Abel Ferreira lembra figuras importantes no Palmeiras, como Felipão, Telê e Brandão
Abel Ferreira é um fenômeno. O português conseguiu a proeza de entrar para a galeria de grandes treinadores do Palmeiras em dois anos e meio de casa. Nesse período, conquistou 8 taças e teve identificação estreita com a torcida, proeza alcançada por poucos dos que o precederam no cargo em mais de cem anos. Não é exagero considerá-lo, hoje, tão ídolo quanto Weverton, Gomez, Veiga, Dudu.
A idade me permitiu acompanhar a passagem de diversos técnicos marcantes pelo Palestra, ao menos desde os anos 60. Vi Silvio Pirillo, Filpo Nuñes, Rubens Minelli, Mário Travaglini, Osvaldo Brandão na construção e consolidação das duas primeiras Academias. Telê Santana transformou um grupo razoável em equipe empolgante, no fim dos 70. Vanderlei Luxemburgo foi importante na versão número três, no período da Parmalat. Felipão deu a alegria de CONMEBOL Libertadores inédita em 1999.
Abel parece a síntese de Brandão, Telê e Felipão, nas qualidades e, até, nos defeitos - diria que a ranhetice é a mais marcante. Os três mestres cultivaram o sentimento de “família” ao administrarem grupos de jogadores de temperamentos e qualidade técnica diferentes. A união, para eles, era um dos princípios básicos para o sucesso coletivo. Cansei de vê-los agirem como gestores, pais, amigos. Os conselhos nem sempre agradaram aos atletas, mas poucos deixaram de reconhecer, mais adiante, que os orientadores estavam certos.
Pois não é que Abel usa termos semelhantes? Na entrevista após a vitória por 4 a 2 sobre o Tombense, na quarta-feira, ele admitiu que, no dia a dia, assume diversas responsabilidades que extrapolam aquela de apenas cuidar da estratégia em campo. Falou literalmente em “família” no Palmeiras. E foi além, tocou num tema que não despertou muito a atenção. “Quando jogadores que estiverem no nosso plantel não derem aquilo que eu acho e entendo que seja suficiente para estar no Palmeiras, eles têm de ir embora. Aqui não existe nenhum. Se existir, é para trocar.”
Abel deu mostras, na prática, de que leva a sério tal princípio. Lembrei quando mandava alertas a respeito de comprometimento. Sem citar nomes, dava mostras na escalação. Gabriel Menino, por exemplo, teve explosão rápida, foi chamado por Tite para a seleção e depois apresentou queda acentuada. Houve momentos em que ficou esquecido no clube e quase foi embora. Aprendeu a lição, esperou a vez e agora é titular e artilheiro do time. Recuperou a confiança do “mister”.
Outros, pelo visto, não absorveram as dicas, perderam o timing e já não fazem parte do elenco vitorioso. Os casos mais evidentes são os de Patrick de Paula, Veron e Wesley. Os três despontaram com enorme potencial, mas vacilaram e saíram. Abel é transparente, direto; percebe-se que os jogadores confiam em seus métodos e caráter. Eis outros componentes para justificar a idolatria dos torcedores palestrinos - e sei o quanto são exigentes e corneteiros.
O dia em que trocar de clube - e uma hora isso ocorrerá -, deixará saudades, será reverenciado e reconhecido como um ícone. Com justiça, Mas, até lá, os alviverdes esperam que o currículo dele seja enriquecido com muitas conquistas e a galeria de troféus fique mais abarrotada do que já é.
Abel Ferreira lembra figuras importantes no Palmeiras, como Felipão, Telê e Brandão
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