CBF poderia ousar e dar uma chance para Diniz na seleção
Não considero estapafúrdia a ideia de Fernando Diniz na seleção brasileira. Escrevo isso sem constrangimento, e com o retrospecto de ter sido, por muito tempo, um crítico do trabalho dele. Eu o considerava supervalorizado, pelo fato de não ter conquistado títulos e por não dar continuidade a projetos que iniciava bem e eram interrompidos, várias vezes por ele mesmo. Portanto, não me incluam na lista de integrantes de fãs clubes de primeira hora do técnico do Fluminense.
A objeção imediata que se faz é a pouca rodagem e o currículo com raras taças - a principal conquistada no domingo, o Estadual do Rio. De fato, Diniz (49 anos) não ostenta troféus como Carlo Ancelotti (63), o mais cotado para assumir o lugar de Tite. O “maestro” italiano tem larga rodagem e foi campeão em vários países.
A “riqueza” de taças pode ser ponto importante a se levar em consideração na hora da escolha para cargo tão relevante. Não necessariamente o decisivo. A história do nosso futebol - ou do futebol mundial - está repleta de casos de sucesso e insucesso com treinadores novatos ou famosos. Para mim, contam talento e competências. Qualidades que Diniz demonstra possuir.
Paulo Roberto Falcão e Dunga puxam a lista de jogadores de grande qualidade que, no entanto, não vingaram como “professores”. Falcão assumiu a seleção logo após o fiasco na Copa do Mundo de 90 e não resistiu à Copa América de 91. Dunga foi chamado duas vezes - numa delas chegou ao Mundial de 2010 -, sem experiência prévia. Nem posterior. Ambos deixaram aspectos positivos para seus sucessores. E só. O próprio Lazaroni foi uma invenção de Eurico Miranda, então diretor da CBF; teve brilhareco e, na sequência, tocou a carreira sem grande destaque. laudio Coutinho foi técnico no Mundial de 78 e qual lastro ele tinha? O de ter feito parte de Comissão Técnica em 1970.
Mais exemplos? Carlos Alberto Parreira foi campeão do mundo, em 1994, sem ter significativa coleção de títulos, embora tivesse experiência como preparador físico. Em compensação, nomes respeitáveis como Luxemburgo, Tite e Telê assumiram o comando da “amarelinha” com grande expectativa e ficaram pouco tempo (Luxemburgo) ou disputaram duas Copas (Tite e Telê) para voltar de mãos vazias. Zagallo viveu, como Parreira e Felipão, duas situações extremas: um título e uma decepção.
Tradicionais seleções da Europa tem como corriqueiro o hábito de apostar em treinadores sem fama - e, em muitos casos, se dão bem. De novo, volto ao que defendi no terceiro parágrafo: é preciso levar em consideração o potencial de um treinador. E Diniz promete ser um dos mais relevantes no futebol daqui. Ele coloca em prática conceitos que historicamente apreciamos, sobretudo toque de bola, agilidade, movimentação intensa dos jogadores, ousadia, jogo ofensivo. É pouco?
Diniz tem tudo para o mais relevante técnico da nova geração? Por que soa como estupidez imaginá-lo na seleção? Eu apostaria.
CBF poderia ousar e dar uma chance para Diniz na seleção
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