Janela de transferências no Brasil surpreende, mostra a força do nosso mercado e pode mudar muita coisa
Quem diria que o São Paulo, cheio de problemas financeiros, contrataria James Rodríguez e Lucas Moura nesta janela de transferência? E quem diria que o Palmeiras da milionária Leila passasse praticamente em branco neste período de contratações? O Flamengo ensaiou bater o recorde de valor gasto em uma janela de transferências no futebol brasileiro, mas algumas negociações, como as de Claudinho, De La Cruz e Wendel, não foram ainda concretizadas. Mesmo assim, o rubro-negro gastou R$ 91 milhões em apenas duas contratações (já são R$ 222 milhões na aquisição de reforços em 2023). Os dois clubes mais endinheirados do Brasil e, consequentemente, da América do Sul, continuam praticamente no mesmo patamar de antes. Só que o Flamengo acertou com Allan, Luiz Araújo e Rossi, três bons nomes para compor o melhor elenco do continente, o único elenco capaz de conquistar neste ano Libertadores, Brasileiro e Copa do Brasil.
O Palmeiras, já eliminado da Copa do Brasil,
joga suas fichas na Libertadores por conta da diferença grande de pontos em
relação ao Botafogo. Mas não conseguiu contratar o esperado camisa 5 para
suprir a ausência de Danilo. Wendel, do Zenit, e Aníbal Moreno, do Racing, não
foram comprados ainda, e a torcida alviverde tende a culpar ainda mais a presidente
Leila, que fez grande alarde ao apresentar o avião que adquiriu para a equipe.
A comemoração palmeirense na janela foi manter nomes bastante importantes, como
Gustavo Gómez, Zé Rafael e Piquerez. Já o rival Corinthians fez dois movimentos
importantes, trazendo o ótimo zagueiro Lucas Veríssimo, emprestado pelo Benfica,
e o bom meia-atacante Matias Rojas, que veio do Racing. Porém Róger Guedes partiu
para o futebol do Qatar, o que deixa o time alvinegro sem o seu melhor jogador
neste ano, seu goleador. Há um cenário diferente agora para a volta da
semifinal da Copa do Brasil entre São Paulo e Corinthians por conta desta
janela, ainda mais porque o Tricolor ainda não vendeu peças importantes.
Veja o duelo Atlético x Athletico: o mineiro, que tirou Luiz Felipe Scolari do Furacão, não contratou ninguém nesta janela. Já o paranaense se reforçou com Vidal, ex-astro do Flamengo, e ainda ficou mais robusto com Caca, Zapelli e Esquivel. Em um ano muito especial por conta da inauguração de sua arena, o Galo entra nas oitavas da Libertadores em baixa diante do favorito Palmeiras e sua campanha no Campeonato Brasileiro é das mais decepcionantes. Já o Athletico se complicou na Libertadores na altitude, mas ainda conta com Vitor Roque (muito bem vendido) para tentar uma virada na Arena da Baixada contra o Bolívar. No Sul, o Inter parece ter levado ligeiramente a melhor sobre o Grêmio no mercado. Além de pegar o técnico Eduardo Coudet, trouxe Enner Valencia, Aránguiz, Bruno Henrique e o goleiro Rochet, titular do técnico “Chacho” e que salvou o Colorado na partida de ida das oitavas da Libertadores na Argentina. Já o Grêmio fez mais barulho ao dar uma nova chance para Luan, o “Rei da América” de 2017 que parece ter deixado a sua carreira em segundo plano. O time de Renato Gaúcho, que trouxe ainda João Pedro, Rodrigo Ely e Lucas Besozzi, teve como grande reforço a permanência de Luis Suárez, apesar da boa proposta que teve dos Estados Unidos. O Grêmio está praticamente eliminado da Copa do Brasil, e o Inter ainda sonha com uma remontada na Libertadores diante do River Plate após o 1 a 2 no Monumental.
O Botafogo, líder disparado do Brasileiro,
teve que correr atrás de novo técnico e foi bem na sucessão de Luís Castro.
