Espanhóis querem que Vini Jr. se cale, como um dia ordenou o rei Juan Carlos para Hugo Chavez. Chavez não se calou nem Vini vai
Onde existe inteligência e sensibilidade no futebol - excluída a direção da Liga Espanhola -, houve indignação pelo enésimo caso de racismo contra Vini Jr. As cenas grotescas protagonizadas pelo público que esteve no estádio Mestalla correram mundo e mereceram reprovação de atletas a treinadores, de jornalistas a políticos. Os gritos de “Macaco! Macaco”! dirigidos à jovem estrela do Real Madrid doem no coração e revoltam as pessoas realmente do bem.
Ao ver a reação dos energúmenos que estavam no campo do Valencia e ao ler as explicações furadas e hipócritas de Javier Tebas, presidente de La Liga, imediatamente me veio em mente a famosa frase de Juan Carlos I “Por que non te callas?” (Cale a boca!) dita a Hugo Chavez, falecido presidente da Venezuela.
O ex-rei da Espanha havia se irritado com críticas feitas por Chavez a um primeiro-ministro espanhol, durante debates na reunião de cúpula da Comunidade Ibero-Americana, em Santiago, em 2007. Depois do episódio, o venezuelano tirou onda de Juan Carlos, ao lembrar que ambos eram chefes de Estado, com uma diferença: “Eu fui eleito pelo meu povo”.
A postura de um antigo colonizado incomodou o colonizador, que se viu no direito de mandá-lo ficar quieto. Mais ou menos o que sugere Javier Tebas, cartola simpatizante de partido de extrema direita espanhol. O que, felizmente, não foi levado a sério tanto então como agora. O paralelo serve para o que têm feito sobretudo torcedores em diversos campos onde Vini Jr. se apresenta com o Real Madrid. O moço teve a petulância de mostrar-se incomodado com o racismo, desde a primeira ocasião em que isso ocorreu.
É comum pretos, asiáticos e sul-americanos engolirem em seco as mais duras ofensas, como se o destino deles fosse o da subserviência, como se fosse natural abaixar a cabeça, calar-se e fingir que nada aconteceu. São escravos bem pagos, do que pretendem reclamar?!
Vini Jr. rompeu, no futebol, a passividade diante dos intolerantes, como nos EUA, em diversos esportes já houve manifestações semelhantes de inconformismo. Por isso, é atacado e hostilizado; a intenção é atingir sua alma, destruir a autoestima, para que se coloque em seu lugar, faça o seu e não amole ninguém com o papo furado de igualdade racial. Não deve ter discurso politicamente correto.
Vinicius Jr. se revolta, parte para cima de torcedor e árbitro paralisa jogo de LaLiga por ofensas racistas
Mas Vini Jr. não pode abaixar a guarda agora; antes, deve seguir em frente, precisa de apoio dos colegas, dos amigos, de instituições internacionais que lutam pelos Direitos Humanos. Por mais que doa, deve tirar força ao sentir que são mais, muito mais, os que o admiram, respeitam e amam do que os imbecis que expõem suas vidas vazias e medíocres com coros que agridem seres melhores do que eles.
Mas, pensando bem, é uma loucura coletiva afirmar que se ouviram coros de “Macaco! Macaco!” contra Vini Jr. Seria a primeira vez na história que mulas, jumentos e burros falariam. Esses muares zurram e escoiceiam; não raciocinam, e precisam de arreios e freios para serem conduzidos em manadas. Enfim, não são gente, embora se assemelhem a seres humanos.
Espanhóis querem que Vini Jr. se cale, como um dia ordenou o rei Juan Carlos para Hugo Chavez. Chavez não se calou nem Vini vai
COMENTÁRIOS
Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.