Como explicar as quedas de Southampton, Leeds e Leicester
Um olhar mais atento para a pontuação final da temporada 2021/22 ajudaria a explicar o rebaixamento do Leeds. A vitória, já na última rodada, diante do Brentford, por 2 a 1, fez o brasileiro Raphinha atravessar o campo do Brentford Community Stadium de joelhos. O Leeds havia escapado. É verdade que o empate já bastava, mas, já nos acréscimos, o gol marcado por Jack Harrison trouxe o alívio. Caíram Burnley, Watford e Norwich na temporada passada e, na atual, o Leeds.
Os próximos passos do clube, que um dia, não tão distante assim, foi treinado por Marcelo Bielsa, dependem muito das próximas mexidas no tabuleiro de Andrea Radrizzani. A popularidade do proprietário do Leeds é perto de zero e é esperado que ele negocie parte do clube. Se ele sair, o torcedor ficará um pouco mais aliviado.
Southampton e Leicester passaram longe de qualquer tipo de constrangimento na tabela de classificação em 21/22. Longe disso. Os Saints deixaram a competição de lado quando bateram o Arsenal, ainda na rodada 33, mais de um mês antes da última rodada da Premier League. Talvez o único sinal mais claro era o de que o trabalho de Ralph Hasenhuttl havia chegado ao fim. A direção demorou a entender e acabou tateando soluções com o austríaco por mais cinco meses. A comissão técnica foi trocada e mais analistas contratados, mas o trabalho não chegava a ser o rascunho do que fora com o "Klopp dos Alpes".
A voz de Hasenhuttl parecia estar abafada e ele mesmo já havia reclamado cansaço e insatisfação com a profissão. A ideia de jogo não era vista em campo. Os novos proprietários romperam com um treinador que havia conquistado a cidade e apostaram em um treinador que teve dificuldade com os torcedores, direção, jogadores e se complicava até mesmo nas entrevistas. Nathan Jones permaneceu no cargo por apenas três meses, incluindo o período de Copa do Mundo. Perdeu sete dos oito jogos de Premier League que disputou. Ruben Selles fez o que pode, mas pode muito pouco e o rebaixamento veio. A diferença de pontos conquistados de um ano para o outro (15 pontos a menos de uma temporada para a outra) mostra que a gestão do clube bobeou muito pelo menos em dois pontos importantes: não ter substituído Ralph Hasenhuttl na hora certa e ter colocado um técnico sem a experiência necessária de Premier League no meio de uma temporada.
Os problemas que levaram o Leicester a cair são muitos, mas dá para cravar que o clube não conseguiu se adaptar à exigência de redução de gastos e adequação de salários. O Leicester foi mais um clube que tentou e conseguiu, na era moderna da Premier League, chegar perto do desempenho do grupo chamado de Big Six. Campeão em 2015/16, o clube ainda levantou, pela primeira vez em 137 anos de fundação, a cobiçada taça da Copa da Inglaterra, em 2020/2021.
A visão do antigo líder Vichai Srivaddhanaprabha era de investimento e ele estava conseguindo. O dia 27 de outubro de 2018 trouxe uma cicatriz enorme na cidade, nos jogadores e em todo o clube, mas a queda do helicóptero e consequente morte de Vichai não explica tudo, já que mesmo sem ele o clube continuava conquistando. A queda de receitas com a pandemia e a falta de novas grandes vendas de jogadores fez o caixa balançar. Se nos anos anteriores Kanté, Mahrez, Maguire, Drinkwater e Chilwell saíram, no ano da pandemia não bastava vender Fofana para o Chelsea. Os relatórios de controle de custos da UEFA indicavam que o Leicester gastava 85% de suas receitas com salários e precisava se adequar para atingir a meta saudável de 70%. Estava longe.
A saída do goleiro Schmeichel aliviava a folha, mas deixava uma posição antes incontestável nas mãos de dois goleiros que não se provaram na Premier League. Ward e Iversen não dera conta do recado. Apenas o zagueiro Faes foi contratado na janela de verão e Brendan Rodgers não poupava críticas ao seu elenco. Sem reforços, sem confiança e depois também sem Rodgers. Mesmo tendo um complexo esportivo avaliado em mais de 100 milhões de libras e jogadores como Maddison, Castagne, Luke Thoma, Drewsbury-Hall, Tielemans e Barnes o Leicester caiu. Ficou longe do oitavo lugar conquistado na temporada anterior e quando percebeu já estava lutando contra o rebaixamento.
Nunca é possível explicar títulos ou quedas com apenas uma justificativa. Southampton, Leeds e Leicester estarão na segunda divisão já em agosto e muitos jogadores que caíram acabarão em outros clubes de Premier League. Saber negociar vai ajudar a encontrar os caminhos de volta. Se os três clubes precisarem de exemplos, basta observarem como o Burnley fez. Caiu em uma temporada e voltou como campeão na outra. Resta saber se tem algum outro técnico como Vincent Kompany dando sopa por aí.
Como explicar as quedas de Southampton, Leeds e Leicester
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