Atlético-MG perde a longa invencibilidade. Que bom! Agora pode pensar só no título
Caro torcedor do Atlético-MG, admito que não gosto muito de certas estatísticas. Às vezes, se valorizam números, sequências e curiosidades como se fossem as coisas mais importantes do futebol. Posse de bola e invencibilidade, por exemplo, são duas que me incomodam. Dá-se mais valor para o percentual que um time apresenta de controle de jogo do que a eficiência, assim como se transforma série invicta como algo com valor maior do que taças conquistadas.
Este segundo aspecto, sobretudo, com frequência soa uma bobagem que só serve como caça-cliques, para atrair audiência ou para mostrar simpatia por determinado clube. Nos últimos meses, o que mais ouvi foi a proeza histórica do Galo de acumular 14, 15, 16, 17, até chegar a 18 jogos sem perder na Libertadores. Claro que isso é bacana, mostra força do time e empolga. Porém, nessa conta há dois empates com o Palmeiras, no ano passado, que representaram desclassificação e fim do sonho do título. Troféu que foi, afinal, para o adversário paulista.
Garanto que 99,99% dos torcedores do Atlético teriam trocado esse marco por uma vitória sobre o Flamengo, na final disputada em Montevidéu. Ninguém estaria preocupado em saber se a equipe está há um ou há 30 jogos sem perder. Vale é ficar no mais alto do pódio. Ou alguém lembra de derrotas para São Paulo, Newells Old Boys e Olímpia na caminhada do título inédito de 2013?
O que quis dizer nos parágrafos acima? Que a derrota por 2 a 1 para o Tolima, na noite desta quarta-feira (25/5), pode representar a arrancada para o bi sul-americano. Pode parecer besteira, numa hora em que o fã de Hulk, Nacho & Cia. está triste com a derrapada num Mineirão lotado e animado, falar em tom otimista. Mas tem de ser assim. O tropeço numa etapa em que isso não altera o rumo da classificação tem tudo para cair como lição e estímulo.
Turco Mohammed, seus auxiliares e jogadores devem sentar-se diante de um telão, numa pausa entre jogos e treinos, e observar o que saiu fora do roteiro diante do esforçado Tolima. Podem detectar que houve espaços abertos entre os setores, que a defesa se expôs em alguns episódios (o do segundo gol colombiano, para citar um decisivo), que Nacho e Hulk ficaram muito distantes da área, que alguns jogadores não conseguem manter a regularidade do ano passado. Enfim, detectar pontos fracos, corrigi-los e aprimorar estratégia para os mata-matas.
Sei que, com cabeça quente, a cornetagem é quase inevitável. Sei, também, que o Galo sob a batuta de Cuca foi marcante, ainda mais por vencer o Brasileiro depois de meio século de espera. Porém, importa ter em vista o seguinte: o elenco é bom, competitivo, dos melhores da região. E o time está no bloco dos forte candidatos, ao lado de Palmeiras, Flamengo, River Plate. Sim, podem ocorrer surpresas…
Em resumo: que se esqueça essa obsessão de recordes vazios - maior número de gols marcados, melhor campanha em fases de grupos, invencibilidade etc et - e se feche o foco em ser letal, inteligente, prático até o duelo derradeiro em Guaiaquil. O Atlético pode, tem condições para isso. Agora mais leve, sem o peso de buscar recordes que, ao fim e ao cabo, não acrescentam troféus.
Atlético-MG perde a longa invencibilidade. Que bom! Agora pode pensar só no título
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