O Paulistão iludiu o São Paulo
Vamos começar o texto como se deve, pela ordem lógica das coisas, apesar do que sugere a manchete: o Fortaleza esmigalhou o São Paulo, fez 3 a 1, na noite desta quarta-feira (14) e avança com méritos para a semifinal da Copa do Brasil. Terá a dura missão de encarar o Atlético-MG; porém, chega empolgado com a trajetória que faz na temporada de 2021, em todas as competições.
Ainda no foco do vencedor. O time cearense foi impecável praticamente o tempo todo. Abriu vantagem no primeiro tempo, com Ronald, e apostou no desespero do adversário. Deu pra lá de certo na etapa final. Henriquez fez o segundo e David consolidou a vaga nos descontos. Quase com os refletores desligados, Sara fez o gol de honra paulista.
O Fortaleza mostra que é a sensação do ano, o intruso entre a turma do Sudeste e do Sul na corrida por troféus na elite do futebol nacional. Pode não levar nada, mas tem feito um barulho sensacional.
Agora, vamos ao São Paulo, para justificar o título dado para esta crônica.
Elenco, direção, comissão técnica, torcida - todo o mundo tricolor fez festa, merecida e bonita, com o Estadual. A taça em cima do Palmeiras foi comemorada como Copa do Mundo, porque representava fim de jejum de 16 anos no torneio doméstico e a primeira vez no alto do pódio desde a Sul-Americana de 2012.
O episódio foi dissecado à exaustão, e ninguém deveria fazer qualquer objeção.
No entanto, ali ocorreu o mais novo engano do são-paulino, outro dentre tantos que comete há mais de uma década. O campeonato Paulista deu a falsa impressão de que o grupo sob o comando de Hernan Crespo tinha a aura daqueles famosos, que colecionaram Brasileiros, Libertadores, Mundiais com autoridade. Imaginou-se que, finalmente, o grande campeão estava de volta. Em cada posição, um craque.
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E a realidade mostra que não é bem isso. Ao contrário, as decepções na Libertadores, na Copa do Brasil e a situação delicada no Brasileiro revelam os limites do São Paulo e mostram que está longe de ser forte quando poderia supor.
O grupo não é ruim. Só que, ainda uma vez, não tem a harmonia, a confiança, a regularidade dos campeões. Vai bem até certo ponto. Na hora do aperto, quando precisa impor-se, falha miseravelmente, como nos duelos com o Fortaleza.
No Morumbi, viu escorrer nos últimos minutos a vantagem por 2 a 0 virar empate por 2 a 2. No Castelão, teve primeiro tempo mais ou menos, até levar o gol. Daí em diante foi se desmilinguindo, sem capacidade para organizar-se na defesa e na criação. O esquema com três zagueiros não funcionou e Crespo tratou de mudá-lo, quando a vaca ia para o brejo. O meio sumiu, com Igor Vinicius, Liziero e Benitez engolidos. (O trio saiu.). Rigoni e Éder foram decorativos na frente.
A direção do São Paulo jura de pés juntos que nada se altera com a desclassificação e põe fé no trabalho do treinador argentino. Acredito, com reservas. Porque cartolas, por mais bem intencionados que sejam, não costumam suportar muito a cornetagem de torcedores. E a chiadeira será grande, podem ter certeza.
Com apenas uma tarefa até o fim do ano, haverá pressão por resultados no Brasileiro. O São Paulo frequentou a zona de rebaixamento e está de novo muito perto do caldeirão. A história usada no Paulista, segundo a qual cada jogo era uma final de Copa do Mundo, será usada de novo.
Com uma diferença fundamental: antes, cada obstáculo superado significava aproximação do título, que veio. Agora, cada degrau que for alcançado, abrirá distância maior do descenso. Pouco, muito pouco para quem tinha altas pretensões em 2021.
O Paulistão iludiu o São Paulo
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