Holanda treina contra o Qatar, não apresenta sinal de melhora e festeja só tabu e gols de Gakpo
A Holanda, como era esperado, terminou em primeiro lugar no grupo A. E a seleção laranja, como não era esperado, não jogou absolutamente nada até aqui na Copa do Mundo do Qatar. Não mereceu vencer Senegal (que avançou às oitavas de final em segundo lugar), não mereceu empatar com o Equador (que foi tristemente eliminado) e não mereceu golear o Qatar, o pior anfitrião da história dos Mundiais. A festejar, apenas os gols e as marcas de Gakpo, ainda jovem estrela do PSV que merecidamente ganhou vaga de titular e anotou gol nas três partidas. Ele é o primeiro holandês a conseguir tal feito em Copas e igualou até o número de gols do lendário Cruyff no torneio (o melhor jogador do Mundial de 1974 atuou apenas naquela edição, na Alemanha). E um detalhe: Gakpo fez gol de cabeça, com o pé esquerdo e com o pé direito. Só Sneijder, dentre os holandeses, alcançou tal proeza (em 2010, na África do Sul).
Os 2 a 0 em cima da seleção da casa deram sono em uma Copa que teve vários empates sem gol. O Qatar não tinha qualidade nem coragem de atacar a Holanda, e a equipe de Van Gaal, muito preguiçosa, pareceu desde o início se poupar para as oitavas. O problema maior é que a sensação que os holandeses passam é de estarem se poupando na Copa desde o início. Além de problemas e limitações, o time de Memphis Depay mostra uma apatia, uma falta de atitude, o que pode tornar qualquer confronto decisivo (contra Estados Unidos, Irã ou País de Gales) em algo perigoso. Ao menos a Holanda manteve o tabu de sempre avançar nas fases de grupo nas Copas. Agora, são nove classificações nas primeiras fases e podemos colocar outras duas classificações nas segundas fases dos Mundiais de 1974 e 1978 (o regulamento tinha esse sistema). Nenhuma outra seleção com mais de uma participação em Copas possui 100% de classificações em fases de grupo.
Memphis Depay começou como titular desta vez
no ataque, uma prova de que ele está melhor de sua lesão. Foram 30 minutos na
estreia e outros 45 minutos na segunda rodada para o atacante do Barcelona.
Contra o frágil Qatar, no entanto, Memphis foi uma figura discreta e errou
alguns lances de forma displicente. Eu ainda continuo com muitas dúvidas sobre o
potencial de Memphis, um jogador de fato dotado de boa técnica, mas que carece
de mais competitividade, mais contundência. Em defesa dele, posso dizer que ele
também não tem um parceiro de elite. Gakpo tem sido uma melhor opção ofensiva
do que Bergwijn, que vive uma fase ruim e nem atuou no duelo contra a seleção
anfitriã.
Gakpo aproveitou uma boa trama ofensiva, um passe de Klaassen e um buraco na defesa do Qatar para marcar com o pé direito aos 26 minutos do primeiro tempo o gol de abertura do placar. Essa vantagem não mudou em nada o panorama lento do jogo. O Qatar continuou tímido e com quase todo mundo atrás da linha da bola, e a Holanda ficou tocando a pelota sem pressa e sem muita objetividade. Nas duas primeira rodadas, a seleção laranja só criou mais chances claras de gol do que a Costa Rica, uma vergonha para uma equipe que historicamente é associada a um jogo ofensivo e vistoso.
O
gol de Gakpo foi o de número 90 da Holanda nas Copas. O gol 91 sairia só aos 4
minutos da segunda etapa. Frenkie de Jong aproveitou rebote do goleiro Barsham
após chute de Memphis e só empurrou para as redes. O bom volante do Barcelona,
que participou bem da estreia do time, marcou pela Holanda após 1.180 dias (ele
fez apenas o seu segundo gol pela seleção, o outro foi contra a Alemanha em setembro
de 2019). De Jong jogou um pouco mais adiantado na partida contra o Qatar.
A defesa passou batida mais uma vez, levou
apenas um gol do Equador nesta fase de grupos. O goleiro Noppert, uma aposta de
Van Gaal para esta Copa, não comprometeu, mas deixou escapar de forma perigosa
uma bola que encaixou contra o Qatar. Van Dijk, que foi criticado por Van
Basten pelo gol sofrido contra o Equador (muita gente condena a estratégia de
Van Dijk de não dar bote), ficou tranquilo quase o jogo todo na sobra. Aké, o seu
parceiro pela esquerda, faz um bom Mundial, porém levou um tolo cartão amarelo entrando
forte em lance no campo de ataque. Timber foi mais uma vez o zagueiro pela
direita (De Ligt atuou apenas na estreia contra Senegal, muito pela estatura do
rival). Na volância, De Roon atuou desta vez desde o início (ele também tinha um
problema médico no começo da Copa), dando mais liberdade assim para De Jong
avançar. Klaassen voltou a atuar entre o meio e o ataque, e ele tem se
entendido bem com Gakpo, servindo mais uma vez o companheiro. Nas alas,
Dumfries e Blind continuam devendo, oferecendo pouco apoio efetivo ao ataque do
time.
Van Gaal, que continua invicto em jogos de
Copa (são sete vitórias e três empates, contando com o Mundial de 2014, no
Brasil), deu sorte no sorteio, pois o grupo com o Qatar como cabeça de chave
foi uma bênção, assim como também pode ser o jogo de sábado que abre as oitavas
de final. Por mais que o experiente técnico continue otimista e defendendo sua
equipe, não há muita animação e otimismo na torcida holandesa. Malacia deveria
ter mais minutos na ala esquerda. Noa Lang e até Xavi Simons poderiam ter tido
alguma chance nesta fase de grupos. Mas Van Gaal tirou do banco de reservas Koopmeiners (que não foi bem contra o Equador), Janssen (que não foi bem
contra Senegal), Berghuis (que mandou uma bola no travessão contra o Qatar),
Weghorst (o grandalhão da área que está à frente de Luuk de Jong) e Taylor
(jovem meio-campista do Ajax).
Não sei se Gakpo (um dos artilheiros da Copa junto com Mbappé e Enner Valencia) anotará o gol de abertura do placar nas oitavas, como ele fez nos três primeiros jogos da Holanda no Qatar. Não sei como a equipe laranja vai reagir se estiver atrás no marcador, coisa que aconteceu nas oitavas da Eurocopa, quando veio a última derrota da equipe (diante da República Tcheca). O que eu posso dizer é que, se esta Holanda atual for campeã do mundo, será uma das grandes surpresas da história das Copas e um tapa na cara das tantas gerações bacanas e admiradas que a seleção laranja já teve e que já enviou para os Mundiais de futebol.
Holanda treina contra o Qatar, não apresenta sinal de melhora e festeja só tabu e gols de Gakpo
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