Onde estarão as mulheres e os negros no futuro próximo do Flamengo?
As chapas com todos os vices ainda não foram divulgadas. Mas a julgar pelos eventos de lançamento dos dois principais grupos concorrentes à presidência do Flamengo, o clube de maior torcida do país não terá mulheres no comando e, talvez, apenas um negro entre os dirigentes nos próximos três anos.
Na noite desta terça-feira, o candidato de oposição, Rodolfo Landim, reuniu cerca de 500 pessoas num cinema na Lagoa Rodrigo de Freitas, zona sul, do Rio. Entre os presentes, mulheres que não completavam duas mãos. O único negro de destaque, dona Zica, torcedora que foi chamada para cantar o hino. Na linha de comando, apenas homens, brancos.
Na semana passada, no anúncio da chapa de sucessão a Eduardo Bandeira de Mello, o candidato Ricardo Lomba, também teve como companheiros apenas integrantes do sexo masculino. Entre eles, um negro, o vice de comunicação, Wellington Silva.
Ao se apresentar, o VP destacou no seu currículo de quase 20 anos de experiência, sua passagem como chefe da comunicação do Supremo Tribunal Federal (STF), na gestão do ex-ministro Joaquim Barbosa. Ele já faz parte da atual gestão. É louvável e inédito no país, mas é ainda muito pouco.
Os demais presentes, assim como Wellington, eram executivos que se apresentavam exaltando suas credenciais de mercado, todos com grande atuação em empresas renomadas, fundos de investimentos, multinacionais.
Em documento que foi divulgado pela Chapa Azul, cujo nome é "Avança Mais, Flamengo" o Futebol Feminino foi lembrado. Há lá três pontos com promessas para fortalecimento da modalidade no rubro-negro.
O Futebol Feminino do clube ganhou quatro títulos nos últimos quatro anos, entre eles, o Brasileiro de 2016 e os estaduais de 2015, 2016 e 2017.
Na apresentação da oposição, da chapa UniFla, o único momento em que as mulheres foram citadas foi quando o grupo disse que pretende ampliar os eventos sociais na sede da Gávea. No Baile do Vermelho e Preto.
Já passou da hora de as mulheres serem lembradas apenas na organização de festas. Elas jogam futebol, estão dentro dos estádios, fazem a cobertura e devem ser tratadas como profissionais inseridas na gestão do futebol, não apenas nas firulas menos importantes. O Flamengo faz um bom trabalho na comunicação ao incluir, sempre, mulheres como protagonistas ou em papel de destaque, é verdade. No vídeo de anúncio de Vitinho, por exemplo, foi de uma mulher, Carol Possamai, funcionária do clube, o gol que serviu para dar o pontapé na narrativa.
Mas a inclusão não deve ficar, apenas, nos bastidores e na comunicação.
Diversidade não é reserva de lugar para constar, é incluir por currículo. É possível encontrar mulheres e negros que tenham destaque no mercado? Não existem mulheres e negros capazes tecnicamente neste universo? Onde estão as executivas, mulheres bem-sucedidas, economistas, gestoras, administradoras de empresa? Elas continuarão sendo excluídas do processo de comando? E os negros? Permanecerão de fora da gestão?
São perguntas obrigatórias ao futebol. Estamos em 2018. O mundo fora do futebol já enxerga a diversidade como obrigação. Mas o futebol parece alheio a isso.
O blog questionou as duas chapas sobre os planos para mulheres e negros na gestão do clube, confira as respostas:
A chapa de Ricardo Lomba e Walter Oaquim, que tem um vice negro, respondeu:
“Entendemos que as mulheres são parte fundamental na evolução do Flamengo. Temos em nosso corpo executivo diversas profissionais diariamente envolvidas nas tomadas de decisão do clube, o que muito nos orgulha. Além disso, há a valorização das atletas, como no futebol feminino vencedor do clube, o retorno da equipe de vôlei, além de atletas de ponta na ginástica, nado artístico, judô, polo aquático etc.”
O grupo de Rodolfo Landim e Rodrigo Dunshee, também se manifestou:
"A primeira preocupação da nossa gestão será contar com as pessoas mais capacitadas para atuar em seus cargos, independentemente de cor, religião, orientação sexual. Dentro deste conceito, nossa administração tem a intenção de contar com uma diretoria que retrate a diversidade dos sócios do Clube - e da sociedade em geral - , fazendo com que todos os segmentos se sintam efetivamente representados. Assim como temos o conceito de união em nossa Chapa Unifla, o Flamengo com Landim Presidente terá uma administração inclusiva, abrindo caminho para a participação de todo o clube. A divulgação dos nomes que integrarão o comando do clube não acontecerá neste momento".
*Nota: o perfil do blog é de notícias, mas eventualmente abre espaço para opinião da repórter.
Fonte: Gabriela Moreira, repórter do ESPN.com.br
Onde estarão as mulheres e os negros no futuro próximo do Flamengo?
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