Flamengo de Vitor Pereira é um amontoado que perde taças e faz a alegria dos adversários
Amigo rubro-negro, você conhece a história da Torre de Babel? Está na Bíblia. Em resumo, foi assim: os homens queriam erguer uma torre grande, muito grande, tão alta que chegaria ao céu. Deus ficou bronqueado com essa pretensão e resolveu semear confusão entre os construtores. E o que fez? Em vez de uma língua única, como havia até então, criou diversos idiomas. Com isso, ninguém se entendeu mais, o projeto foi abandonado e nunca mais houve consenso na humanidade.
Se trouxermos o episódio para o futebol, dá para encaixar ao momento que o Flamengo vive. O Flamengo de Vítor Pereira é um monte de gente na tentativa de criar um projeto ousado, mas ninguém fala a mesma língua. A começar pelo treinador, ou principalmente por ele. Não dá para captar a mensagem do divino guru, como diria o Rolando Lero, aquele personagem da Escolinha do Professor Raimundo. Porque ele começa com um esquema, muda durante o jogo, faz uma salada mista indigesta, irrita todo mundo e perde mais uma taça.
O parágrafo acima resumo o que foi a derrota para o Fluminense por 2 a 1, de virada, na noite desta quarta-feira (8), na decisão da Taça Guanabara. O “mister” resolveu inovar, em relação à equipe que perdeu para o Vasco no domingo. Por razões táticas ou físicas, deixou no banco alguns titulares, casos de Santos, Ayrton Lucas, Everton Ribeiro, Varela, Pedro, além de desfalques de David Luiz e Thiago Lima, contundidos. Entrou uma rapaziada nova, como Matheus Cunha, Igor Jesus, Matheus França, mais Cebolinha desde o início e não como alternativa de banco.
O Flamengo modificado até que foi bem no primeiro tempo. A marcação ágil anulou o meio-campo tricolor, surgiram ações de gol, Cebolinha abriu o placar, Gabigol fez o segundo (bem anulado). Tudo parecia caminhar para desfecho feliz, com o primeiro troféu da temporada - muito menos valioso do que os outros perdidos, mas sempre uma forma de comemorar e aliviar a tensão.
No segundo tempo, desandou a maionese (fazia tempo que eu não usava essa) rubro-negra. O Fluminense acordou, com duas alterações do Fernando Diniz (saíram David Braz e Keno, entraram Pirani e Lima). Leve, esperto, ágil, o tricolor partiu para cima, assustou o rival e empatou com Cano, o artilheiro da marca do L.
Pronto, bastou aquilo para desnortear o Flamengo. A insegurança deu as caras, o semblante de Vitor Pereira ficou carregado, o clima esquentou em campo. O técnico português resolveu apelar e partiu para mexidas. As coisas só pioraram, ao tirar Gabigol, Arrascaeta e Igor Jesus, por Matheusão, Vidal e Ayrton Lucas. O grito de “Burro! Burro!” veio forte das arquibancadas. Ainda tentou corrigir, depois, com Everton Ribeiro na vaga de Matheus França. Era tarde, porque a equipe virou um amontoado de jogadores sem entenderem o que deveriam fazer.
Era tarde porque o Fluminense se encheu de coragem, voltou a atacar e virou com Pirani aos 38 minutos. Daí pra frente, não teve mais jogo - só bate-boca, enrolação, pressão pra cima do juiz e o cronômetro correndo contra o Flamengo.
Não se trata de má vontade contra Vitor Pereira. No entanto, ele não se ajuda, porque tenta mexer numa estrutura montada com o calendário em cima e com diversas decisões seguidas. O sensato seria aproveitar a base recebida, apurar aqui e ali, mudar sem alarde e, com o tempo, impor sua maneira de jogar. A sardinha dele está na brasa.
Será que esse tempo virá, com a pressão e desconfiança cada vez maiores? Não sei. Sei que, neste momento, o Flamengo só levanta a bola para os rivais, que agradecem, vencem e levam troféus para casa.
Flamengo de Vitor Pereira é um amontoado que perde taças e faz a alegria dos adversários
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