Raphael Veiga guia o Palmeiras em outra goleada. Mas não tem nível para defender a seleção
Há hoje, no Brasil, dois jogadores que mantêm regularidade admirável: Hulk e Raphael Veiga. Ambos são determinantes para o sucesso de Atlético-MG e Palmeiras, respectivamente, e não é de agora. Em situação normal, seriam nomes certos em qualquer lista da seleção brasileira. Mas, pelo visto, parece que não “têm nível” para vestir a amarelinha sob o comando de Tite.
Deixo o Hulk um pouco de lado, pois ele pelo menos teve o gosto de disputar um Mundial, aquele de 2014 e de triste memória. Digamos, até, que está estágio bem avançado na carreira e tem uma trajetória louvável. Concentro-me no Veiga, 27 anos a serem completados em 19 de junho. Está naquela fase de maturidade, quando se firmam os grandes jogadores. Ideal, até, para uma Copa.
Este sonho, porém, não está ao alcance dele - a não ser que ocorra algo muito, muito estranho e fora do normal, uma reviravolta nas convicções do treinador. Veiga joga o fino da bola no Palmeiras, sem que isso mova um músculo da face de Tite. Não adianta fazer gols de todas as formas; pouco valem os passes, as assistências, os dribles, as tabelas; valor quase zero tem sua postura correta e disciplinada. Veiga, ao que tudo indica, não tem o perfil do atleta ideal para representar o País.
Raphael Veiga anotou hat-trick contra o Independiente Petrolero; VEJA todos os gols
“Ah, mas no lugar de quem ele iria?”, perguntam, aflitos, os recém-defensores de Tite. Sei lá no lugar de quem. Eu diria de qualquer um, porque lugar tem - basta o técnico desejar, acreditar e lhe dar uma oportunidade. Não digo que são cabeças de bagre os que têm sido regularmente chamados. No entanto, não vejo também nenhum foram de série intocável. Ok, ok, Neymar e mais nenhum.
Veiga é fruto do nosso vira-latismo endêmico. Como não joga na Europa, então não ostenta o rótulo de “selecionável”. Porque há muito vivemos um fenômeno que só escancara o complexo de inferioridade: passamos a acreditar no valor de nossas crias apenas quando batem asas e vão para “centros mais desenvolvidos”. Parece, também, que virou uma atitude antipatriótica, uma ofensa, elogiar quem joga no Brasil e imaginá-lo com a camisa da seleção. Que coisa!
Lembram do Artur? Comia a bola no Grêmio, todos o queriam na seleção e nada. Bastou ir para o Barcelona que, na sequência, foi chamado. Como se duas ou três partidas na Espanha o tivessem transformado em um galáctico. Tá bem, hoje está mais para fogo de palha na Juventus. Mas eu o usei só para reforçar minha tese. Não está na Europa? Então, meu filho, nada feito. Ficar no Brasil é mau sinal.
E assim, como um ‘jogadorzinho de clube”, Raphael Veiga comanda o Palmeiras em grandes jornadas. Nesta terça-feira (3 /5) fez os três primeiros gols nos 5 a 0 sobre o Independiente Petrolero, na Bolívia. Saiu aplaudido até por torcedores rivais. Saiu de cabeça erguida, discreto. Sem alarde, já tem duas Libertadores no currículo e é o maior artilheiro do time na história da competição. E não faz gols só contra rivais fracos. Veiga marcou no Brasileiro, na Copa do Brasil, no Mundial, no Estadual, contra os mais diversos tipos de oponentes. Ou seja, é bom sempre, contra qualquer um.
Mas infelizmente “não é jogador de seleção”, pois não joga no planeta Europa.
Raphael Veiga guia o Palmeiras em outra goleada. Mas não tem nível para defender a seleção
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