Fluminense e Marcelo mexem (bem) com o futebol do Rio e do Brasil
Bonita e emocionante a festa que o Fluminense organizou para a apresentação de Marcelo, o filho pródigo que retorna para casa, 17 anos depois de sair para ganhar o mundo. Os 30 mil torcedores que foram ao Maracanã, no início da noite desta sexta-feira (10), toparam com evento fora do comum por estas bandas e tão corriqueiro para os europeus. Mas valeu a pena: não é a todo momento que um clube tradicional resgata uma cria de renome e ainda em condições de compensar o investimento.
Alguém com senso crítico mais ácido pode alegar que Marcelo há muito superou o auge da carreira, tanto que deixou o Real Madrid, após uma década e meia, a maior parte do tempo como titular. Claro que, aos 34 anos, nenhum atleta tem o vigor dos 20, sobretudo para quem ocupa a lateral, uma faixa de campo que exige velocidade. No entanto, o histórico dele indica poucas lesões e sinaliza com a perspectiva de atividade de bom nível ainda por tempo razoável; dependerá dele, do calendário e da forma como for utilizado pelo treinador (no caso, Fernando Diniz).
Marcelo se emociona ao ser recebido pela torcida do Fluminense no Maracanã:'Foram 17 anos longe de casa'
A presença de Marcelo no elenco tricolor tem tudo para trazer benefícios. O mais óbvio e imediato foi a resposta na compra de camisas. Tão logo foi anunciado o acordo, dias atrás, houve correria na busca pela número 12, aquela de preferência do astro. Essa busca significa dinheiro e estimula patrocinadores - atuais e futuros. Fala-se tanto na capacidade de os europeus obterem renda extra dessa maneira. Pois, então, eis oportunidade para que o mesmo ocorra com o Fluminense.
A rodagem de Marcelo deve acrescentar qualidade ao já bom nível do elenco - é isso o que se espera de um profissional com seu histórico. Diniz terá, em campo, um “auxiliar”, uma referência, um líder. E poderá optar por colocá-lo na posição de origem (a lateral) ou na meia, pela precisão do passe e dos chutes. Ou seja, terá alguém com quem Ganso possa dividir a função de municiar o ataque.
O aspecto mais importante, porém, vejo na chacoalhada que o Fluminense provoca no futebol carioca - e, por extensão, brasileiro - com a repatriação de Marcelo. Não espero um enorme salto de competitividade do time por causa de um jogador, embora ele seja importante nesse quesito. E creio que a melhoria deva ocorrer naturalmente. Importa muito o simbolismo desse movimento do clube. O tricolor sinaliza que pretende encurtar a distância que o separou do Flamengo nos últimos anos; mostra disposição para entrar na briga por títulos importantes, e não só o Estadual como aconteceu no ano passado e pode repetir-se agora.
O Fluminense dá passo importante para revitalizar a concorrência no Rio, e isso faz bem para todos. Há tempos digo que hegemonia única, num centro tão importante, não é bom para ninguém, nem para o Flamengo. Porque o futebol vive de rivalidade, especialmente local. Em curto prazo, é bacana para o rubro-negro ver que adversários tradicionais ficaram para trás. Com o tempo, porém, haverá esvaziamento, indiferença do público e, como consequência, perda de renda.
O Fluminense forte fará com que o Flamengo preste atenção na estratégia que utiliza - e, com isso, saia do comodismo que os títulos trouxeram. (Está aí o momento de oscilação que atravessa). O mesmo raciocínio vale para Vasco e Botafogo, que também saíram da modorra ao criarem SAFs e partirem para administração profissional. Também colhem resultados por essa guinada. Claro, há muito o que fazer; pelo menos abandonaram a condição de observadores e voltam a ter olhar mais ousado.
Que Fluminense e Marcelo tenham sucesso e inspirem gestos semelhantes em outros times. Todos ganharam, em qualidade técnica e em faturamento.
Fluminense e Marcelo mexem (bem) com o futebol do Rio e do Brasil
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