O Palmeiras faz muitos gols de bola parada. Ótimo, pois sabe como criar essas situações favoráveis
Não sou bom de números, estatísticas e curiosidades. Tenho colegas que dominam o tema de maneira magnífica - e os invejo por isso. Trazem na ponta da língua dados e informações que não sei como conseguem retê-los, de tão minuciosos.
Feita a ressalva, vamos ao assunto deste breve bate-papo. O Palmeiras impressionou na quarta-feira pela forma como entortou o Grêmio, com os 4 a 1, no Allianz Parque e que o fizeram dormir na liderança do Brasileiro, após cinco rodadas. Há consenso de que foi a melhor apresentação da equipe em 2023. Sei que foi impecável, todos os setores se mostraram integrados e equilibrados.
No entanto, aqui e ali, surge um porém: há quem detecte que o Palmeiras ganha muitos jogos, sem que tenha estilo criativo. A alegação é a de que sei lá quantos gols marcou nesta temporada - e em outras - como consequência de lance de bola parada. Ou seja, mandou bola nas redes rivais por cobranças de falta, de pênalti, de escanteio. Como se isso limitasse o mérito de suas conquistas.
Um detalhe parece passar despercebido nesse tipo de análise. Para ter escanteio, falta, pênalti a favor é preciso criar, ir para cima do adversário, provocar o erro que leve a estas alternativas previstas num jogo de futebol. Em resumo: sem iniciativa e qualidade, não se sai do lugar. Além disso, também é necessário apresentar repertório para aproveitar a oportunidade criada na bola parada.
É comum ver o Palmeiras com movimentos ensaiados nessas jogadas - e conta com jogadores capacitados para variações e execuções. Nos pênaltis, tem Veiga, o especialista, mas também Gomez. O zagueiro, junto com Murilo e Luan, sabe colocar-se na área “inimiga”; não por acaso são goleadores. Menino é bom cobrador de faltas e escanteios. Percebe-se que Abel e colaboradores ensaiam essas opções. Isso não é mérito? Ou o certo é apostar só no improviso? A espontaneidade seria mais valiosa do que o combinado, arranjado, testado?
Alguém (não foi da imprensa) cornetou o Palmeiras dizendo que parece um “circo de pulgas amestradas”. Observação ridícula. Basta uma correlação simples e racional com uma equipe de futebol americano. Por mais fortes que sejam os jogadores, cada um depende do outro, do conjunto. Ninguém sai a correr feito besta achando que, do nada, chegará ao touchdown. Outra comparação é com uma orquestra: ela tem diversos virtuoses; porém, se cada um tocar por si, sai um som horrível. A harmonia é imprescindível.
E o Palmeiras de hoje tem essa harmonia, pois cada um sabe quais papéis tem de exercer, com ou sem bola. Também por isso o time consegue faltas, escanteios, pênaltis. E desperdiça poucas oportunidades. Para sorte dele e da torcida. E para dor de cotovelo de adversários, que procuram pêlo em ovo.
O Palmeiras faz muitos gols de bola parada. Ótimo, pois sabe como criar essas situações favoráveis
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