Conflito de interesses, o maior desafio para Fernando Diniz em "dois barcos"
O principal desafio de Fernando Diniz nem é dirigir a seleção. Ele tem competência e há jogadores de muita qualidade, aqui e no exterior. Dá para superar os compromissos oficiais e amistosos que virão pela frente até o fim do período como interino, em junho do ano que vem.
O nó ficará na maneira como deve administrar e encarar o conflito de interesses entre ficar a serviço da CBF e do Fluminense até a chegada de Carlo Ancelotti, quando este se desvincular do Real Madrid. Não se deve colocar em dúvida a honestidade de Diniz; seria maldade. No entanto, também não se pode ignorar o risco ao qual se expõe por ficar em “dois barcos” ao mesmo tempo.
Barcos com objetivos diferentes. Uma coisa é o olhar abrangente e ao mesmo distante que se espera do treinador da seleção. Ele precisa ser atento e crítico ao desempenho de atletas brasileiros esparramados pelo mundo, para então chamar os melhores. Outro é o trabalho cotidiano numa equipe, que tem obstáculos a superar diariamente, com múltiplas competições. Caso do Fluminense.
Técnico da seleção é cornetado, mesmo com convocações esporádicas. Basta ver como sempre há bronca ou desconfiança em relação à presença deste ou daquele atleta. Principalmente quando se trata de gente daqui. O Palmeiras foi prejudicado na última data Fifa porque cedeu três titulares chamados por Ramon Menezes, que não puderam ser escalados para o jogo com o Bahia. O Palmeiras perdeu.
Como fará Diniz numa situação dessas? Se preferir vários jogadores do Flamengo, por exemplo? E se, em seguida, eles forem desfalques em jogo importante? E, ao contrário, se optar por jogadores do Fluminense? Será visto como protecionista? Como alguém que pretende valorizar o produto da casa?
Tem mais interrogações. A Comissão Técnica do Fluminense vai com Diniz nessa aventura como interino fixo (estranha a definição). Como ficará o período de data Fifa para o clube? Vai substituí-lo a turma das categorias menores? E se houver jogo programado - e importante - para esse períodos?
Por enquanto, parece tudo calmo. E está, porque a CBF precisava de um tapa-buraco. Para Diniz é uma grande chance, claro. Mas ele precisa preparar-se para encarar essas questões. Tomara dê certo e até que nem lembremos de Ancelotti em junho de 2024. Só não pode Diniz achar que ficará acima de tais riscos. Nem venha a reclamar mais adiante.
De resto, boa sorte para ele. E que não crie expectativa de fazer parte da tropa de Ancelotti. Melhor manter os pés no chão.
E boa sorte para a seleção, que no fundo é o que vale para o torcedor.
Conflito de interesses, o maior desafio para Fernando Diniz em "dois barcos"
COMENTÁRIOS
Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.