O mundo gira, e um dia Rogério Ceni voltará a dirigir o time do São Paulo. Espero que demore
No futebol - como na vida - só se diz "nunca mais" com a morte. Essa é definitiva e encerra qualquer reviravolta, em qualquer circunstância. Quer dizer, se não inventarem o elixir da vida eterna...
Depois desta introdução de filosofia de botequim, quero dizer que não descarto a possibilidade de Rogério Ceni voltar para uma terceira aventura como treinador do São Paulo. Ir e vir é tão comum na carreira de técnico que nada chega a surpreender. Portanto, imagino que no futuro as portas do Morumbi poderão reabrir-se para um dos grandes ídolos tricolores - como jogador.
No entanto, torço para que demore a reconciliação. Explico por quê.
Tão logo pendurou chuteiras e luvas, em 2015, depois de duas décadas de casa, Rogério anunciou que iniciaria a trajetória como técnico - e comandar o São Paulo era a obsessão. Foi astro sob as traves, além de artilheiro, e nada mais natural do que manter a fama, embora por outra trilha. Teve o desejo realizado, em 2016, para alegria dele e esperança geral da nação são-paulino já carente de conquistas.
Na época, comentei que era cartada arriscada, pois lhe faltava estofo para dirigir uma equipe com o peso do São Paulo. Ponderei que seria mais prudente ganhar "calo" em clubes menores, rodar um pouco na função, até se apresentar como apto a tomar o time do coração nas mãos. Rogério começou pelo alto e caiu logo.
Decidiu, então, rodar, e ressurgiu com trabalho relevante no Fortaleza. Atraiu a atenção do Cruzeiro, e entrou em barca furadíssima. Voltou para o Fortaleza, até atender ao aceno doFlamengo. Foi campeão e demitido, passou um período de molho até aceitar novo aceno do São Paulo. Também na ocasião achei que poderia dar-se mal. Considerar-se à vontade no Morumbi seria trunfo e entrave.
Dito e feito. Com a autoridade que supunha ter como ídolo (como jogador, insisto), teve avanços e atritos com setores da administração. Como resultados apareceram no campo, em 22 (finalista do Paulistão e da CONMEBOL Sul-Americana, semifinalista da Copa do Brasil), foi mantido para 23. Mas sem unanimidade e com ruídos com jogadores. Foi sendo cozido em fogo nem sempre brando, até a queda. Num clube que hoje é pálida sombra do passado, quando era sinônimo de eficiência dentro e fora de campo.
Rogério Ceni deve colocar na cabeça, em definitivo, que a história dele com o uniforme tricolor, não. Porém, precisa tomar cuidado para não manchá-la - e deve optar para a figura de treinador de "qualquer equipe" e não vincular a imagem ao São Paulo. Algo que, muito tempo atrás, Emerson Leão fez muito bem. Foi incensado como goleiro do Palmeiras, mas, ao abraçar a carreira de técnico, avisou que não queria ver sua figura vinculada ao clube. Fez bem.
Que Rogério ande muito, ganhe títulos por aí. Para um dia, lá na frente, retornar ao São Paulo, como técnico consagrado. E levar o time a grandes conquistas. Por ora, só teve arranhão.
O mundo gira, e um dia Rogério Ceni voltará a dirigir o time do São Paulo. Espero que demore
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