil?
CG: Foram vários. Os mais recentes estão mais frescos na memória e posso citar a chegada do triatleta Fábio Rigueira (46). Nesta última edição do IRONMAN Brasil, o atleta terminou a prova com suas muletas e foi, sem dúvida, um momento memorável. * Devido ao câncer, perdeu sua perna esquerda e pulmão direito.
Fábio Rigueira - Exemplo de Superação. Ironman Brasil - Florianópolis 2019
ELAS: Qual seria o conselho para aquelas mulheres que estão começando e tem o Ironman como objetivo?
CG: O IRONMAN é uma prova que exige muita dedicação e o meu conselho é que se cerque de bons profissionais da área para que tenha as melhores orientações durante os treinamentos.
ELAS: Qual foi a decisão mais importante e impactante em sua vida, no que diz respeito as produções da Unlimited?
CG: Creio que tenha sido a decisão de investir no esporte em suas primeiras edições, quando o IRONMAN ainda não tinha a projeção que tem hoje.
ELAS: Sempre existe espaço para que possamos melhorar sempre. Evolução. O que acha que pode melhorar nas provas?
CG: O processo de melhora deve ser constante, precisamos estar sempre atentos à evolução do esporte, às tecnologias que surgem e, principalmente, no feedback dos atletas.
ELAS: As pessoas treinam e esperam a perfeição no Ironman. O mesmo com a produção. O que acha que pode melhorar?
CG: Cada evento possui uma especificidade e, para cada um deles, a cada edição, enxergamos pontos a serem melhorados. De uma forma geral, pensamos em sempre como melhorar a entrega final ao atleta, a experiência dele na prova.
ELAS: Qual a importância para a Unlimited S de envolver-se em projetos sociais? Quais são eles? A parte social deve fazer parte de todo grande projeto.
CG: Temos uma longa trajetória com algumas instituições as quais acreditamos e temos orgulho de apoiar: ADETRISC (Escolinha de Triathlon de Santa Catarina), AFLODEF (Associação dos deficientes físicos de Florianópolis), Casa do Pequeno Cidadão (SP), Talentos do Capão (SP), Instituto Fernanda Keller (RJ), Instituto Monike Azevedo (RJ) e Projeto Cidadão (Fortaleza).
ELAS: Como foi a decisão de fazer um Ironman em SP?
CG: Com a viabilização do TRIDAY Series USP, prontamente identificamos a oportunidade do IRONMAN 70.3 SP, o qual só foi possível graças a um trabalho conjunto com a Prefeitura de SP e a USP.
ELAS: Podemos dizer que o Triday Series é uma preliminar do Iron? A criação do TRIDAY Series se deu para atender a duas demandas principais.
CG: Disseminar o esporte entre atletas que tinham simpatia pelo triathlon, mas que enxergavam o IRONMAN como um objetivo distante, e oferecer opções de treino para atletas que já estabeleceram o IRONMAN como prova alvo.
ELAS: Seu contrato permite a criação de provas novas onde quiser no Brasil, ou somente a manutenção das existentes?
CG: O contrato garante a execução de provas apenas no Brasil, cabendo a nós estabelecer quais e onde.
Uma história sobre como o esporte ensina meninas a serem corajosas
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