Bruno Lage, também português, parece um ótimo nome para dar sequência o excelente
trabalho que está sendo realizado, tanto no Brasileiro quando na Copa
Sul-Americana. O elenco está provando cada vez mais que foi bem montado, figurando
até aqui de longe como o melhor exemplo de SAF no futebol brasileiro. Esse
grupo recebeu agora o meia-atacante uruguaio Diego Hernández e pode acertar com
o lateral-direito Mateo Ponte. O Vasco, outro grande carioca que vendeu seu
departamento de futebol para estrangeiros, trouxe o técnico argentino Ramón
Díaz e oito reforços, alguns deles bem discutíveis: o zagueiro Maicon, o
lateral Jefferson, o volante Medel, os meias Paulinho e Praxedes e os atacantes
Pablo Vegetti, Serginho e Sebastian Ferreira. O único motivo certo para
festejos dos vascaínos nesta janela foi a troca do CEO da SAF, Luiz Mello, cujo
nome já estava bastante desgastado. Há o interesse ainda na contratação do
experiente centroavante espanhol Diego Costa.
O medo do rebaixamento fez o Santos também se
mexer, como havia prometido Falcão, diretor de futebol muito contestado.
Chegaram Dodô (Atlético-MG), Jean Lucas (Monaco), João Basso (Arouca) e Julio
Furch (Atlas). Ainda pode pegar Nonato (Ludogorets) e Roberto Pereyra
(Udinese). Paulo Turra não tem uma situação das mais confortáveis à frente do
Peixe, e não será surpresa se uma nova correção de rota acontecer na Vila Belmiro.
O Cruzeiro e sua SAF foram atrás de sete reforços, dentre eles Matheus Pereira,
do Al Hilal, Rafael Papagaio, ex-Palmeiras, Arthur Gomes, ex-Santos, e o
colombiano Palacios. Na parte de cima da tabela e ainda na Libertadores, o Fluminense
foi mais comedido na janela, acertando os retornos do zagueiro Marlon, do meia
Danielzinho e do atacante Yony González, além da compra do meia uruguaio Leo
Fernández. Bahia e Coritiba, também nesta onda de SAF, conseguiram se
reinventar e parecem agora mais fortes e confiantes na luta contra o
rebaixamento. O Tricolor baiano, do Grupo City, gastou R$ 15 milhões no lateral
Gilberto e R$ 13,3 milhões no atacante Rafael Ratão. O Coxa acendeu após a
saída barulhenta do técnico Antônio Carlos Zago e já desfruta de oito reforços:
Diogo Oliveira, Edu, Fransérgio, Hayner, Lucas Barbosa, Maurício Garcez, Reynaldo
e Sebastián Gomez.
O mercado brasileiro está cada vez mais
convidativo para estrangeiros, até pelo aumento no limite de gringos nos times
e pela situação econômica favorável em relação aos nossos países vizinhos. Isso
certamente tem atraído nomes como os de Luis Suárez e James Rodríguez, jogadores
com boa passagem por futebol europeu e por suas seleções e que há algum tempo nós
não imaginávamos que estariam atuando em território brasileiro a não ser em
Copa do Mundo ou Copa América aqui. Mais jogadores brasileiros de bom nível estão
mais dispostos a aceitar projetos no país. Voltas esperadas, como as de Lucas
Moura, no São Paulo, e Fernandinho, no Athletico, tendem a ser mais comuns. Há
uma briga escancarada agora com os efervescentes mercados da Arábia Saudita e
dos Estados Unidos, mas as várias SAFs que estão nascendo no Brasil e a melhor
organização de muitos de nossos clubes (talvez o melhor exemplo disso seja o
Fortaleza, forte candidato na Copa Sul-Americana) podem superar várias outras
ligas periféricas. Foram gastos mais de R$ 250 milhões por clubes brasileiros
na compra de jogadores nos últimos 30 dias. Nesta janela de meio do ano, que
tradicionalmente tem muitas saídas, foram contratados mais de 80 atletas apenas
na Série A.
Não tem mistério. Quem investe mais e melhor
acaba tendo muito mais chance de ter sucesso no futebol, no esporte. Uma janela
pode mudar drasticamente o nível dos times. Veremos como será este final de
2023, com chance de surpresas positivas e negativas.
Janela de transferências no Brasil surpreende, mostra a força do nosso mercado e pode mudar muita coisa
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