Domínio do Brasil na América do Sul é o maior de um país em seu continente na atualidade
Teremos mais uma final brasileira na Libertadores. O que muita gente imaginava foi confirmado após os 4 a 0 do Flamengo no Vélez Sarsfield na Argentina. Se o português Vítor Pereira, o técnico do Corinthians, disse que houve um choque de realidade após ser derrotado em casa pelo Flamengo, imagine o choque de realidade que os argentinos e os demais vizinhos sul-americanos estão encarando diante do poderio econômico atual do futebol brasileiro em termos continentais. Será o quarto campeão seguido de Libertadores com passaporte brasileiro: Flamengo (2019), Palmeiras (2020 e 2021) e Athletico-PR/Flamengo/Palmeiras (2022). É uma sequência recorde para o país, igualando a série de taças de Internacional (2010), Santos (2011), Corinthians (2012) e Atlético-MG (2013). E a tendência para os próximos anos é de um domínio ainda maior dos brasileiros, a série recorde deverá aumentar.
Veremos neste ano pela terceira vez consecutiva uma final brasileira. Foi Palmeiras x Santos em 2020 no Maracanã, Flamengo x Palmeiras em 2021 em Montevidéu e agora em Guayaquil talvez a repetição da decisão do ano passado, o que seria algo inédito (já tivemos mais de uma final Boca Juniors x Santos e Estudiantes x Nacional, mas não em anos seguidos). Talvez o Athletico Paranaense se torne neste ano o 11º clube brasileiro campeão da Libertadores, o que simbolizaria ainda mais o domínio nacional no continente (seria o primeiro título de um time que não está entre os chamados 12 grandes do Brasil no mais nobre torneio da Conmebol). A Argentina tem “apenas” oito clubes campeões da Libertadores, os cinco considerados grandes mais Argentinos Juniors, Estudiantes e Vélez Sarsfield. Na lista total de títulos da Libertadores, os argentinos estacionaram em 25 taças, e os brasileiros já computam agora 22 troféus. Essa troca de bastão no topo parece questão de pouco tempo. Se contarmos os títulos por país desde 1992, quando o São Paulo de Telê abriu uma nova era na Libertadores para o Brasil, que passou então a valorizar mais a competição continental, vemos 17 conquistas brasileiras e 14 de todos os outros países juntos. Os uruguaios, outrora competitivos, não conquistaram mais nenhum título.
Na temporada passada, também houve final brasileira na Copa Sudamericana. O Athletico ganhou seu segundo título do torneio ao superar Bragantino, uma decisão com dois times que viraram símbolo de boas administrações nos últimos anos. Neste ano, o São Paulo pode conquistar seu bicampeonato da Sudamericana ou podemos ver ainda um título inédito do Atlético-GO. A final em Córdoba no dia 1 de outubro deve ser contra o Independiente del Valle, clube que fez 3 a 0 na semifinal de ida contra o Melgar e que jogará fora de casa na prática na final, especialmente se a decisão for contra o São Paulo, cuja torcida deve promover uma invasão à Argentina (mais uma vez o fator econômico pesa nisso). São nove times brasileiros, muito possivelmente, na próxima edição da Libertadores. Quase metade dos clubes da Série A do Brasil disputam o principal título da América. Outros seis clubes do país jogam a Sudamericana na condição de fortes candidatos. A melhor campanha da fase de grupos da atual Sudamericana foi do Ceará, que deixou o “Rey de Copas” Independiente fora do caminho. O Dragão eliminou dois tricampeões da Libertadores na sua jornada até a semifinal da Sudamericana: Olimpia e Nacional.
Nunca a América viu um Flamengo e um Palmeiras tão fortes. O rubro-negro, dono da maior torcida e do maior faturamento do país mais rico da América do Sul, está na sua terceira final de Libertadores em quatro anos. O Palmeiras, que vive talvez a sua era mais dourada e endinheirada, estabeleceu o recorde de partidas sem derrota na Libertadores (18 jogos, empatado com o Atlético-MG, que também lucra com seu momento de maior investimento) e também a maior série sem perder como visitante (completou 20 jogos e, agora, caiu enfim na Arena da Baixada). Flamengo e Palmeiras tinham apenas um título da Libertadores até poucos anos, mas agora ameaçam criar uma hegemonia no torneio que ameaça os maiores campeões da história (o Boca Juniors tem sido sistematicamente eliminado por brasileiros e já não ganha a Libertadores desde 2007). O River Plate de Marcelo Gallardo, o melhor clube da América na década passada, não consegue competir financeiramente com os times mais poderosos do Brasil. Na final de 2019, o então presidente do River Plate, Rodolfo D’Onofrio, destacou que o Flamengo faturava dez mais vezes de TV do que seu clube. O abismo no continente é real!
Agora que está bem claro o domínio dos clubes brasileiros na América do Sul, vamos mudar o foco para outros continentes. No momento, nenhum outro país do mundo possui uma hegemonia como a brasileira em sua região. Na Concacaf, após 16 anos de domínio mexicano na Concachampions, o Seattle Sounders ficou com o título e vai jogar o Mundial de Clubes. Já na África, o Wydad, tradicional time marroquino de Casablanca, acabou com o império do Ah Ahly, popular clube egípcio que é o maior campeão africano. Na Ásia, os últimos três campeões são de três países diferentes: Japão, Coreia do Sul e Arábia Saudita. O Urawa Red Diamonds já está na final, onde talvez não esteja o campeão vigente da disputa: o saudita Al Hilal. Na Oceania, o detentor do título no momento é o de quase sempre, o Auckland City, da Nova Zelândia. Mas o campeão anterior era o Hienghène Sport, da Nova Caledônia. Nos dois últimos, a pandemia parou a bola lá.
Se formos para a Europa, onde o futebol tem seu maior nível e onde é mais díficil exercer um domínio por muito tempo, temos três países diferentes vencendo a principal taça nos últimos três anos. Alemanha (Bayern de Munique-2020), Inglaterra (Chelsea-2021) e Espanha (Real Madrid-2022) venceram a Champions League recentemente. Na Liga Europa, os espanhóis vinham doutrinando em termos de títulos, notadamente com o Sevilla, mas o Eintracht Frankfurt, da Alemanha, ganhou a última final em cima do Rangers, da Escócia. Ingleses endinheirados ficaram com os títulos do torneio em 2013 (Chelsea), 2017 (Manchester United) e 2019 (Chelsea). A primeira edição da Conference League foi vencida pela Roma de José Mourinho. Um clube italiano não vencia um torneio oficial da Uefa desde 2010, quando a Inter de Milão de Mourinho conquistou a Champions. Ou seja, estamos vendo na Europa muita disputa em todos os torneios, com clubes de vários países sonhando com o sucesso maior. Alguns times com muito investimento, casos de Manchester City e Paris Saint-Germain, ainda não conseguiram o troféu dos sonhos mesmo com toda a gastança recente. O dinheiro faz diferença em qualquer parte do mundo, mas é na América do Sul que o abismo econômico está levando cada vez mais a um “clubinho privê” de campeões.
Eu sairei de férias neste setembro e vou dar uma parada nesse período com o blog. Já viajarei sabendo que o campeão da Libertadores será de novo brasileiro. Resta saber se o campeão da Copa Sudamericana também será do nosso país. E se o Brasil conseguirá estender esse domínio na América do Sul para a Copa do Mundo no final do ano e para o Mundial de Clubes em 2023.
Domínio do Brasil na América do Sul é o maior de um país em seu continente na atualidade
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