O post de hoje não é crítico, na verdade ele é muito mais uma pergunta ou um chamado ao debate.
Venho percebendo que muitos ou uma boa maioria dos nossos melhores tenistas ou estão se mudando para outros países ou estão contratando técnicos estrangeiros. Cada um com sua filosofia ou motivo, mas fica claro que as coisas mudaram - e isso tem algum significado.
Antes do debate, queria deixar aqui minha opinião. Técnico não tem nacionalidade. Técnico ou é bom para o jogador ou não é. O que muda muito é a maneira de trabalhar, de se dedicar, a estrutura e principalmente o engajamento. Mas tanto aqui quanto fora achamos bons nomes. Outro ponto importante é encontrar o motivo dos nossos jogadores estarem saindo do país.
Rapidamente cito 10 ou mais nomes fora do país ou treinando com estrangeiros.
Bruno Soares, Marcelo Melo, Guilherme Clezar, Thiago Monteiro e o capitão do Brasil na Davis, João Zwetsch
Getty
Fora do país, lembro aqui Thomaz Bellucci, que acaba de ir morar nos Estados Unidos (IMG) e treina com o André Sá; Feijão, que acaba de se mudar para os Estados Unidos; Laura Pigossi mora na Espanha há anos; Carol Meligeni mora e treina na Argentina; Orlando e Felipe Meligeni foram para a Espanha em convênio com a CBT e a BTT; Teliana Pereira foi fazer a pré-temporada na Espanha; João Menezes mora e treina na Espanha na academia do Galo Blanco; Luisa Stefani, que voltou para a universidade.
Além deles, Rogerinho Dutra Silva e Bia Haddad viajam com treinadores estrangeiros.
Quando olhamos nosso tênis, percebemos que o número de jogadores é grande nessa condição. Mais ainda pensando que estamos falando dos melhores do país.
Será que temos respostas para isso?
Do outro lado, temos Bruno Soares, Marcelo Melo, Marcelo Demoliner e Thiago Monteiro treinando aqui no Brasil com treinadores brasileiros que viajam o circuito.
Lembro quando Thomaz Bellucci declarou que não tínhamos treinadores no Brasil: a fala caiu como uma bomba, e muitos - inclusive eu - criticamos a postura dele. Anos se passaram e pergunto: ele estava tão errado assim? Não digo que não tenhamos grandes técnicos e pessoas que sabem muito de tênis. Mas a cada ano vejo o número de técnicos disponíveis no circuito e viajando 30 semanas diminuir. Hoje é difícil encontrar um nome que queira deixar tudo aqui e acompanhar um tenista.
Na sua grande maioria, os técnicos brasileiros - além de jogadores - têm academias ou outras opções. Como o jogador brasileiro não consegue pagar um dinheiro suficiente para a tranquilidade do técnico, essa escolha fica ainda mais difícil. Aí vem o problema. Poucos se aventuram no circuito e os que já viajaram muito duvidam se é a melhor opção.
Outro ponto a ser pensado. Nossos melhores ex-jogadores não estão no meio e no dia a dia da quadra. Jaime Oncins mora e trabalha nos Estados Unidos. Guga não está na quadra. Eu não estou na quadra, Saretta não está na quadra. Mattar, Mota... Muitos que podiam ajudar tem hoje outras prioridades.
Aí pergunto a vocês: a falta dos técnicos no circuito e no dia a dia reflete no nível dos nossos jogadores? Deixo aqui duas culturas, Espanha e Argentina. Vemos grandes nomes do tênis no circuito. Na Espanha vemos Bruguera, Roig, Moya, Galo Blanco, Vicente, Clavet, Ferrero, entre outros. Na Argentina Chela, Orsanic, Coria, Mancini e muitos nomes que talvez muitos não conheçam, mas que jogaram um belo tênis e acompanham muitos jogadores.
Por último, pergunto: lá fora se treina melhor do que aqui no Brasil?
O que leva um tenista a mudar de país ou treinar com um estrangeiro?
1) menos jogadores por quadra;
2) mais jogadores para treinar e conviver;
3) maior facilidade em locomoção e com isso o jogador ao perder volta e treina mais;
4) maior presença do treinador;
5) os treinadores gostam mais de estar na estrada;
6) mais troca entre treinadores;
7) mais troca entre ex-jogadores e técnicos;
8) ao estar longe, os meninos percebem que o esporte é profissão.
Vocês concordam comigo?
Fonte: Fernando Meligeni, blogueiro do ESPN.com.br
18 anos
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