Bale foi maior do que se imagina e menor do que poderia ter sido
Gareth Bale anunciou nesta segunda-feira a aposentadoria do futebol com apenas 33 anos de idade. Ainda que não tenha sido tão longeva, sua carreira foi impactante por diferentes motivos: a impressionante ascensão no Tottenham, o impacto que teve no Real Madrid (imortalizando o trio BBC), o fato de ter sido o primeiro a cruzar a barreira de 100 milhões de euros em uma transferência, os feitos pelo País de Gales e as polêmicas extracampo no período na Espanha.
O último fator mencionado pode gerar uma visão turva a quem olhar para a trajetória do galês no futebol. Por mais que se possa questionar se ele era um jogador para quebrar o recorde de transferências, é inegável que foi um nome muito grande na história do esporte.
Bale foi decisivo em mais de uma final de Champions League para o Real Madrid, inclusive fazendo gol de voleio em uma delas. Foram 106 gols pelo time pelo qual atuou oito temporadas, sendo que nas últimas duas mais ficou marcado pelas polêmicas e descaso do que pelos minutos em campo.
O meia-atacante pode não ser idolatrado por boa parte da torcida no momento, sobretudo depois que anunciou ao mundo inteiro que o Real Madrid ficava atrás do golfe em sua lista de prioridades, mas isso não o tira do pedestal de uma lenda do principal clube de futebol do mundo. E seu alto nível não foi coisa de uma temporada ou duas, ele ficou entre os 20 melhores do mundo na premiação da Bola de Ouro em 2013, 2014, 2015, 2016 e 2018, tendo sido o sexto colocado em 2016 e o nono em 2013.
Antes, com o Tottenham, ele vira titular ao longo da campanha do time que conseguiu o quarto lugar na Premier League 2009-10, o que representava muito na época, já que foi o melhor resultado dos Spurs desde o terceiro lugar. O desempenho representou a primeira aparição do clube na competição desde a semifinal de 1961-62 na então Copa da Europa, naquela que tinha sido a única participação dos londrinos no torneio.
Bale foi fundamental no início de mudança de patamar que o Tottenham viveu nos últimos 15 anos. Na já citada Champions de 2010-11, ele foi titular na equipe que avançou até as quartas de final, eliminando o poderoso Milan nas oitavas. Curiosamente, o galês ficou marcado naquela competição por uma atuação memorável em uma derrota, quando anotou um hat-trick no 4 a 3 sofrido para a Inter de Milão no Giuseppe Meazza.
Pelos Spurs, o meia-atacante ainda seria eleito, pelos próprios jogadores, o principal nome da Premier League em 2010–11 e 2012–13.
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Quanto ao histórico por seleção, Bale é o atleta com mais partidas (111) e mais gols (41) pela seleção masculina de País de Gales. Além disso, foi determinante na campanha de semifinal da Euro de 2016, justamente a estreia do país na competição. O camisa 11 marcou nos três jogos da fase de grupos e teve como grande vitória coletiva o triunfo sobre a badalada Bélgica nas quartas de final por 3 a 1.
Não bastasse isso, levou sua seleção à Eurocopa seguinte e a classificou para sua segunda Copa do Mundo na história – a outra foi em 1958 – e tendo papel muito destacado. O meia-atacante marcou os gols da vitória por 2 a 0 sobre a Áustria na semifinal dos playoffs e ainda fez o gol da vitória sobre a Ucrânia por 1 a 0 no jogo decisivo pela vaga. Ainda que o desempenho dos galeses no Catar tenha sido ruim, a história já estava escrita.
Mesmo com todos os feitos por onde passou, Bale poderia ter tido uma carreira ainda maior, e escrevo isso com todo o cuidado que se deve ter com escolhas individuais de atletas e de não querer fazer projeções pessoais em terceiros.
Se um jogador decide parar mais cedo, ir para uma liga tecnicamente inferior por interesse financeiro ou até por questões afetivas, acho tudo isso válido e legítimo. Não há certo e errado neste sentido, mas o caso de Bale é diferente. Em mais de uma ocasião ele demonstrou seu interesse de não mudar sua realidade no Real Madrid na reta final de sua passagem ou de ir buscar um desafio diferente, o que só aconteceu no segundo semestre de 2022 ao ir para o Los Angles FC, no qual também escreveu um capítulo importante: foi campeão da MLS e fazendo gol na final. Foi o primeiro título da franquia na liga, logo em sua quinta temporada fazendo parte da competição.
Não questiono a decisão de Bale ter ido aos Estados Unidos ou ter encerrado a carreira aos 33 anos, mas sua reta final de Real Madrid poderia ter sido um período em que escreveria ainda mais páginas no livro de sua carreira, que certamente foi uma dos mais brilhantes desta geração do futebol.
Bale foi maior do que se imagina e menor do que poderia ter sido
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